Memória afetiva e sinos da Bahia

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  • Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2021 às 05:44

- Atualizado há um ano

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Desde o período colonial, os sinos das igrejas baianas cumpriam importante função social, sendo eles utilizados como instrumento litúrgico, marcador de horas ou chamando a atenção da população para acontecimentos importantes, como invasões - a exemplo da holandesa em 1624 - incêndios, chegada de personagens ilustres e mortes. Por uma série de fatores, como a ação do tempo sobre os sinos e suas respectivas torres, infelizmente, a tradição foi sendo deixada de lado. Mas não deveria. 

Pensando assim, desde 2019, quando cheguei à Secretaria de Turismo da Bahia, me debrucei sobre ações que contribuíssem para o desenvolvimento da atividade turística. O segmento religioso foi um dos que mais chamaram a atenção de um gestor, agora público, que sempre trilhou caminhos na iniciativa privada e viajou pelo mundo, sempre atento às iniciativas exitosas.  

  E se os sinos tocam e encantam visitantes nos principais polos do turismo no planeta, por que não seria bom retomar essa tradição na Bahia, onde a construção da baianidade sempre perpassou o binômio sagrado/profano? Revitalizar igrejas e resgatar suas tradições é também, na minha ótica, fortalecer o destino Bahia tão calcado no patrimônio histórico-cultural.  

A estratégia é simples e busca o envolvimento afetivo. Temos o papel meramente institucional de buscar parceiros da iniciativa privada para apadrinhar os sinos de uma igreja, fazendo com que a cidade conte com atrativos a mais, sem que o governo da Bahia seja onerado.    

Assim, começamos a buscar memórias de momentos felizes na vida de empresários e suas famílias para mostrar o quanto nossos templos estão presentes na vida social dos baianos e também dos visitantes. A Arquidiocese de Salvador, na época com dom Murilo Krieger e agora com dom Sérgio da Rocha, abençoou o projeto. A ideia deu certo na capital. Daí, a vontade de expandir o projeto para o interior.  

  Oito igrejas de Salvador e no interior já tiveram seus sinos reativados. Começamos em outubro de 2019, com Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e Nossa Senhora da Graça. Em novembro e dezembro, Santo Antônio da Barra e Nossa Senhora da Ajuda. Em fevereiro de 2020, São Domingos Gusmão e Santíssimo Sacramento do Passo.

  Com a pandemia, o distanciamento social e a necessidade de repensar o turismo sob o ‘novo normal’, desaceleramos o projeto, mas, em dezembro, conseguimos a primeira reativação no interior: São João Batista, em Trancoso, em Porto Seguro.  

No último domingo, foi a vez do mais grandioso projeto de reativação ser entregue. Ao todo, 16 sinos, de épocas e pesos diferentes, voltaram a tocar na Conceição da Praia por meio de um sistema desenvolvido na Itália. Em breve, virão mais novidades, com as bênçãos de todos os santos.  

Juntos, governo e iniciativa privada fazem uma Bahia mais forte. Sigo com a missão de mostrar o que a nossa terra tem de melhor. Este projeto é apenas um pedacinho disso.    

Fausto Franco é secretário de Turismo do Estado da Bahia