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Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2020 às 05:22
- Atualizado há um ano
O “novo normal” é uma expressão que já vinha sendo muito utilizada em função das rápidas transformações provocadas pela revolução digital, e que agora ganhou uma conotação mais dramática com a chegada da pandemia da covid-19. Um evento dessa magnitude impõe mudanças comportamentais imediatas, cuja intensidade dependerá do nível de controle que a ciência vai impor à propagação do vírus. Se a vacina e os tratamentos forem suficientes para praticamente erradicar a doença (torcemos todos por isso), teremos quase uma volta aos padrões pré-pandemia.
Porém, se a vacina for algo parecido com a da influenza, que exige atualizações anuais e sem garantia total de eficiência, teremos mudanças comportamentais mais perenes. Como a indústria automobilística trabalha em ciclos de ao menos quatro anos, essa variável será importante na redefinição de projetos. De qualquer forma, todas as áreas de Inteligência na indústria, no comércio e nos serviços precisam estar atentas às tendências e demandas que já estão emergindo.
O fenômeno mais óbvio no momento é como o automóvel passou a ser uma célula de proteção em meio à pandemia. Pessoas que têm essa opção, preferem o carro próprio quando precisam sair de casa. Vemos o drive-thru virar opção segura para campanhas de vacinação, testagem de covid-19, compra de refeições e de medicamentos, por exemplo. Empresários mais antenados já projetam o retorno dos cinemas drive-in, em lugar das salas de cinema lotadas.
Na China, já foi verificado um crescimento nas vendas de carros após a reabertura do comércio, pelo temor de contaminação em meios de transporte público ou compartilhados. Vale verificar se isso se repetirá na Europa, EUA e aqui no Brasil. Mas é evidente que o conceito do automóvel próprio, que vinha sendo questionado nos debates sobre os novos rumos da mobilidade, volta a se firmar como uma alternativa de segurança sanitária.
Da mesma forma, a cultura do “delivery” está ganhando um impulso que me parece ser duradouro, turbinando a demanda por veículos de transporte rápido, incluindo aí furgões e caminhões de pequeno porte. Outra tendência emergente é a da higienização. Isso trará impactos profundos sobre todos os serviços que envolvem veículos em geral: concessionárias, lava-rápidos, oficinas, estacionamentos... Protocolos rígidos de limpeza dos carros após o serviço serão mandatórios para não afugentar clientes.
Fabricantes também deverão estar atentos a essa questão da higiene no desenvolvimento de veículos. Isso vale desde a escolha de materiais de revestimento que facilitam a limpeza (mais lisos e impermeáveis), até itens de série como filtro de pólen ou acessórios que ajudem na limpeza caseira dos veículos.
O setor automotivo, que há mais de um século se notabilizou por antecipar tendências de consumo, tem todos os instrumentos para traduzir e operacionalizar as necessidades de mobilidade na era pós-pandemia.
Luiz Carlos Moraes é presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA)
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores