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Raiz, expressão e espelho: veja como a moda contou história no Afro Fashion Day

Desfile que contou com 78 modelos apresentou looks desde looks inspirados no afrofuturistas e nas culturas ancestrais

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 2 de novembro de 2025 às 00:04

Desfile do Afro Fashion Day 2025 Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A beleza negra, tão orgulhosamente cantada pelo Ilê Aiyê há meio século e reverenciada em toda sua diversidade pela juventude no agora, foi elevada ao patamar do sublime – aquilo que ultrapassa o belo de tão grandioso. Ao menos, essa pareceu ser a impressão de quem, ao ver o 11° desfile do Afro Fashion Day (AFD), se entregou ao momento a ponto de deixar as lágrimas rolarem junto aos sorrisos de puro encantamento com o espetáculo comandado por 78 modelos e atrações musicais aclamadas, que estiveram no Largo Terreiro de Jesus, no Pelourinho, neste sábado (1°).

A abertura do desfile ficou a cargo de quem abriu os caminhos para a criação de autoestima negra quando ninguém mais o fez: o Ilê Aiyê. Cinco deusas do ébano e integrantes da banda do bloco afro cantaram os clássicos ‘O Mais Belo dos Belos’ e ‘Deusa do Ébano’. Na sequência, os modelos começaram a exibir ao público as peças que integraram o bloco Raízes, que explorou, sobretudo, a ancestralidade e as origens da negritude baiana dentro do tema Beleza, proposto pelo evento.

As roupas em tons terrosos e feitas de tecidos leves, os acessórios com búzios e os penteados inventivos foram a marca do primeiro momento do desfile. Fagner Bispo, estilista e curador de moda do AFD, contou que tudo foi pensado para transmitir a ideia de uma moda que bebe de um passado ainda presente. “No primeiro bloco, quisemos falar mais de ancestralidade, dessa beleza mais raiz, que bebe da África”, explicou.

A referência da moda utilizada no continente africano serviu de base também para o segundo bloco temático, que abordou a Expressão. Nesse ponto, coube a um grupo de dançarinos liderado por Dricca Bispo e à performance de Felupz trazer à tona a mescla de ritmos, do pagode ao funk, e a identidade da juventude urbana de Salvador – plural, colorida, inovadora e orgulhosa.

Foi seguindo nessa linha que a estilista Amanda Leite, 25 anos, concebeu uma das peças que integrou o segundo bloco temático. “Eu estudei em uma escola de freiras no Ensino Médio e isso foi muito marcante para mim. Então, eu trouxe um look que uma das peças é uma camisa dizendo ‘a mais bonita da turma’, algo que eu sempre quis ouvir, mas, estudando em uma escola religiosa particular, eu pude, porque era vista como exótica”, conta.

Afro Fashion Day 2025 por Arisson Marinho/CORREIO

Para além da autoafirmação, a vibração fez parte do segundo bloco temático, que trouxe tons de azul marinho, laranja e amarelo para as passarelas. Foi característica das peças dos modelos o caimento – seja nos vestidos ou nas calças acinturadas –, os acessórios com lantejoulas, bem como os braceletes metálicos ou em prata que, junto à maquiagem com traços ousados e cores acentuadas, estabeleceram conexão com a estética afrofuturista.

Na última transição de blocos, a cantora Rachel Reis escolheu as músicas ‘Ensolarada’ e ‘Sexy Iemanjá’ para dar uma prévia do subtema Espelho, que viria ser explorado a seguir. Conforme o tema das canções, que falam, cada uma a seu modo, de reconhecimento e autoestima, os modelos desfilaram roupas na paleta de cor verde, lilás, azul e branco, com babados, detalhes de flores, trançados e demais elementos que remeteram às versões mais tranquilas das águas sob domínio da Rainha do Mar.

A peça criada pelo Ateliê Costa Ribeiro, que há oito anos colabora com o Afro Fashion Day, focou, acima de tudo, na leveza. “Nós queríamos algo mais orgânico e, ao mesmo tempo, leve. O look feminino foi uma peça toda branca ornamentada com fitas de voal, que ficou bem robusto. O look masculino foi feito em linho branco e organza azul, e os cintos feitos com espelho e alumínio. Na passarela, ficou exatamente como imaginávamos”, disse Rodinei da Costa, um dos estilistas do ateliê.

Quem também aprovou o resultado dos looks e a grandeza do desfile foi o estilista Washington Carvalho, proprietário da marca Inttuí. Ele, que apostou nos tons de verde claro e no trançado para o desfile, detalhou as razões por trás das escolhas das peças.

“Trouxe roupas da coleção Utopia – Luz do Olhar, que falamos sobre um mundo hipotético, sobre o brilho que temos quando queremos criar algo novo. Então, falamos sobre luz, sonho, beleza e autoconhecimento, também. As roupas falam sobre isso e sobre o nosso dia a dia. Uma das camisas tem o detalhe de uma flor trançada, que imita o trançado feito com palha de coqueiro, ou seja, é uma forma de ver a beleza do cotidiano”, explicou.

O ato final do desfile contou novamente com a presença de Rachel Reis para cantar ‘Apavoro’, música que tem, na letra, o destaque aos jeitos e brilhos que só a Bahia tem. Por uma última vez na noite, a reunião de todos os 78 modelos na passarela não apenas foi o ponto alto e derradeiro do evento, como confirmou a sentença escrita por Rachel ao abrilhantar os olhos de uma plateia que ficou com a imagem final da beleza reunida sobre o solo sagrado do coração do Centro Histórico de Salvador.

O Afro Fashion Day 2025 é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Avon, Bracell e da Neonergia Coelba, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e Sebrae e apoio da Claro, Salvador Bahia Airport, Shopping Barra, Sotero Ambiental e Wilson Sons e parceria com a Melissa.