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Ceia de Natal fica mais barata, mas preços dos presentes sobem em 2025

Segundo economistas e entidades do setor de comércio, alta foi motivada pelo fortalecimento do consumo

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 05:00

Ceia de Natal fica mais barata, mas preços dos presentes sobem em 2025
Ceia de Natal fica mais barata, mas preços dos presentes sobem em 2025 Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Um alívio na ceia e um aperto maior nos presentes. Neste Natal, os preços dos alimentos consumidos nas refeições típicas tiveram uma queda, em relação aos 12 meses anteriores, enquanto os presentes ficaram mais caros. Esses são os apontamentos de um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Ibre), divulgado na última semana.

Segundo a análise, houve uma redução média de 1,44% no preço dos alimentos da ceia, especialmente em produtos como a batata inglesa, o arroz e o azeite. Por outro lado, os presentes registraram uma inflação acumulada de 1,41% no setor, depois de dois anos de queda. Isso é motivado pelo aquecimento do ambiente econômico, de acordo com a FGV, mas dialoga diretamente com as expectativas do comércio baiano.

Ceia de Natal fica mais barata, mas preços dos presentes sobem em 2025 por Arisson Marinho/CORREIO

A projeção do Sindicato dos Lojistas (Sindilojas) é que as vendas do período natalino ultrapassem em 10% o mês de dezembro do ano passado. Na Black Friday, em novembro, o crescimento já tinha sido de 8% em relação a 2024. Além disso, a entidade calcula um tíquete médio a partir de R$255 com presentes no Natal dos baianos.

“Tem uma preferência sobre os chamados bens não duráveis, ou seja, sapatos, bolsas, couro em geral, confecções masculina, feminina e infantil, brinquedos de maneira mais forte, a área de perfumaria, artesanato, bijuterias”, exemplifica o presidente da entidade, Paulo Motta.

Há, ainda, a expectativa de que esse seja o melhor Natal da década, pelas estimativas da Fecomércio-BA. Além de vendas até 2% maiores em dezembro do que no ano passado, o faturamento deve chegar a R$22,6 bilhões - o maior desde 2015. Ainda assim, eles identificam preços mais altos em presentes. Na Bahia, chega a ser 3,2% maior, contra 4,5% na Região Metropolitana de Salvador.

“Tem aqueles itens que estão subindo bastante, como joias e bijuterias, por conta do preço do ouro no mercado internacional. Por outro lado, você tem a queda de preços de microcomputador, de telefone celular, porque a queda do dólar ajudou bastante. No meio você tem vestuário, com alguns itens subindo e outros caindo”, explica o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

Cesta

Responsável por organizar a ceia da família, a administradora aposentada Soraia Salloum, 65 anos, notou a redução nos preços dos alimentos da cesta básica e em itens que são prioritários nas receitas da família, a exemplo do azeite. Segundo o FGV-Ibre, a diminuição do custo do azeite foi de 19,12%, enquanto a batata ficou 23,74% mais em conta e o arroz caiu 39,93%.

“Mas ainda tem coisas muito caras, como o queijo e outros produtos do leite, como a manteiga. Tem até algumas manteigas na praça com preço acessível, mas não são tão boas quanto as que eu costumava usar”, conta. Apesar do impacto na conta de Soraia, o leite tipo longa vida ficou 7,48% mais barato.

Além disso, as proteínas de origem animal também tiveram alta, a exemplo das carnes bovinas, do lombo e do frango. O bacalhau teve o maior aumento, chegando a 20,25%. Foi o maior reajuste, enquanto as outras proteínas tiveram aumentos que variaram entre 7% e 9%. “Realmente, foi uma alta significativa. Mas não deixo de comprar, porque fazem parte da minha ceia, o Chester, o peru, o presunto. Comprei, mas numa quantidade menor”.

Ela também costuma investir mais do que o tíquete médio calculado pelo Sindilojas nos presentes de Natal, porque costuma presentear não apenas a família, mas funcionários do prédio e prestadores de serviço com quem tem uma relação próxima. “Costumo comprar muita coisa, muita perfumaria, muitas coisas para dentro de casa. Mas consegui comprar com preços acessíveis na Black Friday também”, diz.

O setor de farmácias e farmácias e perfumarias é, inclusive, aquele que tem maior previsão de faturamento na Bahia, chegando a aumentar 11% e faturar R$1,6 bilhão, pelos cálculos da Fecomércio-BA. É o maior valor mensal desde o início da série histórica, em janeiro de 2011, justamente pelas vendas de itens cosméticos, higiene, beleza e perfumes.

O segmento é acompanhado pelos supermercados, com alta de 5% na comparação anual, pelas lojas de eletrodomésticos e eletrônicos, com aumento de 3%, e o grupo de outras atividades (que inclui de artigos esportivos, joalherias, chocolaterias a petshops), com crescimento de 1%.

Ambiente

De acordo com o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, há um ambiente de otimismo no comércio. “A gente está vendo o mercado de trabalho bastante aquecido e isso trará um 13º mais robusto, o que tem uma influência significativa no desempenho das vendas do final do ano. Essa é uma variável fundamental. A inadimplência subiu, de certa forma, ao longo desse ano, mas não preocupa tanto. Acho que as pessoas vão consumir bastante no Natal com 13º, com emprego forte e com acesso a crédito. Isso ajuda bastante o varejo”.

Os reajustes na cesta de presentes foram favorecidos também por essa demanda e por um consumo forte, segundo o pesquisador do FGV Ibre Matheus Dias. Ele explica que a combinação de mercado de trabalho resiliente e ganho real de renda das famílias favoreceu aumentos mais perceptíveis em bens de consumo semiduráveis, depois de um período prolongado de baixa inflação.

“O movimento reflete um consumo mais aquecido em 2025, em linha com o mercado de trabalho forte, o que pode ter influenciado na retomada mais acelerada de bens de consumo semiduráveis”, afirma Dias.

Já os alimentos mais baratos, como a batata-inglesa, arroz e azeite, tiveram recuo nos preços por conta da normalização das cadeias de oferta, da melhora das condições climáticas no Brasil e da desaceleração das commodities alimentares no mercado internacional.

Ainda assim, o presidente do Sindilojas, Paulo Motta, é cauteloso com o endividamento dos consumidores, que atinge aqueles com acesso a crédito. A temporada natalina gerou cerca de 10 mil contratações temporárias. Até fevereiro, a categoria deve efetivar parte dessas contratações para atender a demanda de 2026. “Em média, o volume de efetivação em janeiro é de 30%, mas pode ser que seja menor por essas dificuldades na economia”.