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Thais Borges
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 15:30
Uma cadelinha filhote - com menos de três meses de vida - foi o primeiro caso confirmado de raiva em cães em Salvador nos últimos 20 anos. Nessa idade, a vacinação antirrábica ainda não é indicada pelo Ministério da Saúde, já que a orientação é justamente a partir dos três meses. >
A informação foi divulgada pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), nesta quinta-feira (4). Segundo o órgão, o filhote tinha sido recolhido das ruas e teve provável exposição prévia a um animal silvestre. A avaliação da secretaria é de que o vírus possivelmente é compatível com variantes de raiva associadas a morcegos. >
A notícia veio em um ano em que aumentou a preocupação com os casos de raiva entre equinos e bovinos no estado. Nos cavalos, houve o maior crescimento. Em maio, uma reportagem do CORREIO mostrou que o total de positivos, nos quatro primeiros meses do ano, já era 50% maior do que todo o ano de 2024 e 600% maior do que os quatro primeiros meses daquele ano. Em novembro, mais um caso de raiva em cavalo foi confirmado em Salvador.>
Cachorros sem raça definida
O vírus na cadela foi encontrado por detecção laboratorial. Além disso, o Laboratório de Viroses (Lavir), da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) divulgou, em um comunicado publicado nas redes sociais, que o animal era oriundo da Avenida Pinto de Aguiar e foi identificado no último dia 28 de novembro. >
Na região, existem colônias do Desmondus rotundus, um morcego hematófago também conhecido como ‘morcego-vampiro-comum’. Ele é uma das três espécies hematófagas, entre as mais de 1,1 mil espécies conhecidas no mundo. O Lavir informou, ainda, que as ações de bloqueio estão sendo realizadas tanto nos distritos Cabula-Beiru quanto no de Itapuã. >
Tanto a cadela quanto o cavalo foram confirmados por meio de um exame de imunofluorescência direta, que usa anticorpos fluorescentes. De acordo com o Manual de Diagnóstico Laboratorial da Raiva do Ministério da Saúde, esse é um método considerado rápido, sensível e específico. O exame avalia, no microscópio, impressões de fragmentos de tecido nervoso. Em cães e gatos, a recomendação do órgão federal é fazer impressões do hipocampo. >
Bloqueio >
Após a confirmação da raiva no cachorro, a SMS informou que deu início às medidas determinadas pelos protocolos nacionais, a exemplo do bloqueio vacinal nas áreas de circulação do animal e da busca ativa de pessoas e animais que tiveram contato direto ou indireto com ele, para encaminhamento da profilaxia pós-exposição humana. >
A secretaria disse ter feito também ações casa a casa, com médicos veterinários e agentes de combate às endemias, além da vacinação de cães e gatos do entorno, orientação aos moradores e monitoramento de sinais clínicos. Outras iniciativas foram investigações epidemiológicas e coleta de informações, bem como a emissão de um Alerta Epidemiológico para as equipes assistenciais, vigilâncias municipais, serviços que atuam diretamente com animais e unidades de saúde. >
A melhor forma de prevenir a raiva é pela vacinação de cães e gatos a partir de três meses. Além disso, os órgãos de saúde recomendam evitar contato com morcegos, raposas, saguis ou qualquer animal silvestre, vivos ou mortos. Para esses animais, não há vacina. Eles são protegidos pela legislação ambiental e qualquer ataque a essas espécies é crime. >
Por outro lado, quem encontrar animais silvestres em uma residência deve comunicar ao Centro de Controle de Zoonoses pelo telefone 3202-0984 ou 156. Já os profissionais que manipulam animais devem manter esquema de profilaxia pré-exposição atualizado, seguindo o cronograma do seu grupo de risco.>
A profilaxia pré-exposição é indicada a médicos veterinários, biólogos, profissionais de laboratórios de virologia e anatomopatologia para raiva, estudantes dessas áreas e pessoas que atuam na captura, contenção, manejo, coleta de amostras, vacinação, pesquisas, investigações ecopidemiológicas, identificação e classificação de mamíferos. >
São necessárias três doses da vacina: uma no dia zero, outra sete dias depois e a última após 28 dias. Profissionais que trabalham em situações de alto risco (como laboratórios de virologia e anatomopatologia para raiva e capturas de morcego) devem repetir a imunização a cada seis meses. Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia, profissionais que se expõem de forma permanente devem fazer controle anual. A repetição de sorologia não é indicada para situações de baixo risco, como funcionários de pet shops. >
Numa situação de risco, é preciso agir de acordo com as orientações das autoridades sanitárias. Pessoas mordidas, arranhadas ou que tiveram contato com a saliva de animais suspeitos devem procurar imediatamente um serviço de saúde para avaliação da necessidade de profilaxia. >
Se alguém encontrar morcegos encontrados caídos, mortos ou em comportamento atípico, não deve tocar nos animais e acionar a vigilância municipal. Além disso, se notar mudança de comportamento, agressividade súbita, salivação excessiva ou dificuldade motora em pets, a SMS indica que os animais devem ser avaliados por um médico veterinário e notificados aos serviços de vigilância.>