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Entenda por que a Bahia está entre os piores estados em abandono escolar do Brasil

Anuário Brasileiro da Educação Básica aponta que 5,8% dos estudantes abandonaram os estudos em 2024

  • Foto do(a) author(a) Maria Raquel Brito
  • Maria Raquel Brito

Publicado em 25 de setembro de 2025 às 06:00

A taxa, de abandono, empatada com a da Paraíba, fica atrás apenas do Rio Grande do Norte e é também superior à média nacional,  que é 3,2%
A taxa de abandono, empatada com a da Paraíba, fica atrás apenas do Rio Grande do Norte e é também superior à média nacional, que é 3,2% Crédito: Shutterstock

A Bahia é o segundo estado com maior índice de abandono escolar no Ensino Médio no Brasil. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (25) no Anuário Brasileiro da Educação Básica, elaborado pelo Todos Pela Educação a partir de microdados do Censo Escolar da Educação Básica, do Ministério da Educação (MEC).

O relatório aponta que 5,8% dos estudantes baianos do nível médio abandonaram os estudos em 2024. A taxa de abandono, empatada com a da Paraíba, fica atrás apenas do Rio Grande do Norte e é também superior à média nacional, que é 3,2%.

A Bahia tem 15.870 escolas, de acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025 por Amanda Chung

Para Manoela Miranda, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, essa alta taxa de abandono pode estar relacionada a fatores como a transição do ensino fundamental para o ensino médio, que para muitos jovens vem acompanhada da necessidade de começar a trabalhar.

Outro motivo mencionado pela especialista é a distorção idade-série na Bahia, ou seja, o número de alunos do Ensino Médio com dois ou mais anos de atraso na trajetória escolar. Neste campo, o estado ocupa o quarto lugar no país, com 27,1% de estudantes atrasados – nove pontos percentuais acima da média nacional. Aqui, apenas 56,8% dos jovens de 19 anos já finalizaram o ensino médio, o pior número do Nordeste e terceiro pior do Brasil, atrás apenas do Amapá (52,4%) e do Acre (55%).

“Esse atraso, essas dificuldades na aprendizagem e essas constantes reprovações são também, muitas vezes, associadas ao abandono escolar. Portanto, é muito importante ter um diagnóstico aprofundado, entender as particularidades desses estudantes e se é possível recuperá-los. Mas, principalmente investir na recomposição da aprendizagem, para que esses estudantes possam continuar sua trajetória escolar sem maiores interrupções e evitar que essa distorção da idade acabe em novos abandonos na Bahia”, pontua.

Sandra (nome fictício), coordenadora de um colégio estadual em Salvador, aponta ainda outros motivos que percebe no dia-a-dia, sobretudo lecionando à noite. “Todas as escolas do noturno estão com problema de baixa frequência, porque os alunos têm problemas com as questões de facção. Eles ficam com dificuldade de se deslocar até a escola, que, às vezes, é de uma rua para outra. Alguns estão cansados, desestimulados e têm outras propostas de trabalho”, diz.

Melhora com ressalvas

Em relação aos dados de 2013, os números da educação baiana em 2023 apresentaram melhora em quase todas as categorias consideradas pelo anuário. Ainda assim, a Bahia figura entre as piores colocações na maioria dessas categorias, o que demanda atenção nos próximos anos, de acordo com Manoela Miranda.

“Os dados de aprendizagem, por exemplo, de 2023, mostram que como país nós não voltamos aos níveis de aprendizagem pré-pandêmicos. Na Bahia, um destaque que merece atenção é que os jovens concluem o ensino médio com níveis de aprendizagem ainda muito baixos. Apesar de algum avanço em língua portuguesa na última década, hoje, apenas 22,2% dos estudantes que concluem o Ensino Médio têm aprendizagem adequada em língua portuguesa. Mais preocupante é o dado de matemática: apenas 2,5% dos estudantes concluem o ensino médio na Bahia com aprendizagem adequada em matemática”, diz.

As informações mencionadas pela gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação dizem respeito à quantidade de estudantes de escola pública com aprendizagem adequada da Bahia. Em relação ao que é aprendido por aqueles que estudaram em colégios privados, a discrepância chama atenção: enquanto 2,2% de alunos do ensino público aprendem adequadamente língua portuguesa e matemática, a porcentagem em colégios particulares é 26%.

De acordo com Miranda, a melhoria exige um conjunto de medidas, que passa pela formação inicial e continuada dos professores, investimento em políticas de recomposição de aprendizagem e políticas desde a base, ainda no ensino fundamental e na alfabetização. “[Também] na garantia da trajetória escolar regular dos estudantes, com uma especial atenção para redução das desigualdades regionais, socioeconômicas e raciais, e um olhar muito atento para esses estudantes que hoje estão em distorção idade-série, para garantir que possam não só continuar na escola, como concluir os ensinos fundamental e médio com aprendizagem continuada”, enumera.

Na mesma linha, Sandra, que convive de perto com essa diferença, acredita que é preciso que medidas venham de cima para incentivar os jovens de escolas públicas a permanecerem nos estudos. “No dia que a gente tiver uma elite que pensa que a educação é o caminho, aí sim as coisas mudam”, defende a coordenadora da escola estadual.

Tags:

Educação