Pandemia, Integração e Aprendizado

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  • Horacio Hastenreiter Filho

Publicado em 4 de fevereiro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Não chega a ser nenhuma novidade a visão de que vivemos em uma sociedade em rede. As grandes empresas espalham suas estruturas de pesquisa e desenvolvimento em parques tecnológicos dos diversos continentes, mais de um bilhão de pessoas no mundo usam a internet, não somente para obter informações, mas também para compartilhar algum tipo de conteúdo, e os artigos acadêmicos relevantes são, cada vez mais, desenvolvidos em parcerias e, frequentemente menos raro, envolvem pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento. Apesar dessa constatação, são frequentes as oportunidades perdidas pela falta de ação sistêmica e articulada entre atores que são partes interessadas comuns em determinadas áreas temáticas e na resolução de problemas específicos.

No nosso estado, diversos problemas sociais caminham sem resolução, apesar do impacto que causam na nossa economia e na vida dos nossos conterrâneos. Entre esses, podem ser citados, a falta de água no semiárido, a disseminação das drogas, inclusive para cidades de menor porte, a péssima qualidade da educação, além das limitações dos serviços de saúde que vêm ganhando destaque em termos de preocupação desde que se instalou a pandemia da COVID 19.

No entanto, é essa mesma pandemia que, apesar das mais de 10.000 vidas ceifadas no estado, nos apresenta motivos para esperança e nos reforça a expectativa de que possamos passar a olhar para as nossas dívidas sociais a partir de uma perspectiva mais integrada e sistêmica. Nesse início de fevereiro, a Bahia se apresenta como a 2ª unidade da federação com menos mortes per capta trazidas pela pandemia. É certo que não há, ainda, estudos categóricos em relação à COVID 19 que determine quais variáveis, entre as estruturais, sociodemográficas e de gestão, explicam os resultados que diferenciam as proporções de óbitos entre países e/ou regiões.

Na Bahia, no entanto, há alguns fatores que, bem examinados, podem trazer pistas importantes. Desde o primeiro momento, apesar de pertencerem a grupos políticos diferentes, a prefeitura da capital e o governo do estado estiveram alinhados em discurso e na prática. Algumas ações em conjunto, como o apoio aos mais vulneráveis, a partir de centros de acolhimento, as decisões administrativas combinadas em relação às medidas de isolamento, entre outras, permitiu que a capital, centro irradiador da pandemia em muitos estados, não tivesse a situação fora de controle em nenhum momento. A prefeitura de Salvador realizou, ainda, parcerias com instituições públicas, como a Fiocruz, e privadas, como o Itaigara Memorial. O governo do estado, por sua vez, com o telecoronavírus, atendeu dezenas de milhares de cidadãos baianos, a partir de ação integrada com a Fiocruz e a UFBA, contando com a ação voluntária de cerca de 1200 estudantes e 70 médicos. 

À medida que demandantes e provedores de solução se articulam, as soluções frequentemente aparecem. Não foi à toa que a vacina do COVID 19 se tornou objeto de pesquisa, teve seus testes pré-clínicos e clínicos realizados, foi aprovada e já imunizou nos últimos meses milhões de pessoas em todo o mundo. Todo esse percurso realizado em cerca de 20% do tempo demandado pela vacina de caxumba que assumia o recorde em termos de tempo decorrido entre os inícios da pesquisa e da produção, até então. Imaginemos que resultados poderemos alcançar se governo do estado, prefeituras municipais, empresas privadas, universidades e organizações sociais elegerem a situação da educação no estado como problema comum e se dispuserem a encontrar conjuntamente soluções para que saíamos do nosso triste lugar no ranking nacional. Para tal, impera que a pandemia não seja como a Banda de Chico Buarque. Precisamos que ninguém volte para o seu canto depois que ela passar. Há muito a construir conjuntamente.

*Horacio Nelson Hastenreiter Filho é professor associado da Escola de Administração da UFBA