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Da Redação
Publicado em 27 de março de 2019 às 13:30
- Atualizado há 2 anos
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A vida sempre nos leva para alguma encruzilhada, que podemos entender como momentos definidores na busca de resolução às mais diversas questões. Quem quer resolver seus problemas quer, portanto, chegar às “encruzilhadas da vida”, o ponto de virada, onde podemos mudar de rumos; desafio motivador onde os caminhos convergem, onde temos escolha e sempre encontramos uma saída.>
É nesse lugar de potência e comunhão que habita simbólica e misticamente Exu – força divina responsável por todo movimento, de matéria, energia, ideia ou palavra, nesta ou em qualquer outra dimensão. Tudo aquilo que se conecta e se realimenta, que nasce, cresce e se renova, como a própria dinâmica da vida, caracteriza Exu. Sem Ele, nada existe.>
No dia 30 de março, o seminário Caminhos que Levam a Exu vai mergulhar no vasto sistema em torno das linhas de trabalho com esta energia cósmica fundamental ao desenvolvimento do ser humano. Da divindade ancestral herdada da África, aos espíritos trabalhadores da luz que se apresentam em seu nome na Umbanda, as quatro mesas que acontecem ao longo do dia discorrem seus temas entremeados por performances de música e dança. Informação e afirmação, abrindo caminhos para novos tempos.>
Exu foi associado à figura do diabo cristão ainda na África pelos invasores europeus, embora a ideia de um ser maléfico oposta ao Criador nem existisse para as tradições que cultuavam o Orixá. Para estes e seus descendentes, no entanto, essa foi por muito tempo uma imagem conveniente para intimidar seus algozes. Ninguém vai à guerra portando flores, afinal. E Exu, companheiro fiel também nas mais terríveis lutas, pode estar sob qualquer disfarce, mas sempre em nome da justiça e da virtude.>
Para Exu, o universo se faz da interação entre os polos e a evolução implica em mudança constante, acima de conceitos cristalizados entre positivo e negativo, bom e mau. É preciso ter intimidade com esse legado que recebemos de nossos ancestrais para sabermos diferenciar os animismos que usam do nome Exu para práticas duvidosas, dos fundamentos que nos regem no caminho do bem, da paz e da prosperidade.>
Os mesmos princípios abordados pelas religiões de matrizes africanas estão presentes nos mais diversos misticismos mundo afora, sem encontrar a hostilidade que elas enfrentam. O medo e o preconceito, frutos da desinformação e da indisposição racista com quase tudo que se refira ao povo negro, têm se colocado como obstáculo a essa compreensão e impedido a tantos de partilhar dessa sabedoria antiga.>
Mas, se, por um lado, a discriminação é grande, de outro ela não foge ao enredo do Orixá: senhor da comunicação, Exu governa também a polêmica, sendo portanto a chave para novas visões de mundo. E do atrito poderão advir novas luzes para uma humanidade cansada de tanta dissenção e sofrimento. Nesta encruzilhada, todos os caminhos levam a Exu>
Bruno Machado é jornalista e umbandista e Fábio Souza é sacerdote do Centro de Umbanda Caboclo Taperoá>
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores>