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'Eu sou de Iansã e este ano é dela': modelo transgênero, Awalla Brasil se encontrou no mundo da arte

Awalla foi uma das 12 selecionadas para desfilar no Afro Fashion Day 2025

  • Foto do(a) author(a) Maria Raquel Brito
  • Maria Raquel Brito

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 06:30

Awalla Brasil desfilou e ficou entre os 12 modelos selecionados
Awalla Brasil desfilou e ficou entre os 12 modelos selecionados Crédito: Maria Raquel Brito/CORREIO

Antes de um momento decisivo, é comum sentir frio na barriga. Aquele nervosismo insistente, a ansiedade pelo grande acontecimento. Se algum pensamento desse tipo passava pela cabeça de Awalla Brasil durante a seletiva para o Afro Fashion Day nesta terça-feira (14), não havia nenhum sinal.

“Eu pego amizade fácil. Tem muita gente aqui que não conheço, mas sou tagarela e viro amiga rápido. Não tem rivalidade”, diz. Com um sorriso largo, a modelo de 19 anos treinava suas poses, carões e os detalhes de cada passo ao lado de outras candidatas a uma das dez – que se tornariam 12 – vagas na passarela mais negra do Brasil. E deu certo: Awalla foi a segunda a ser selecionada.

Foi a terceira vez dela nas seleções para o AFD. Na primeira, em 2022, tentou no susto. Descobriu o evento no último dia de seletivas e decidiu se jogar. No ano seguinte, foi novamente, mas também não deu certo.

Seletiva aconteceu nesta terça (14) por Florian Boccia

Na terceira vez, teve frio na barriga, mas Awalla seguiu a vida. Até que um dia saiu para comprar pão e seu celular começou a pipocar com mensagens de parabéns. “Eu pensei: ‘meu Deus, eu passei mesmo. Nossa, de novo eu lá’”, brinca.

Se nos primeiros anos estava confiante, neste ela mostrou que estava acompanhada de proteção divina. “Eu sou de Iansã e este ano é dela, mamãe me abençoou muito”, diz. O visual novo, com a cabeça raspada substituindo o cabelão que usava na seleção do ano passado, também foi por conta da religião, do processo de iniciação pelo qual passou recentemente.

Modelo e artista transgênero, Awalla carrega uma conexão com a moda desde pequena. Colocava lenços na cabeça e fingia que eram longas madeixas, pintava as unhas, fazia a própria maquiagem. O medo de expressar estava sempre ali, mas a vontade de se libertar era ainda maior.

“Eu vivia fazendo peças de roupas que eu via e queria usar, mas era tudo muito negado para mim por ser uma uma menina trans. A sociedade me julgava muito, então acabava que eu sempre expressava esse meu lado dentro de casa, na casa dos meus avós principalmente”, conta.

Hoje, diz que o Afro Fashion Day é um dos fatores essenciais para que essa potência dentro dela atinja força total. “Ver que agora isso está acontecendo e que eu posso ser realmente quem sempre fui é gratificante. Usando o que eu amo, trajada de tudo o que eu sou. É muito revolucionário uma mulher trans que é rapper, candomblecista e de periferia conseguir chegar nesse lugar de reconhecimento”, diz.

O Afro Fashion Day 2025 é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Avon, Bracell e da Neonergia Coelba, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e Sebrae e apoio da Claro, Salvador Bahia Airport, Shopping Barra, Sotero Ambiental e Wilson Sons e parceria com a Melissa.