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Mulheres têm maior mortalidade por AVC e risco aumenta na menopausa

Especialistas apontam que é possível prevenir; entenda como

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 27 de novembro de 2025 às 15:16

Mulheres têm maior mortalidade por AVC
Mulheres têm maior mortalidade por AVC Crédito: Anna Bizon/Freepik

Alterações na pele, perda de massa óssea, aumento da gordura visceral, ressecamento vaginal, insônia, mudanças de humor e mais fadiga. Esses são alguns dos sintomas mais frequentes para mulheres na menopausa, que corresponde ao último ciclo menstrual. Mas, além dessas mudanças que podem surgir, é preciso ter atenção a outro fator relacionado a esse período da vida: a maior mortalidade por Acidente Vascular Cerebral (AVC) entre mulheres, em comparação aos homens.

Na Bahia, nos últimos cinco anos (de 2021 a setembro de 2025), a taxa de mortalidade por AVC em mulheres foi de 16,58 contra 16,31 em homens, de acordo com o Datasus, sistema do Ministério da Saúde. Esses índices consideram o número de óbitos para cada mil pessoas. Ainda que os índices sejam próximos, há um aumento gradual nas faixas etárias mais velhas.

AVC: reconheça os sinais antes que seja tarde por Anna Bizon

Isso está ligado a outro cenário: doenças cardiovasculares ainda são a maior causa de morte entre mulheres, maior até mesmo do que o câncer de mama, como lembra a médica cardiologista Carolina Thé, especialista em saúde cardiovascular feminina e coordenadora da especialidade Cardiologia da Mulher do Núcleo Tina Batalha (Núcleo TB).

Por isso, ela faz um alerta principalmente para mulheres com idades entre 45 e 65 anos, uma vez que o climatério (a transição entre a fase reprodutiva e a fase pós-menopausa) já é um fator de risco.

“A mulher tem os hormônios estrogênio e progesterona, que protegem de aumento de colesterol ruim, que é o LDL, e do aumento da gordura abdominal. Quando ela entra na menopausa, perde essa proteção. Aumenta o colesterol ruim, que é o HDL, e começa a redistribuição da gordura corporal”, explica a cardiologista.

Ela se refere ao acúmulo maior de gordura na região abdominal, ao contrário do que é mais comum até então, com mais gordura no quadril e nas pernas. Não é incomum, portanto, que o corpo de uma mulher na menopausa comece a se transformar, saindo de um formato tipo ‘pera’ para o tipo ‘maçã’.

Segundo o neurologista Jamary Oliveira, coordenador da UTI Neurológica do Hospital Mater Dei Salvador, o estrógeno tem um efeito protetor de reduzir a taxa de aterosclerose, que é o depósito de gordura na parede dos vasos sanguíneos. Além disso, o médico explica que existem outros fatores, inclusive sociais, que tornam a mortalidade por AVC maior entre mulheres. Em homens, o AVC geralmente ocorre mais cedo, enquanto, nas mulheres, é nas idades mais avançadas, por conta da proteção hormonal.

Com mais idade, não é incomum que as mulheres tenham outras comorbidades, o que faz aumentar os fatores de risco. “Outro motivo que realmente é bem preocupante são as falhas do sistema de saúde. Primeiro, falha em reconhecer, porque a mulher mais idosa mais frequentemente tem sinais e sintomas mais atípicos para o AVC, como confusão mental e tontura”, exemplifica Oliveira.

Esses sintomas costumam ser mais difíceis de serem reconhecidos e acabam, por vezes, sendo mais negligenciados. Assim, tratamentos que podem fazer mais diferença na mortalidade acabam sendo menos usados. Esse é o caso do tratamento trombolíticos (uma terapia medicamentosa) ou da trombectomia mecânica (um procedimento cirúrgico minimamente invasivo), que são usados para desobstruir vasos e reduzir sequelas, mas nas fases iniciais do quadro.

AVC: reconheça os sinais antes que seja tarde por Freepik

Condição

Até mesmo os vasos sanguíneos das mulheres são mais finos do que os dos homens, do ponto de vista anatômico. Essa é uma condição que não depende de estar na menopausa, de acordo com a cardiologista Carolina Thé, do Núcleo TB.

“Mulheres têm mais propensão a um quadro de infarto e angina se tiver a obstrução de pequenos vasos e microvasos, que às vezes nem são detectados em exames de cateterismo”, afirma.

O AVC, como explica o neurologista Jamary Oliveira, do Hospital Mater Dei Salvador, é uma doença heterogênea que tem dois subtipos: o isquêmico e o hemorrágico. O isquêmico ocorre a partir de uma obstrução do vaso sanguíneo cerebral e geralmente é causado por placas de gordura na parede dos vasos ou por fontes cardíacas de embolia.

Um dos exemplos para a embolia é uma arritmia chamada fibrilação atrial, que provoca a lentidão do fluxo sanguíneo dentro do coração e formação de coágulos. Ele é tratado com anticoagulantes potentes. “No AVC hemorrágico, a causa principal é a hipertensão arterial descontrolada mesmo. Ela provoca uma tendência dos vasos a se dilatarem e formar pequenos aneurismas, que podem romper.

É possível, contudo, prevenir o AVC. Segundo o médico, estudos mostram que até 90% dos casos podem ser evitados. Uma das formas de começar é observar os fatores de risco, que podem ser herdados, como hipertensão, diabetes, colesterol elevado e obesidade. No entanto, segundo o neurologista, todos podem ser fatores modificáveis.

“A gente pode agir com modificação de hábitos de vida, se alimentando melhor, dormindo melhor. Fazer mais atividade física, cinco dias por semana, pelo menos 30 minutos por dia, é recomendável. Isso reduz bastante a taxa de AVC e atua em outros fatores de risco associados, como a obesidade e hipertensão", orienta Oliveira, que também recomenda visitas periódicas ao médico, porque muitos desses fatores de risco são silenciosos.

Além disso, no caso das mulheres, é importante fazer reposição hormonal no período da menopausa. Segundo a cardiologista Carolina Thé, isso reduz os eventos cardiovasculares, a sarcopenia (perda de massa e função muscular) e reduz a osteoporose.

“Reposição hormonal na menopausa é a reposição de estrogênio e progesterona. Se não tiver útero, só com estrogênio. Tem várias formas de fazer a reposição. Geralmente, a gente faz o transdérmico ou através de DIU (dispositivo intrauterino), por exemplo”.