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Bahia tem queda de 20% no ensino superior presencial: ‘expansão não é só criar vagas’, dizem especialistas

Resultados do Censo da Educação Superior foram debatidos na abertura do 27º Fnesp

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 05:00

27º Fnesp, em São Paulo
27º Fnesp, em São Paulo Crédito: Thais Borges/CORREIO

Enquanto a educação à distância (EAD) cresce no ensino superior, no Brasil, o setor enfrenta outros desafios: a queda nas matrículas de cursos presenciais na última década, uma taxa de concluintes que não passa dos 42,6% e encontrar maneiras de tornar a universidade mais atrativa para os jovens.

Na Bahia, as matrículas em graduações presenciais caíram em 10 anos: de 317 mil em 2014 para 254 mil em 2024 - queda de cerca de 20%. O número mais alto da série, contudo, foi em 2018, com 332 mil estudantes matriculados. É a mesma tendência do Brasil, cujas matrículas em cursos presenciais diminuíram 22,3%. Esses são resultados do último Censo da Educação Superior, divulgado pelo Inep na última segunda-feira (22).

Na mesma semana em que os resultados de 2024 foram anunciados, mais de 1,7 mil especialistas, mantenedores, gestores e educadores se reuniram no 27º Fnesp, maior fórum de ensino superior da América Latina, no Distrito Anhembi, em São Paulo.

Presente na abertura do evento, nesta quinta-feira (25), o presidente do Inep, Manuel Palácios, ponderou que os números totais - que consideram os ingressos na EAD e presenciais - são ‘alvissareiros'. As matrículas em EAD, que são 50,7% do total no país, cresceram 286,7% entre 2014 e 2024.

“Ultrapassamos a marca dos 10 milhões de estudantes matriculados (no Brasil). É uma realização importante do ensino superior. Não é fácil alcançar essa marca, com as dificuldades que o Brasil tem. Ainda temos um caminho grande a percorrer”, disse Palácios, em sua participação no evento.

A Bahia tem 15.870 escolas, de acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025 por Amanda Chung

Para o presidente do Inep, cursos totalmente presenciais que tiveram queda de matrículas podem precisar de mais políticas de assistência estudantil.

“É claro que se você tem um jovem que precisa trabalhar, que frequenta um curso presencial muitas vezes demandando uma presença em atividades estudantil por uma duração muito grande, como o curso de Medicina, você vai precisar ter mais políticas de assistência estudantil e de financiamento estudantil”, enfatizou, em uma entrevista após sua participação. 

Palácios destacou que, no contexto brasileiro, é preciso introduzir jovens que concluíram o ensino médio com mais de 20 anos e já trabalham.  "Precisamos pensar em estratégias em que o acesso à educação superior seja facilitado para atender as condições de cada um", diz. 

Desigualdades

Anualmente, pouco mais de 23 milhões de vagas de graduação são oferecidas no Brasil. Dessas, apenas cerca de cinco milhões são ocupadas - as matrículas podem ser o dobro porque são feitas semestralmente.

“Ou seja, o tema da expansão não pode ser só visto como a necessidade de criação de mais instituições, mais cursos e mais vagas. O desafio é ocupar essas vagas”, destacou a secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Marta Abramo.

Segundo a secretária, um dos primeiros passos para fazer isso é aumentar a oferta de ingressantes e concluintes do Ensino Médio. O segundo passo é estimular que esses estudantes queiram entrar no Ensino Médio, estimulando a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e com políticas públicas como o Pé-de-Meia, que é um incentivo financeiro para estudante que tem pelo menos 80% de presença nas aulas.

“A gente tem 10 milhões de jovens entre 18 e 24 anos que já concluíram o ensino médio e não ingressaram no ensino superior. A gente precisa estudar quais são as dificuldades, quais são os obstáculos que eles encontram. Provavelmente são jovens de baixa renda e precisamos pensar em quais condições temos que ter para esses jovens considerarem entrar no ensino superior: a relevância dos cursos, a atratividade dos cursos e a distribuição geográfica”.

De 2023 para 2024, a taxa de evasão nas universidades foi de 17,5%. Na EAD, esse índice é ainda maior, chegando a 24,5%. Marta admitiu que o sistema de educação brasileiro não apenas dobrou de tamanho desde os anos 2000, como também se tornou mais complexo e interiorizado.

“Esses dados jogam luz sobre esse problema e nos ajudam a encontrar soluções. Quanto mais informações tivermos sobre o perfil dos estudantes e quais as políticas que ajudariam na permanência, maior a chance de enfrentar esse problema”.

A presidente do Semesp, Lúcia Teixeira, pontuou que a taxa líquida de escolarização permanece baixa no Brasil. Ela destacou que as matrículas estão em crescimento, impulsionadas pela rede particular, mas ponderou que políticas de acesso sugeridas pelo setor precisam ser implementadas. “Quanto maior a escolaridade, maiores o salário e a empregabilidade. Melhora muito outras situações na vida de uma pessoa, não apenas o acesso à saúde, mas a outros bens”, listou.

Lúcia lembrou que um em cada cinco estudantes desistem da graduação ainda no primeiro ano de curso. “Essas novas gerações acumulam a herança dos problemas criados por nós, muitas vezes pela sensação de inadequação. Eles herdaram o caos climático; os problemas políticos, econômicos e tecnológicos, uma vida confinada às teclas e a validação por curtidas nas redes sociais. Não podemos deixar que essa geração fique desesperançada”, enfatizou ela, no evento, que tem o tema ‘O poder da educação para um Planeta Vivo’.

*A repórter viajou a convite do Semesp