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Pesquisa baiana ganha prêmio com estudo sobre acne em pele de homens trans negros

Primeira edição do Prêmio Dermatologia + Inclusiva fez parte do 35º Congresso Brasileiro de Dermatologia

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 25 de abril de 2025 às 17:01

Luciana Mattos (à direita) e Luise Daltro (à esquerda)
Luciana Mattos (à direita) e Luise Daltro (à esquerda) Crédito: Carolina Cerqueira/CORREIO

A Bahia é destaque no Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, que acontece em Salvador até domingo (27). Nesta sexta-feira (25), segundo dia do evento, a baiana Luciana Mattos Barros Oliveira foi ao palco para receber o Prêmio Dermatologia + Inclusiva, do Grupo L’Oréal Brasil.

Ela, que é doutora em endocrinologia e professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba), ganhou uma bolsa de R$ 50 mil para a pesquisa sobre a acne em homens transgêneros negros. O estudo será feito em parceria com a dermatologista Luise Daltro.

As duas fazem parte do grupo de pesquisa multidisciplinar Endogen, da Ufba, voltado a pesquisas na área de endocrinologia e gênero. Luciana ainda coordena o ambulatório do Hospital das Clínicas de Salvador responsável pelo atendimento a pessoas trans e integra o Comitê de Atenção à Saúde LGBT da Bahia.

"A Bahia, enquanto grande polo de diversidade de tons de pele, tem alto potencial em ciência e inovação voltadas para diversidade”, diz Luciana. Ela explica que, por conta da transição hormonal, os homens trans fazem uso de testosterona, um hormônio que estimula a ação de glândulas sebáceas e aumenta a oleosidade da pele, causando acnes.

“Essas acnes trazem consequências. Estamos falando de lesões graves, que podem deixar manchas, principalmente, na pele negra, que é mais suscetível a isso. É uma questão que afeta muito a autoestima dessa população e precisa ser pensada”, acrescenta Luciana.

A pesquisa premiada tem como objetivo identificar as mudanças causadas na pele por conta do uso da testosterona e chegar a uma substância que combata as acnes graves e evite a formação de manchas para estes pacientes.

Luciana conta que o projeto foi desenvolvido especialmente para participar da disputa pela premiação e a fase inicial da pesquisa deve durar cerca de dois meses. Até 50 pacientes, todos baianos, vão participar, fazendo uso de duas substâncias para teste de eficácia.

A endocrinologista e a dermatologista ainda alertam para o cenário de crescimento da aplicação de terapias hormonais para fins estéticos, como o ‘chip da beleza’, que é originalmente desenvolvido para o tratamento de endometriose e ficou conhecido pelo uso para perda de gordura e ganho de massa muscular.

“É um público que está fazendo um uso indevido, mas que precisa ser considerado. Essas aplicações estão aí, quer a gente queira ou não. Então precisamos olhar para o que está acontecendo e o que pode ser feito a partir disso”, destaca Luciana.

Premiação

Além da pesquisa de Luciana e Luise, foram premiados outros três projetos: de Sergipe, do Pará e do Rio de Janeiro. O primeiro, de Sandra Eliza Fontes De Avila, é sobre o uso de Inteligência Artificial para a análise de lesões em peles negras.

Cerimônia de premiação
Cerimônia de premiação Crédito: Carolina Cerqueira/CORREIO

O segundo, de Ellen Maria Sampaio Xerfan, estuda a proteção e a repigmentação de peles negras com vitiligo. O terceiro, de Nadia Tavares El Kadi, investiga lesões no couro cabeludo de mulheres negras.

A cerimônia de premiação fez parte da programação do 35º Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, que teve início no dia 24 e vai até o dia 27 de abril, no Centro de Convenções. O tema desta edição é “Pele étnica e cirurgia dermatológica”.

O prêmio Dermatologia + Inclusiva é uma iniciativa do Grupo L’Oréal Brasil e foi apresentado por Cristina Garcia, diretora de pesquisa avançada e comunicação científica da marca, tendo entre os jurados a pesquisadora e biomédica baiana Jaqueline Goes. Cristina reconhece a carência de diversidade nas pesquisas da área de dermatologia, que ainda são feitas, majoritariamente, em países europeus e com pessoas brancas.

“Buscamos uma beleza para todos, mas também para cada um. É preciso individualizar para atender todo o público quando falamos de diversidade. Para isso, a L'Oréal tem um time de cerca de quatro mil pesquisadores no mundo todo fazendo ciência e inovação”, diz Cristina, que ainda destaca parcerias da empresa com universidades, institutos de tecnologia e startups.

Durante o evento, a diversidade foi apontada, ao lado da credibilidade e das questões de saúde mental, como parte do tripé de atenção para a dermatologia no presente e no futuro.

A marca possui um centro no Brasil, que fica no Rio de Janeiro, e destaca o potencial do país para a área. Segundo Cristina Garcia, na população local são encontrados 55 dos 66 tons de pele mapeados pela L’Oréal em todo o mundo. Dos oito tipos de cabelo, todos são encontrados em brasileiros.

Diante disso, 44% dos dermatologistas brasileiros se sentem pouco ou parcialmente preparados para diagnosticar e tratar todos os tons e tipos de pele de seus pacientes, segundo a L’Oréal.