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Quando o 'bumbum na nuca' vira um risco? Entenda como pode ser a hiperlordose

Condição não é genética e pode ser adquirida

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 18 de outubro de 2025 às 09:00

A modelo Gracyanne Barbosa viralizou por conta das imagens do glúteo e da coluna; ao lado, a técnica eletroshape
A modelo Gracyanne Barbosa viralizou por conta das imagens do glúteo e da coluna; ao lado, a técnica eletroshape Crédito: Reprodução

Em um vídeo divulgado este mês, a modelo e influenciadora Gracyanne Barbosa mostrava uma tatuagem nas costas. Os comentários, contudo, se dividiam entre elogios ao corpo da moça e questionamentos: ter o ‘bumbum empinado’ poderia trazer algum tipo de risco à coluna? "O bumbum na nuca real", diz uma mulher a Gracyanne, nas imagens.

Em uma sociedade que valoriza tanto a aparência dos glúteos e em meio à comemoração do Dia Mundial da Coluna, na última quinta-feira (16), o caso de Gracyanne levantou o debate sobre a saúde nas redes sociais. "E essa lordose?", escreveu uma usuária, em uma postagem com mais de 200 likes. "Antes de ler a matéria, achei que fosse um caso de erro médico". postou outra.

A lordose, na verdade, é a curvatura natural da coluna. Um aumento anormal da angulação da coluna, por outro lado, seria a hiperlordose. Ela pode ocorrer em dois locais: a cervical (quando o pescoço fica mais inclinado para a frente) e a lombar, que é quando a região pélvica fica mais para trás. No caso dessa última, é quando a angulação fica maior do que 60 graus.

"Alguns pacientes têm sido avaliados com um aumento importante da lordose lombar devido à busca por um ‘bumbum perfeito’, com uma proeminência dos glúteos e uma saliência da barriga", diz o médico ortopedista Djalma Amorim Jr., especialista em coluna e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC). "Essas pessoas não imaginam que essa busca pode ocasionar um desequilíbrio do alinhamento sagital da coluna vertebral com uma lombalgia intensa e podem apresentar outros sintomas como dores de cabeça e nos membros".

É comum que os profissionais de saúde se depararem com pacientes que forçam a coluna para parecer ter o ‘bumbum na nuca’, como explica a fisioterapeuta dermatofuncional e fundadora da Clínica Slim, Jamile Miranda. De acordo com ela, a inclinação da pelve para frente projeta o glúteo, mas à custa da coluna lombar. Com o tempo, pode gerar dor, rigidez e até hérnias.

Tonificar e fortalecer os glúteos com acompanhamento e técnica adequada não seria um problema. Pelo contrário: eles podem ajudar a dar estabilidade à região pélvica e contribuir para o alinhamento postural. "O problema surge quando há desequilíbrio muscular, ou seja, quando o foco é só em ‘crescer o bumbum’ e se esquece do fortalecimento do core (abdome e lombar). Isso pode gerar compensações e aumentar a curvatura lombar, dando a impressão de ‘lordose acentuada", afirma.

Adquirido

Há quem acredite que a curvatura inadequada é algo de nascença, mas o médico ortopedista Rodrigo Matos, professor do Idomed (Instituto de Educação Médica) de Alagoinhas, explica que não é bem assim. Comportamentos adquiridos podem levar a essa angulação maior.

"Se a pessoa fica muito curvada, se tem fraqueza na musculatura abdominal ou também se a pessoa tem obesidade, todas essas são condições associadas à hiperlordose", explica.

Ele também reforça que a curvatura mais inclinada da coluna vai contribuir para o ‘bumbum empinado’. "A aparência vem não apenas da musculatura glútea. Muita gente acha que é só ir para a academia e fazer muita musculação, mas essa inclinação da pelve para a frente faz isso", acrescenta. Mulheres já costumam ter uma lordose um pouco maior, de acordo com Matos. "É fisiológico, porque ajuda na adaptação da pelve durante a gestação".

A hiperlordose lombar pode provocar também sensação de cansaço, peso e até desequilíbrio. Alguns pacientes sentem dor até por passar muito tempo em pé.

Há, ainda, outra condição que poderia afetar o ‘bumbum empinado’. Segundo o médico ortopedista Eduardo Henrique Matos, professor do curso de Medicina da Unifacs, existe alguma possibilidade de haver uma condição na bacia. Mas não há risco de isso acontecer por conta dos músculos. "A hipertrofia muscular muito dificilmente modifica o eixo na coluna. O glúteo também não pega na coluna. Ele é todo na região da bacia".

Em geral, ele destaca que quem trabalha a hipertrofia lombar também trabalha o músculo do abdome. "São duas musculaturas antagônicas. Você não vê uma pessoa com uma musculatura lombar extremamente potente que seja barriguda, porque é compensatório". Outro tipo de hiperlordose comum em mulheres é a gravídica, que ocorre durante a gestação. Nesse caso, o centro de gravidade envolve a barriga e a gestante precisa mudar a postura.

Um caso como o da modelo Gracyanne Barbosa, contudo, pode envolver procedimentos como preenchimento dos glúteos acima da linha da lordose lombar. Isso gera a impressão de uma curvatura mais acentuada. "Você tira a gordura do espaço normal e aplica um PMMA, que é o polímero sintético usado para fazer esse preenchimento. Então você remove o tecido que é normal para aplicar um tecido que não é do padrão do organismo. O que pode acontecer? Você pode distender tanto a pele que pode fazer abscesso. Pode fazer celulite ou rachadura na pele".

É possível, contudo, ter um ‘bumbum na nuca’ sem sobrecarregar a coluna. Segundo a fisioterapeuta dermatofuncional Jamile Miranda, da Clínica Slim, o caminho é o equilíbrio entre alimentação e tratamentos complementares. Entre os exercícios físicos mais indicados estão agachamentos, avanços, stiff e ponte de glúteo. Ela cita, ainda, tratamentos estéticos como tecnologias como eletroshape, que é uma eletroestimulação para potencializar resultados.

"O bumbum ideal é o saudável. É aquele que te traz autoestima, força e bem-estar, e não dor ou sobrecarga. O verdadeiro diferencial está em cuidar do corpo com consciência, respeitando seus limites e valorizando sua individualidade. Beleza e saúde precisam caminhar juntas", diz.