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Moyses Suzart
Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 10:39
Deus benza. Imagine você vasculhando uma casa do interior fechada da família e encontra um quadro de Jesus, daquela que sua avó costumava estampar na parede. De repente, o susto que todo mundo queria ter: a tal obra de arte empoeirada pertence a um famoso pintor e está avaliada em mais de R$ 14 milhões. Oh, glória! Foi justamente o que aconteceu com a obra perdida ‘Cristo na Cruz’ (quanta criatividade), de Peter Paul Rubens, pintada em 1613 e encontrada numa mansão velha em Paris, em setembro. Ela foi leiloada no último domingo (30), por 2,3 milhões de euros, no pregão realizado pela casa Osenat, em Versailles. >
Mestre barroco, Peter Paul é muito conceituado no mundo da arte e deve ter mais obras dele por aí, já que ele pintava para a igreja, mas também muitas famílias europeias encomendaram sua obra. A venda mostra a importância das redescobertas de obras perdidas ao longo dos séculos e demonstra como as investigações cuidadosas em acervos privados podem revelar tesouros esquecidos. Especialistas apontam que a peça estava em excelente estado de conservação, sem necessidade de restauração antes do leilão. >
O gesto de Jesus crucificado remete diretamente ao contexto religioso e simbólico intenso dominante no período barroco e reforça a excelência técnica de Rubens. Contudo, esta obra está longe de ser a mais cara quando o assunto é Jesus Cristo. A pintura "Salvator Mundi", de Leonardo da Vinci, é a obra com representação do Messias mais cara da história, vendida por mais de 450 milhões de dólares. >
Peter Paul Rubens nasceu em 1577, na região flamenga (atual Bélgica), e se tornou uma figura central do barroco europeu no século XVII. Sua arte se caracteriza pelo uso dramático da luz e sombra, pela vivacidade das cores e pela expressividade intensa dos corpos, seja em composições religiosas, mitológicas ou históricas. >
Rubens liderou um grande atelier, onde, com a ajuda de assistentes, produziu inúmeras pinturas. Isso explica parte da dificuldade de rastrear algumas obras: muitas saíram do domínio público e foram integradas a coleções privadas ou confundidas com criações de seus discípulos. >
Para historiadores da arte e especialistas no barroco, a obra representa não apenas um achado em termos de patrimônio, mas também uma oportunidade de revisitar os processos criativos de Rubens e entender melhor o contexto religioso e cultural da Europa do século XVII.>
Peter Paul Rubens