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Thais Borges
Publicado em 26 de setembro de 2025 às 05:00
A maior parte das instituições de ensino superior do Brasil tem desempenho intermediário em sustentabilidade. Esse foi um dos achados do Sistema de Avaliação da Sustentabilidade (SAS Semesp), lançado pelo Instituto Semesp, centro de inteligência analítica dedicado à produção de dados e estudos estatísticos sobre o ensino superior, nesta quinta-feira (25), primeiro dia de 27º Fnesp, maior fórum de ensino superior da América Latina. O evento, que acontece no Centro de Convenções Distrito Anhembi, em São Paulo, vai até sexta-feira (26). >
Segundo a entidade, o indicador é diferente de outros rankings internacionais, como o GreenMetric, que tendem a privilegiar operações de campus e pesquisa. A ideia do SAS é ter uma abordagem holística, que se propõe a ser mais justa e adequada ao contexto das instituições brasileiras. A pesquisa avalia de que maneiras a sustentabilidade é incorporada às operações do campus, às atividades acadêmicas de ensino e pesquisa, ao relacionamento com a comunidade interna e externa e à gestão organizacional das instituições.>
Os indicadores do SAS Semesp foram aplicados em 155 instituições mantidas e 138 mantenedoras, que respondem por 2,1 milhões de alunos dos cursos de graduação no Brasil (21% do total). Entre as IES destacadas, 77% são privadas e 23% públicas, enquanto, entre as mantenedoras, 85% são privadas e 15% públicas.>
Assim, a média nacional de sustentabilidade nas instituições pesquisadas foi de 535 pontos no Índice Geral de Sustentabilidade, que vai até 1.000, o equivalente a 53,5%. “A gente não quer fazer ranking, a gente quer que ele (o SAS Semesp) sirva de instrumento para autoavaliação. É lógico que nosso próximo passo é ver quem foram os melhores para entender o que eles estão fazendo e disseminar isso", disse o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, durante a apresentação do sistema, no evento. >
Ao contrário de outros indicadores, o SAS dá uma grande importância ao aspecto acadêmico e às iniciativas relacionadas ao ensino. “Essa é a grande revolução desse indicador. Não estamos deixando de considerar a operação no campus, mas onde a gente mais vai ter impacto para a sociedade, sem dúvida nenhuma, é no ensino", acrescentou Capelato. >
De acordo com o Índice Geral de Sustentabilidade, as instituições privadas alcançaram em média 545 pontos, ou seja 54,5% da pontuação máxima possível (1000 pontos). Por sua vez, as instituições públicas conseguiram 490 pontos em média, correspondendo a 49% do total. Assim, as duas redes estão em patamares intermediários, mas as privadas apresentaram desempenho superior em iniciativas de sustentabilidade.>
Em média, as instituições de ensino superior alcançaram 51% da pontuação máxima em Operações do Campus, 50% no eixo Acadêmico (ensino e pesquisa), 66% no relacionamento com a Comunidade e 52% no eixo Organizacional. O melhor desempenho foi no vínculo com a comunidade, em que atingiram dois terços do potencial, refletindo maior atenção a iniciativas de desenvolvimento regional, inclusão e bem-estar. >
“A sustentabilidade precisa estar no currículo e isso é quase inexistente no mundo. Fica muito a critério dos professores. É uma situação que tem que ser pensada”, afirmou o diretor administrativo-financeiro da FHO, Francisco Elísio Fernandes Sanches, no encontro. >
Para ele, o papel das instituições de ensino superior na sustentabilidade não é apenas de participação, mas de liderança. “Todos os os líderes executivos que irão atuar nas organizações do mundo todo são formados pelas instituições de ensino superior. O objetivo é formar profissionais com as habilidades e competências para atender às necessidades para o desenvolvimento do país. Se não incorporarmos a sustentabilidade no ensino, como vamos fazer isso?”.>
*A repórter viajou a convite do Semesp>