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Thais Borges
Publicado em 25 de dezembro de 2025 às 05:00
Ainda que não seja de hoje que Salvador tenha se consagrado entre os destinos mais disputados do país para as festas de fim de ano, o comportamento dos turistas no período vem passando por mudanças significativas. Se, antes, a preferência era apenas por hospedagens em bairros tradicionalmente turísticos e à beira-mar, como a Barra e Stella Maris, os visitantes agora estão em busca de regiões mais centrais e residenciais. >
Esse movimento tem refletido novas prioridades de custo, mobilidade e experiência urbana e é um dos aspectos identificados em um levantamento da Seazone, maior gestora de aluguel por temporada do Brasil. A empresa identificou que a taxa média de ocupação dos imóveis em Salvador entre 31 de dezembro e 4 de janeiro de 2025 deve chegar a 85,28%, o que é comum para a alta estação. O que chama atenção é que os bairros que com maior registro de procura por aluguel foram Calabar, Boa Vista de Brotas, Engenho Velho de Brotas, Santo Antônio Além do Carmo e Chame-Chame.>
Os 5 bairros mais buscados para aluguel no fim de ano em Salvador
Há um contraste, inclusive, com as preferências dos turistas que vieram a Salvador um ano atrás. Em 2024, a busca foi liderada por bairros e localidades como Parque Cruz Aguiar (no Rio Vermelho), Praia do Flamengo, Amaralina, Barra e Stella Maris. Ao contrário de agora, todos tinham forte apelo turístico e eram marcados por ficarem perto do litoral. Já neste ano, o interesse é por áreas menos óbvias do mapa turístico, estrategicamente posicionadas, com diárias mais acessíveis e melhor integração com diferentes pontos da cidade.>
Na avaliação da CCO da Seazone, Mônica Medeiros, essa tendência reflete uma combinação de fatores econômicos e comportamentais. “O turista está buscando alternativas aos bairros mais saturados, que costumam ter preços mais elevados e maior pressão logística em períodos como o Réveillon. Regiões centrais e bem localizadas permitem uma vivência mais fluida da cidade, com acesso facilitado aos eventos, transporte e comércio, sem deixar de considerar o conforto”, afirma.>
O perfil desses visitantes, como explica Mônica, não é exclusivamente turístico. Há também quem venha para cá por motivos familiares ou por conta de eventos e festas. “A proximidade de onde as pessoas vão passar o final de ano, seja na casa de familiares ou em um evento, é um fator relevante para a escolha do bairro, que se alinha com a busca por tranquilidade e preços mais competitivos", diz. Além de Salvador, ela lembra que praias próximas, como as de Camaçari e Mata de São João, têm tido aumento de procura, especialmente por oferecer imóveis com infraestrutura adequada para viagens em família ou entre amigos. >
Preços >
De fato, os custos nesses bairros menos turísticos podem ser bem mais atrativos. Nos cinco bairros mais buscados para a virada de ano de 2025-2026, as diárias médias variam entre R$228 e R$483. Segundo a Seazone, isso é menor do que os preços praticados em regiões tradicionalmente mais disputadas no ano passado. Em 2024, as diárias nos bairros mais buscados chegaram a ultrapassar os R$700. >
Para especialistas do setor, o dado indica um turista mais atento ao custo-benefício e disposto a explorar Salvador para além dos cartões-postais. A CCO da Seazone também lembrou que há também uma valorização crescente de experiências mais locais e imersivas. “Muita gente quer viver Salvador de forma mais autêntica, circular por diferentes regiões e sentir o cotidiano da cidade. O aluguel por temporada viabiliza isso, ao oferecer hospedagem em bairros residenciais, com mais espaço e flexibilidade”, afirma Mônica.>
Além disso, o chamado ‘short stay’ (estadia curta) tem se firmado como uma solução dupla no mercado imobiliário e turístico: ao mesmo tempo em que amplia as opções de hospedagem para o visitante, também promove rentabilidade para proprietários em períodos de grande demanda. >
“No Réveillon, há um boom no aluguel por temporada, com preços e ocupação em alta. Em bairros como a Barra, por exemplo, uma diária pode ter aumento superior a 80% da baixa para a alta temporada”, acrescenta Mônica.>
Em geral, os clientes são pessoas que buscam imóveis maiores, com capacidade para acomodar mais membros da família. Além disso, a preferência é por imóveis que tenham infraestrutura completa, com comodidades como Wi-Fi, quartos confortáveis e áreas de convivência. >
Mesmo que esse comportamento tenha sido identificado de forma mais marcante em Salvador, a mudança de perfil é mais uma característica do mercado de short stay do que uma tendência exclusiva da cidade, de acordo com a CCO da Seazone. >
“A flexibilidade, tranquilidade e segurança oferecidas por essas regiões começam a ser mais valorizadas pelos viajantes, especialmente para quem busca uma experiência mais confortável e privada durante as festas".>
Ainda assim, ela pondera que o crescimento do setor exige atenção. Embora possa ser um bom negócio, a recomendação é que os hóspedes usem plataformas de confiança e confiram a autenticidade do anúncio antes de fazer a reserva. “A profissionalização do short stay é essencial para garantir segurança, boa experiência e sustentabilidade desse modelo, que já é parte importante da dinâmica turística de Salvador”, reforça.>