Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Luiza Gonçalves
Publicado em 2 de dezembro de 2023 às 05:00
A África é o segundo continente mais populoso da Terra, com aproximadamente um bilhão de pessoas, cerca de um sétimo da população mundial, alocada em 54 países. Sua história é rica e complexa, marcada por diferentes períodos históricos, e dela resultaram as diásporas que se estendem pelo mundo e influenciam na formação e cultura de muitos países do planeta, incluindo o Brasil. >
Mas, ainda existe uma noção meio vaga a respeito das distintas culturas que formam esse conjunto de africanidades. E mesmo que isso já não seja mais admissível, a tendência permanece sendo colocar tudo num grande balaio ao pensar numa África uniforme, dona de uma única cultura, e não nas múltiplas partes que a compõem.>
Essa reportagem tem como objetivo apresentar uma mostra, ainda que pequena, da diversidade do continente africano apresentando alguns elementos populacionais, geográficos e culturais de seus países.>
Considere como um primeiro mergulho num oceano de referências, potências, semelhanças e diferenças que juntas formam o berço da humanidade.>
África Setentrional: Egito, Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos >
África Ocidental: Burkina Faso, Benin, Togo, Gana, Costa do Marfim, Libéria, Serra Leoa, Guiné, Guiné-Bissau, Senegal, Cabo Verde e Gâmbia>
África Central: Chade, Camarões, República Centro-Africana, Guiné Equatorial, Gabão, São Tomé e Príncipe, Congo, República Democrática do Congo e Angola>
África Oriental: Eritreia, Djibuti, Sudão do Sul, Etiópia, Somália, Quênia, Uganda, Ruanda, Tanzânia, Burundi, Seychelles, Comodoro, Malawi, Zâmbia, Zimbabwe, Moçambique, Ilhas Maurícias e Madagascar>
África Meridional: Namíbia, Botswana, África do Sul, Lesoto e Essuatíni (antiga Suazilândia)>
Na sua geografia o continente africano é múltiplo em climas, biodiversidade e até mesmo nos fuso-horários. O clima desértico do Saara ou tropical das savanas são os mais lembrados, porém é possível até nevar no inverno como nas regiões montanhosas do Marrocos. Com flora diversificada, o continente africano também é marcado por áreas protegidas, como o Parque Nacional Serengeti, na Tanzânia, o Parque Nacional Kruger, na África do Sul e o Parque Nacional de Virunga, no Congo.>
Muitos elementos da culinária africana fazem parte do nosso repertório baiano, como azeite de dendê, quiabo, raízes como mandioca e inhame, pimentas, peixes e especiarias. No continente há o consumo também de carnes de caça, como javali e antílope. Há grande procura por frutos do mar diversos nas regiões costeiras e insulares, e o consumo de peixes de rio como bagre. Nos países de população muçulmana o consumo é de carne Hallal. Descartam uso de nozes, grãos, castanhas e flores, como na bebida Déguê, que é uma mistura de iogurte com grãos de Mils e do Bissap, e suco de hibisco com noz moscada, água de flor de laranja e outros ingredientes, ambas do oeste africano. Cuscuz, legumes, carne de cordeiro e frutas secas são típicas do norte africano. Um exemplo é o Koshari, refeição egípcia vegetariana de arroz, lentilhas, macarrão, alho e grão de bico, reunidos por um molho de tomate picante e recheados com cebola frita.>
A história das artes é atravessada pela influência africana que vem da antiguidade, nas esculturas em bronze do Reino de Benin, pinturas religiosas nas igrejas de Lalibela e as tecelagem de tapetes berberes com padrões tradicionais. Na atualidade, a efervescência cultural se manifesta na música, em ritmos como o afrobeat, benga, kizomba, tuareg blues. No cinema, destaque para indústrias como Nollywood, ou eventos como Festival Panafricano de Cinema e Televisão de Ouagadougou, em Burkina Faso. Na literatura, destaque para nomes como Wole Soyinka, Chimamanda Ngozi Adichie, Nawal El Saadawi e Paulina Chiziane.>
A história do continente é protagonizada por grandes civilizações que contribuíram significativamente para o desenvolvimento cultural, científico, social, econômico e político mundial. O Egito, uma das civilizações mais antigas da humanidade, contribuiu na arquitetura, medicina matemática e astronomia. O Império Mali foi uma potência comercial e cultural nos séculos XIII e XIV. Em seu território, a cidade de Timbuktu era um importante centro de aprendizado e seu 10º imperador Mansa Musa, o homem mais rico de toda a história, foi fundamental para o comércio transaariano.O conhecimento das civilizações antigas reflete na presença de grandes intelectuais na atualidade, como Cheikh Anta Diop e Valentin Mudimbe. Além disso, líderes como Nelson Mandela e Samora Machel marcaram o continente por sua luta contra o colonialismo e o apartheid.>
Estima-se que haja de 1.250 a 2.000 línguas diferentes na África, fruto da diversidade grupos étnicos e comunidades linguisticamente distintas. O Congo é conhecido por ser o país com a maior diversidade, com 200 línguas sendo a mais popular o Suaili. Já o árabe é falado em países como Egito, Argélia, Marrocos, Sudão e Tunísia. Veja outras línguas faladas:>
Hausa: Nigéria e em países vizinhos>
Iorubá: Nigéria, Benin e Togo>
Zulu: África do Sul>
Amárico: Etiópia.>
Xhosa: África do Sul>
Francês: Senegal, Mali, Costa do Marfim, Burkina Faso, Níger, Togo, Benin, Guiné, Mauritânia, Mali, Chade, Camarões, Gabão, Congo, Argélia, Marrocos>
Português: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau>
Espanhol: Guiné Equatorial>
Inglês: Nigéria, Gana, Quênia, África do Sul, Uganda, Zimbábue, Malawi, Zâmbia, Libéria, Serra Leoa, Botsuana e Essuatíni>
A África abriga uma ampla variedade de crenças e tradições espirituais, porém o islamismo aparece como a religião mais praticada no continente. Países como Egito, Nigéria, Argélia, Sudão e Marrocos têm populações muçulmanas consideráveis. Dentre as crenças tradicionais africanas, as de tradição ashanti (Gana), yoruba (Nigéria, Benin, Togo) e akan (Gana, Costa do Marfim) se destacam. O cristianismo é praticado em muitas partes da África, com denominações que incluem catolicismo, protestantismo e ortodoxia etíope. Também podem ser encontrados: hinduísmo e sikhismo, como na Ilha Maurício, e judaísmo, a exemplo da comunidade judaica na Etiópia, que é conhecida como Beta Israel.>
Até janeiro de 2022, a Nigéria, África do Sul, Egito, Argélia, Marrocos, Quênia, Angola e Gana detinham os maiores PIBs do continente, a partir de atividades econômicas em setores como petróleo, gás natural, mineração, agricultura, serviços, indústria e turismo. O desenvolvimento da tecnologia na África tem sido um tópico crescente nos últimos anos, com muitos países do continente experimentando avanços notáveis em diversas áreas, principalmente em: telecomunicações e conectividade, energias renováveis, tecnologia agrícola e empreendedorismo.>
Ao todo são 54, sendo 48 continentais e 6 insulares, configurados nessa divisão a partir dos processos de independência das décadas de 50 e 60. O primeiro país a obter a sua independência no continente foi o Sudão em 1957, enquanto o último foi Sudão do Sul, em 2011. Em extensão territorial o maior país é a Argélia, com o total de 2,38 milhões de quilômetros, e o menor deles é a Gâmbia, com 10.689 quilômetros quadrados. Já em população, o primeiro país é a Nigéria, com mais de 200 milhões de habitantes, e o último é Lesoto, possuindo 2,1 milhões de pessoas.>
Não é fácil ser o jovem. No Brasil ou na Costa do Marfim. Nessa fase da vida, todos temos os mesmos questionamentos, as mesmas convicções, os mesmos sonhos. É o que se constata na série de HQs Aya de Yopougon (no Brasil foram lançados pela L&PM três dos seis volumes originais) criada pela autora da Costa do Marfim, Marguerite Abouet e pelo seu companheiro, o ilustrador Clément Oubrerie.>
A série narra a vida cotidiana de Aya e suas amigas, que acabam de sair da adolescência, no final da década de 1970. A história se passa em Yopougon, um bairro popular de Abidjan, na Costa do Marfim, e acompanha os eventos da vida adulta, seus sonhos, percalços e decisões no dia a dia de uma comunidade animada e diversa.>
A história de Aya e suas amigas aborda questões como relacionamentos, amizades, aspirações profissionais, desafios familiares e o papel da mulher na sociedade e cultura daquele país. Aya de Yopougon não apenas proporciona uma experiência de leitura agradável, mas também contribui para a diversidade e representação na literatura de quadrinhos ao trazer à tona histórias africanas autênticas, que muitas vezes são sub-representadas.>
Numa das entrevistas que concedeu, Marguerite Abouet disse que “fala-se muito sobre como os africanos morrem, mas nunca sobre como eles vivem”. Por isso, sua obra é tão bacana de ler. Mostra uma realidade que passa longe do folclore, do preconceito e do falso primitivismo com que o mundo ocidental trata o continente africano. Marguerite e Clément ganharam o prêmio de melhor estreia no prestigiado Festival de Angouléme, o mais importante do universo HQ>
O Afro Fashion Day é um projeto do jornal Correio com patrocínio da Vult, Bracell e will Bank, apoio do Shopping Barra, Salvador Bahia Airport, Wilson Sons e Atacadão, apoio institucional do Sebrae e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Clube Melissa. >