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Estudante de Vitória da Conquista passa em faculdade no RJ por medalhas em olimpíadas de matemática

Ingrid tem 18 anos e cerca de 30 medalhas na coleção

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 14 de setembro de 2025 às 09:00

Ingrid tem 18 anos e começou a faculdade em 2025
Ingrid tem 18 anos e começou a faculdade em 2025 Crédito: Arquivo Pessoal

Foram as medalhas olímpicas que levaram Ingrid até onde ela está hoje. Mas essas olimpíadas não são as que você deve estar imaginando. Elas não exigem requisitos do corpo, mas da mente. A coleção da jovem de 18 anos de Vitória da Conquista tem três ouros e uma prata na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), além de muitas outras medalhas já difíceis de contar e que quase não cabem mais na bolsa onde estão guardadas no Rio de Janeiro.

Sim, no Rio. É lá que Ingrid Silva Carvalho está morando desde o início do ano, quando foi aprovada no curso de Bacharelado em Matemática da Tecnologia e Inovação do Impa Tech. A aprovação aconteceu graças às medalhas olímpicas e ela não precisa arcar com nenhum custo.

Essa era a condição para Ingrid, filha de uma professora e um autônomo, poder ingressar em uma faculdade fora de Vitória da Conquista. Foi aprovada na USP, Unicamp, Unesp e UFRJ, sendo as três primeiras através das vagas olímpicas. Optou pelo Impa Tech, a faculdade do Instituto de Matemática Pura e Aplicada que foi criada em 2024.

O curso tem ênfase em matemática, ciência da computação, ciência de dados e física. Ingrid escolheu a primeira opção; matemática é mesmo a sua paixão desde pequena. “A matemática mudou a minha vida. No começo não imaginava que fosse estudar isso de fato, mas é realmente o que eu quero estudar para o resto da vida”, disse a estudante em entrevista ao CORREIO durante o 9º Congresso da Assosiação de Jornalistas de Educação (Jeduca), que aconteceu em São Paulo. 

Do reforço escolar que recebia da mãe, Telma, até uma trajetória como pesquisadora e professora universitária de matemática. É esse caminho que Ingrid quer trilhar. O reforço começou quando a escolinha em que estudava, que funcionava gerida pela mãe no quintal de casa, precisou fechar e Ingrid foi estudar em escola pública.

“Meus pais se preocupavam com a qualidade do ensino que eu receberia e minha mãe, que passou a dar aulas de reforço em casa, passou a ser também minha professora de matemática e português”, lembra Ingrid. Foi assim que nasceu a paixão e o talento para a área.

Ingrid com os pais na cerimônia de premiação da sua terceira medalha de ouro
Ingrid com os pais na cerimônia de premiação da sua terceira medalha de ouro Crédito: Arquivo Pessoal

Crescimento

“Eu via os alunos da minha mãe de escola particular de anos anteriores ao meu já vendo assuntos que eu não tinha visto. Isso me fez correr atrás e ter contato com os assuntos mais avançados. Porque, dos assuntos que constavam nos livros, a gente às vezes não chegava à metade na escola. Mas eu não culpo os professores, os alunos tinham dificuldade e, se você não entende a base, o professor não consegue avançar”, conta.

Logo, os assuntos que Ingrid via na escola ficaram ultrapassados. As aulas de matemática passaram a servir como revisão e Ingrid passou a ajudar os colegas de turma. Não parou por aí. Começou a ajudar a mãe com os ensinamentos no reforço escolar, também ensinando os alunos.

Quando estava no 6º ano do Ensino Fundamental, veio o primeiro contato com as olimpíadas de matemática. “Sem me dedicar muito, já ganhei menção honrosa na primeira que eu fiz. Isso me deu vontade de saber aonde eu chegaria se me dedicasse mesmo a essas provas”, conta Ingrid. Ela pagou para ver e gostou do que viu.

Coleção de medalhas que Ingrid tinha em Vitória da Conquista
Coleção de medalhas que Ingrid tinha em Vitória da Conquista Crédito: Arquivo Pessoal

Logo vieram as medalhas e a conquista de uma bolsa no PIC, o Programa de Iniciação Científica da Obmep, que oferece aos alunos auxílio financeiro e estudos orientados com professores de instituições de ensino superior e pesquisa. As atividades eram virtuais porque não havia sede do programa em Vitória da Conquista.

Ingrid era um pontinho de destaque na turma da escola. A maioria tinha dificuldade com a matemática. “Tem gente que acha que não serve para nada, mas a gente está cercado de tecnologias que, para existirem, precisam de muita matemática. Acho que o que deveríamos ter é um ensino nas escolas com uma abordagem mais prática”, opina.

Do grupo que conseguia avançar, a maioria era de meninos. “Sempre tem mais meninos nas olimpíadas, no PIC. Mas as coisas estão melhorando. Tem uma olimpíada criada há pouco tempo que é a Olimpíada Feminina de Matemática do Estado da Bahia. E o Impa Tech tem cotas para as mulheres. Isso tudo é muito positivo porque as meninas precisam ser incentivadas nessa área”, destaca Ingrid.

O mesmo incentivo que Ingrid sempre teve, desde pequena, já que nasceu e cresceu em um ambiente escolar: a escolinha da mãe no quintal de casa. Os brinquedos eram os jogos lúdicos e os livros. Mesmo agora imersa em livros acadêmicos, os clássicos seguem sendo os queridinhos da estudante, que tem ninguém menos do que Machado de Assis e José de Alencar como autores favoritos.

É cercada de conhecimento que ela continua até hoje e quer sempre viver. “Eu vou para a faculdade de manhã e só volto de noite. Fico lá estudando porque tem a estrutura de ambiente de estudo e as bibliotecas. Eu adoro estar lá, eu adoro estudar”, finaliza Ingrid.