'Lula deve disputar e perder para encerrar de vez o mito', diz Dória

Por Jairo Costa Júnior

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  • Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2017 às 17:33

- Atualizado há um ano

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O prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), desembarcou em Salvador na tarde desta segunda-feira (07/07) para receber o título de Cidadão Soteropolitano e assinar acordo de cooperação com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Antes, visitou a Rede Bahia, onde foi recebido pelo presidente do grupo, Antonio Carlos Júnior, diretores e executivos da empresa. Acompanhado por uma comitiva de políticos do PSDB baiano, Doria conversou com a Satélite sobre Cracolândia, legalização da maconha, proximidade com a Bahia, Lula, PT, Lava Jato, crise política e, óbvio, 2018. A seguir, principais trechos do bate-papo.

Polêmica da política antidrogas "A Cracolândia era um problema de 20 anos que ninguém resolvia. Era um shopping a céu aberto de drogas com funcionamento 24 horas por dia. Não só de crack, mas de cocaína, heroína, ecstasy... As pensões, verdadeiras pocilgas, foram desmanteladas. Não acabou com o comércio de drogas, mas reduziu muito. Aquela área, tínhamos dados que mostravam isso, comercializava R$ 180 milhões anuais em drogas. Depois de nossa intervenção, esse faturamento caiu dois terços. Prendemos 57 traficantes e um chefe. Esse é meu lado baiano. Disse que enfrentaria isso na campanha e o fiz".

Legalização da maconha "Sou absolutamente contra. Comigo não! Zero hipóteses de apoio a legalização da maconha. A nossa gestão tem dado bons resultados em recuperação terapêutica, embora seja um trabalho a longo prazo. Com a ajuda do setor privado, estamos perto de criar o programa Trabalho Novo, que será voltado à reinserção de dependentes químicos e pessoas em situação de rua no mercado de trabalho".

Balanço da gestão "Fernando Haddad (ex-prefeito de São Paulo pelo PT), embora eu não goste do PT e manifestei isso publicamente no auge do mensalão, não é desonesto. É mau gestor. Deixou um déficit que, quando assumir a prefeitura, era de R$ 7,2 bilhões. Não fico falando mal do que passou. Fomos em frente. Fizemos cortes, contingenciamento de recursos, extinguimos 11 mil cargos comissionados e chamamos a iniciativa privada a contribuir com a cidade de São Paulo. E ela deu apoio. Vem dando muito certa a parceria com o empresariado".

Público x privado "A diferença entre os setores públicos e privado, onde construí minha trajetória profissional, está na burocracia e na lentidão. Mas há jeitos de contornar esses problemas. Por exemplo, tínhamos em São Paulo uma briga história de 60 anos entre a União e o Município sobre a área do Campo de Marte (primeiro aeroporto de São Paulo). Nenhum dos meus oito antecessores conseguiram resolver. Em poucos meses, conseguimos solucionar e, ontem, o presidente Michel Temer fechou conosco um acordo para criar um parque em parte do terreno, sem conflitos, com base somente no diálogo. Essa é a diferença da gestão moderna para a antiga".

Governo em crise e reformas "Politicamente, a fase mais dura do governo Temer já passou, com o resultado da votação de semana passada. Agora, é olhar para as reformas, que são fundamentais para a economia do país. É preciso trazer paz para o Brasil". 

Lava Jato "O procurador-geral Rodrigo Janot, com todo respeito ao trabalho que realizou, está passando. Ele está perto da aposentadoria. Terá um novo momento, com uma nova gestão na Procuradoria. Mas a Lava jato é importante e deve continuar, ser respeitada. Não há hipótese de se ir no caminho contrário. Ela passou o Brasil a limpo".

Lula e o PT "Acho que Lula deve disputar e deve perder, para encerrar de vez por todas o ciclo do mito. Quem sabe, não mais como Lula, e sim como Luiz Inácio, ele passe uma temporada em Curitiba". 

Candidatura em 2018 "Sou prefeito eleito e estou no meu primeiro mandato na vida pública. Sai de 2% e venci no primeiro turno com 53%. Tenho missão, responsabilidade e voz na prefeitura de São Paulo".

ACM Neto "O prefeito de Salvador, digo isso por onde passo no Brasil, é um dos maiores valores da política brasileira. Criado na Bahia, mas de nível nacional. É competente e bem avaliado, mesmo tendo trabalhado em um ambiente hostil. Qualquer candidato a presidente de República quer ter ACM Neto ao lado".  

Ligações familiares com a Bahia "ACM se tornou um dos grandes amigos do meu pai e vice-versa. Depois que ele teve o mandato cassado pela Ditadura e foi exilado, ambos se aproximaram muito e tiveram uma relação fraterna na parte mais atribulada da vida de meu pai, quando ele havia perdido tudo e voltou à Bahia para se candidatar a deputado federal numa campanha revolucionária, com jingle feito pelo lendário Cuíca de Santo Amaro".

Título de cidadão "Estou muito feliz por receber o título de Cidadão Soteropolitano. Sou filho e baiano e sempre digo que me sinto meio baiano".