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Thais Borges
Publicado em 24 de dezembro de 2025 às 05:00
No fundo, você até queria estar cantando músicas natalinas e com a empolgação de uma criança nesta véspera de Natal. Mas o que veio foi aquele sentimento inevitável de melancolia, de culpa, falta de dinheiro ou até a sensação de que não conseguiu cumprir as metas do ano. De fato, a tal Síndrome de Fim de Ano - também chamada ‘dezembrite’ - já virou velha conhecida de alguns. >
Apesar de comum, existem formas mais saudáveis de lidar com ela, mesmo se você considerar que esse é um período de reflexão. "Essa síndrome do final do ano tem uma conexão muito grande com as expectativas dos projetos que as pessoas vão projetando na trajetória. Às vezes, as pessoas fantasiam demais nesse período, mas eles precisam entender o que elas têm feito pra alcançar esses projetos e lembrar que nem todos esses projetos dependem de nós", pondera o psicólogo Jonatas Tourinho, coordenador do curso de Psicologia da Afya Salvador. >
Síndrome de fim de ano: veja 5 dicas para lidar com a melancolia nesta época
Nos últimos 12 meses, as pesquisas por “tristeza de fim de ano” tiveram um pico desde o fim de novembro, no Google Trends, que indica tendências de busca na plataforma. Em comparação ao restante do período, o crescimento foi de 100%. >
Um dos pontos importantes é destacar que a Síndrome do Final do Ano não é uma doença, tal qual a depressão, por exemplo. Por outro lado, ela representa um sofrimento diante de um inconsciente coletivo, que é reforçado não apenas com o período de festas, confraternizações e trocas de presentes, mas com postagens em redes sociais. >
De acordo com Tourinho, é preciso estar atento. A depressão, enquanto doença crônica, não tem cura, apesar de ter tratamento. Já a síndrome de final de ano é temporária. Ainda assim, alguns sintomas podem ser parecidos, como a falta de vontade de estar em locais públicos ou de participar da ceia ou do amigo secreto, choro com frequência e, em casos de pessoas com diagnóstico de depressão grave, até ideação suicida. >
"A síndrome de final de ano pode ser um gatilho para algumas pessoas. Para umas, vai ser passageiro. Para outras, é algo permanente, porque elas não vão conseguir elaborar esse período", avalia o coordenador de Psicologia da Afya Salvador. >
Ajuda>
Evitar totalmente a síndrome de final de ano é impossível, na avaliação de Tourinho. "Em qualquer lugar do mundo, nas redes sociais, nas empresas, até no email que você recebe, não tem como escapar. O que é recomendado é buscar autoajuda, que seria a psicoterapia. Muitas pessoas abandonam a psicoterapia nesse período, pedem alta, mas deviam continuar seu processo terapêutico", orienta. >
Além disso, ele orienta que as pessoas mantenham a prática de atividade física e também do contato com a espiritualidade, para quem tiver, independente da religião. "Para algumas pessoas, a religião vai ser estruturante", completa o psicólogo.>
No caso da atividade física, mesmo a musculação pode ser uma aliada, uma vez que o treino para o bem-estar é diferente de quem busca por performance. Segundo o treinador da Smart Fit Lucas Florêncio, praticar musculação em momentos de maior estresse deve priorizar qualidade, controle e consciência corporal. >
A recomendação do professor é focar na conexão entre mente e músculo, ajustar intensidade e volume, além de incluir exercícios de mobilidade e flexibilidade. “Evitar a exaustão extrema é crucial para não sobrecarregar o sistema nervoso central e não aumentar ainda mais o cortisol”, diz.>
É um tipo de treino diferente dos feitos por quem quer hipertrofia - ou seja, ganho de massa muscular -, que tem cargas mais altas. Nesses casos em que o foco é bem-estar e equilíbrio mental, a recomendação é usar cargas moderadas, trabalhar longe da falha e fazer intervalos de 90 a 120 segundos entre as séries, em vez de intervalos mais curtos. Ainda de acordo com o treinador, três a cinco sessões semanais de 30 a 60 minutos já trazem benefícios. >
Outra dica é aproveitar a luz solar, com atividades ao ar livre. Isso ajuda a aumentar os níveis saudáveis de cortisol e dopamina, que melhoram o humor, a energia e a função do sistema imunológico, de acordo com a terapeuta Amanda Damasceno, da Ixer. >
O autocuidado nesse período pode ser um aliado também. “Reserve também um tempo para si mesmo, para fazer coisas que gosta. Seja ler um livro, ir à cafeteria, ir ao salão de beleza, spa, ou até mesmo assistir uma série ou um filme”, sugere a terapeuta. >
Cinco dicas para evitar a síndrome de final de ano >
1. Buscar com psicoterapia ou não abandonar o tratamento nesse período >
2. Se conectar com a espiritualidade>
3. Praticar exercícios físicos que tenham foco na conexão entre mente e músculo>
4. Aproveitar a luz solar, com atividades ao ar livre>
5. Promover o autocuidado e reservar tempo para atividades que dão prazer >