Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Moysés Suzart: Arthur Maia e o sonho de ser camisa 10 do Leão

  • D
  • Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2016 às 06:47

 - Atualizado há 2 anos

Arthur Maia não foi diferente dos demais meninos que buscam o sonho de ser jogador de futebol. Em 2002, com pouco mais de 10 anos, se despediu da família em Maceió e se juntou com outros tantos sonhadores que moravam no alojamento da divisão de base do Vitória. (Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO)Ele mesmo dizia que havia se tornado adulto aos 10 anos, quando precisou superar qualquer tipo de saudade e dependência dos familiares. Porém, nunca tratou isso como uma dificuldade, pois era justamente o que queria passar. No braço, tinha tatuado um trecho de uma música do Charlie Brown Jr: “Filho de guerreiro, a família vem primeiro, a rua me educou e me formou um verdadeiro ... Vou com fé, vou com determinação, sangue nos olhos no caminho da evolução”.

Ele era diferente, sem dúvida. Desde pequeno, Maia tinha uma mistura de ambição e obsessão pela camisa 10 do Vitória. Ele queria ser um número. Uma numeração direcionada ao craque do time, a responsabilidade de ser o cara. Desde os tempos da base, tinha a camisa 10 como companheira. Destaque em cada categoria, seu nome já era esperado no profissional quando mal tinha completado 16 anos. Resquícios de um peso que a camisa 10 remete. Ele foi a 10 no infantil, juvenil e júnior.  Em 2010, aos 17 anos, Arthur Maia fez seu primeiro jogo como profissional, contra o Feirense, pelo Campeonato Baiano daquele ano. Não vestiu a 10, mas substituiu justamente Ramon Menezes, na época do dono da camisa 10 rubro-negra.

O peso e o desejo da camisa pareciam saturar o que as costas de Arthur Maia poderiam suportar. Antes mesmo dos 20 anos, ele já era visto com desconfiança, como uma “eterna promessa”. Porém, o jeito sempre sereno do atleta parecia suportar um turbilhão de críticas com uma frase que ele sempre repetia em suas entrevistas: “Quando nada der certo, continue fazendo o que é certo”, pregava. E foi assim que, antes mesmo de ter a camisa 10 do Vitória como sua companheira fixa, conseguiu ser 10 no Joinville, América-RN e até do Flamengo que teve Zico com a dita cuja.  Até no Japão vestiu a 10. Mas sempre voltava para o Vitória. Ele queria aquela. Não poderia sair do Leão sem se sentir dono dela.

No início de 2016, o sonho parecia se realizar. O Vitória anunciou uma numeração fixa para a temporada. E, pela primeira vez, Arthur Maia e a camisa 10 se encontraram. Tornaram-se um. Ninguém mais poderia tirar aquele sonho do garoto, agora com 23 anos. Foram 10 jogos com a camisa 10 rubro-negra até sua saída para a Chapecoense. Na sua despedida, uma declaração que parecia profética. “Pra quem tem fé a vida nunca tem fim”. Cárdenas herdou seu manto numérico. Cárdenas, que defendia o Atlético de Medellín, adversário que Arthur Maia enfrentaria hoje, se não fosse o trágico acidente aéreo que tirou a vida do meia que ainda tinha contrato com o Vitória até o final de 2017. E se engana quem acha que Maia não realizou seu sonho. Muitos vestiram a camisa 10 do Vitória e outros tantos surgirão. No único título nacional em que o Vitória conquistou, pela Copa do Brasil sub-20, Arthur Maia vestia sua paixão e obsessão. Ele era a referência. Ele era o camisa 10.