Sérgio Belleza: O trio elétrico

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • D
  • Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2016 às 08:41

- Atualizado há um ano

Nesse Carnaval de 2016, depois de muitos trá trá trá da cantora Vingadora, deliciei-me com as belíssimas artistas baianas nos trios, cantando canções criativas e provocantes. Festa tão original, gostosa e bonita de se ver; fui por alguns dias aos camarotes Planeta Othon-Band e Monte Pascoal - Licia Fabio, para assistir a esse extraordinário palco perambulante, de nome aloucado, chamado trio elétrico.

Concentrei-me e foquei nessa curiosidade e reparei como é divertido um trio elétrico. São picadeiros ambulantes prontos para servirem a talentosos e “não” artistas da Bahia, Brasil e do mundo. É inegável verificar sua imponência, suas particularidades e, de maneira singular, sua megaestrutura!

No crepúsculo de mais um dia, desafiei a lei do imperativo e fiquei sem tomar uma até passar os primeiros trios. Postei-me como admirador, folião e, pela primeira vez, como crítico. Como adepto e apreciador é uma coisa formidável! É lindo de se contemplar e perfeito para se curtir.

Como festeiro, o tempo já não ajuda mais, as pernas não obedecem tão bem ao comando do mestre maior, o cérebro; aliado a uma ação ainda mais poderosa: a esposa, gentil inibidora das descontrações e alegrias em quaisquer festas! Entretanto, como avaliador e maldizente, a coisa é divertida, às vezes abstruso e, em outras circunstâncias, aflitivo!O Carnaval de Salvador, de todas as formas, arrasta, arrebenta e arrebata, não só corpos, mas também, todas as almas e corações disponíveis na mais importante e maior festa do mundo.

Dodô e Osmar jamais poderiam imaginar que o seu invento chegaria a tamanhas proporções. Notadamente carregam no corpo elétrico dos seus carros alegóricos também tantos “bufões”, que fazem qualquer coisa para estar em cima de um trio elétrico!

Lá em baixo, na galera, a alegria, descontração, irreverência, a ousadia instalam-se em todos, e como se todos fossem “beijar e...” todas, todos ficam como tolos à mercê de todos. Tomam-se todas, mexem com todas, agarram-se todas e beijam na boca de quase todas. Azaração total!

No entanto, em cima dos trios, inamovíveis e bem apertados abelhudos foliões só podem olhar para baixo e para frente. Arriscam-se miúdos tchaus, sorrisos e beijos, sabem lá pra quem! Enquanto isso, o sol assola, a chuva molha, a sede devora, o arrocho amola, o transpirar enoja, o xixi incomoda e o desejo de beijar na boca evapora-se!

Então, pensei, matutei e, como crítico, não encontrei boas razões para um folião ficar em cima de um trio elétrico, porque ele não brinca, não dança, não pula, não puxa, não rasga, não arrasta, não mexe e remexe, não pega nada, nem ninguém, tampouco beija na boca das mais belas meninas (os) que estão disponíveis para o que der e vier!Festa na Bahia é assim, uma loucura! Nunca mais vou a um Carnaval para ficar bisbilhotando, querendo ver a vida dos outros, estressar-me com tantas brigas de casais. Tem mais: próximo ano farei inverso, irei em cima de um trio elétrico para sentir “novamente” essas gloriosas ou duvidosas emoções! Uma festa! Aguardo convite.E viva o trio elétrico!...Sérgio Belleza é administrador, empresário, consultor e autor dos livros, Caminhado com Walkyria e Ascensão e Queda de um Império Econômico.