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Miro Palma
Publicado em 30 de agosto de 2017 às 06:00
- Atualizado há um ano
Quando Vagner Mancini foi confirmado como técnico do Vitória, no dia 25 de julho, o rubro-negro tinha conquistado apenas 12 pontos em 16 rodadas disputadas e era o vice-lanterna do Brasileirão da Série A. A equipe, que já tinha passado pelas mãos de treinadores como Argel Fucks, Petkovic e Alexandre Gallo - devido ao péssimo planejamento da diretoria -, sofria com a falta de organização dentro de campo. O Leão havia feito 16 gols e tomado 29.
Em somente seis partidas com Mancini no comando, o Vitória já somou 13 pontos e tem um aproveitamento de 72%. São quatro triunfos, um empate e uma derrota, com sete gols marcados e dois sofridos. Acima de tudo, o técnico fez a equipe criar uma identidade, com um sistema defensivo difícil de ultrapassar e contra-ataques rápidos. Era preciso acertar a defesa, parar de levar gols e Mancini, experiente, sabia bem disso.
O campeonato está longe de terminar e é muito traiçoeiro, especialmente pelo fato de ser tão equilibrado. O Leão tem uma trilha difícil e ainda precisa se mostrar forte dentro do Barradão, lugar onde conta com o apoio da torcida e é obrigado a propor o jogo. Com o time fora da zona de rebaixamento, no entanto, o clima já fica mais leve e a tendência, com isso, é ver os jogadores mais comprometidos com a proposta de Mancini.
Infelizmente, o mesmo não podemos falar do Bahia. Desde a saída de Guto Ferreira para o Internacional, logo após a terceira rodada, a equipe se transformou em campo. As transições rápidas deram lugar ao toque de bola proposto por Jorginho. Com Preto Casagrande, a marcação alta deixou de existir e o tricolor passou a esperar o erro do adversário no setor defensivo. Uma mudança tão drástica de estilo só poderia resultar na irregularidade que hoje acompanhamos.
Todos têm uma parcela de culpa, mas, nesse caso, a maior dela está com a diretoria comandada por Marcelo Sant’Ana, Pedro Henriques e Diego Cerri. Jorginho foi demitido depois da derrota por 3x1 contra o Sport, pela 17ª rodada. Naquele momento, ainda restavam 21 partidas para o término do campeonato e a maioria dos treinadores desempregados no futebol brasileiro aceitaria esse desafio de acertar o time mesmo durante a competição. Havia tempo.
A insegurança dos dirigentes é tanta que Preto Casagrande, como interino, já somou cinco partidas (duas vitórias, duas derrotas e um empate) à frente do grupo. E hoje faltam só 16 jogos para o fim do Brasileiro. Treinadores com bom currículo no cenário nacional preferem aguardar a temporada 2018 - e eles estão certos - e, enquanto isso, sobram os emergentes, que precisariam aceitar um contrato de quatro meses, já que em dezembro o Bahia passará por eleições presidenciais e um vínculo longo com qualquer técnico, nesse contexto, seria no mínimo antiético.
Com todo respeito à história de Preto Casagrande - um grande vencedor no mundo da bola, principalmente no tricolor -, não é o momento dele assumir uma equipe como o Bahia em um campeonato tão importante como a Série A. Sua vontade de crescer é admirável e a forma como gere o grupo, ao menos daqui de fora, parece ser correta. Todavia, o futebol atual exige muito mais. Fábio Carille, contemporâneo de Preto e hoje técnico de sucesso no Corinthians, trabalhou como auxiliar de 2008 a 2016, participando de títulos como a Copa do Brasil, Brasileirão, Libertadores e Mundial. Dá para entender a diferença?