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Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 09:02
- Atualizado há 2 anos
É sempre uma grande emoção ler a Liturgia da Palavra no altar da Basílica do Senhor do Bonfim. E eu li. Pela segunda vez na vida. Na companhia dos fiéis colaboradores da igreja e do ponderado e atencioso Pe. Edson. Fico sempre muito mexida com a egrégora daquela sagrada colina.>
No mesmo dia, fui ao Memorial da Irmã Dulce, inaugurado um ano após o falecimento da então freira. Nessa ambiência, o sagrado vem a ser a atitude dela. Alguém que veio a modificar a vida de tanta gente, por meio da caridade e da doação do seu precioso tempo, a fim atender aos necessitados sociais e as emergências de ordens bem básicas dos enfermos, de forma incansável. Ela não media esforços para bater às portas dos mais favorecidos, influentes e políticos, para conseguir meios de amenizar as faltas desses desesperados.>
Uma solucionadora de problemas.>
Estar ali, me jogou numa emoção das maiores já sentidas. Esse ser, tanto se comunicava com Deus, através das suas atitudes e orações, como com o motorista do ônibus que atendeu ao pedido dela para trazer o Paulo Coelho numa carona para o Rio de Janeiro, num momento dentro do qual o escritor estava faminto, longe de casa e perdido.>
A Salvador é assim! E tem sementes da Santa Dulce no soteropolitano, de um modo geral.>
Olhando para o lado lúdico, essa é a cidade para que se deixe aflorar fortes sentimentos, com o coração na cadência dos tambores do Olodum, preferencialmente. Ou no gingado da capoeira no topo do Pelô. Ou deslumbrar-se com as divindades do candomblé, esplêndida e majestosamente flutuando no Dique do Tororó. Sem falar na extraordinária gastronomia, que é um escrito à parte; De volta ao Rio, comentei com uma amiga da saudade das águas quentinhas de Stella Maris, Itapoã e Barra, que me remontam à placenta da minha mãe, e cujos faróis possibilitam uma das melhores vistas de trechos dessa fantástica extensão litorânea da Bahia (a maior do Brasil), visivelmente benta por forças poderosas e gloriosas.>
Essa cidade tem um imã! E em tempos de tanto individualismo doente é bom refletir diante de símbolos tocados por uma santa na prática. Ela era a voz em ação dos que não eram ouvidos.>
Há quem vista a camisa: lá, eu uso turbantes! (E que lindos!)>
O papa é argentino, ok. Mas Deus é brasileiro! E Santa Dulce Dos Pobres, baiana!>
Ana Magdala é jornalista, autora e roteirista>
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidde dos autores>
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