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Uso do celular na privada e canetas emagrecedoras: conheça fatores de risco para hemorroidas

No caso dos smartphones, estudo recente mostrou que há 46% mais chance de desenvolver a doença hemorroidária

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 28 de setembro de 2025 às 10:00

Hemorroidas
Hemorroidas Crédito: Shutterstock

Praticamente todo mundo tem hemorroida, em algum nível, como explica o médico coloproctologista Ramon Mendes, coordenador do núcleo de Coloproctologia do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica. "É um coxim de vasos que, com o tempo, perdem a sustentação. Esses vasinhos podem romper e sangrar. Ou seja, é como um novelo de vasos na região do ânus que servem como um coxim para amaciar quando as fezes passam", aponta.

Se a pessoa faz muito esforço para evacuar ou fica muito tempo sentada, pode atrapalhar a circulação sanguínea. Daí vem o risco de ficar muito tempo no vaso sanitário. "Antigamente, as pessoas iam ao banheiro e ficavam lendo revistas. Hoje em dia, você fica no celular e passa 30, 40, 50 minutos e até uma hora naquela posição. Os vasos começam a perder a sustentação", acrescenta o médico.

Por isso, se você é do grupo dos que levam o smartphone para fazer companhia enquanto está no vaso sanitário, a Medicina tem uma má notícia. Um estudo publicado este mês na revista científica Plos One mostrou que o usar o celular enquanto está sentado no banheiro pode aumentar em até 46% o risco de desenvolver hemorroidas. A análise foi feita por cientistas do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston.

Em graus leves, a doença hemorroidária - como é de fato chamada pelos especialistas - pode atingir a maior parte da população. No entanto, a maior preocupação dos médicos é quando ela chega a precisar de internação. Na Bahia, foram 3.197 casos que precisaram de suporte hospitalar, apenas no ano passado, de acordo com Datasus, sistema do Ministério da Saúde.

As ocorrências têm aumentado anualmente. Em 2022, eram 2,5 mil, enquanto em 2023, foram 3.127 registros. Este ano, as estatísticas até julho indicam 1.680 internações. Quando considerados apenas o mesmo período dos anos anteriores, 2023 e 2024 superam este ano (com 1.788 e 1.734, respectivamente), mas 2022 tinha registrado apenas 1.341.

"Sem dúvidas, o aumento dos casos têm ocorrido principalmente devido a mudanças dos hábitos alimentares ao longo dos anos e à intensificação do uso de smartphones no banheiro, no momento da evacuação", diz a médica coloproctologista Jéssica Fraga, do Hospital Santa Izabel.

Além disso, o que nem todo mundo sabe é que, hemorroidas podem levar à morte. São casos raros, mas, desde 2022, foram seis ocorrências no estado. Os três óbitos do ano passado aconteceram em cidades diferentes: um em Caetité, outro em Feira de Santana e o terceiro em Jacobina. "É realmente muito raro ter óbito por doença hemorroidária. Casos de trombose hemorroidária extensa com necrose podem evoluir desfavoravelmente, complicando com infecção local e, eventualmente, infecções sistêmicas mais graves", acrescenta Jessica.

Ainda que morte por hemorroida seja rara, os quadros que precisam de intervenção cirúrgicas têm mesmo crescido nos consultórios, segundo a médica coloproctologista Úrsula Galvão, professora do curso de Medicina da Unifacs.

"Não tem uma semana que eu não opere hemorroida", diz ela, que atua na área há 12 anos. "E aumentou, com certeza, pelos hábitos de vida que a gente já sabe: dieta pobre em fibras, o paciente não come bem ou come muitos alimentos açucarados, não bebe água. Ganho de peso, não fazer atividade física ou fazer de forma incorreta, como quando não contrai o abdômen na hora de agachar, são fatores de risco. Se a pessoa ainda fica horas no vaso sanitário, está pedindo para ter hemorroida, porque é uma patologia comum".

Um dos grandes desafios é que, para muita gente, falar de hemorroidas ainda é um tabu. Para a coloproctologista Jéssica Fraga, isso ainda é algo que acontece com todas as doenças e assuntos relacionados à região anal. Ela lembra de alguns dos mitos que devem ser desmentidos.

"Por exemplo, sexo anal realizado com segurança não é uma causa de doença hemorroidária. Devemos lembrar também que nem todo sangramento na região do ânus é por doença hemorroidária e também nem toda doença hemorroidária precisará sem operada", afirma, citando que cerca de 5% dos pacientes vão precisar de cirurgia.

Cirurgia

A constipação, tal qual a diarreia, pode ajudar a desencadear a doença hemorroidária. Esse é um dos motivos pelos quais as canetas emagrecedoras - medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro - precisam ter seu uso acompanhado por médicos. "Os análogos do (hormônio) GLP-1 podem deixar os pacientes mais constipados, o que é um fator de risco. Se você tem mais constipação, pode aumentar as chances de desenvolvimento de hemorroida", pontua a médica Úrsula Galvão.

Existem classificações de hemorroidas. Aquela de grau 1 pode ter sangramento, mas é interna. No grau 2, já é visível no exterior, mas ela ‘volta’ sozinha para o reto. Dor e sangramento são mais constantes. No grau 3, a hemorroida precisa ser empurrada de volta para ‘dentro’. Já a grau 4 é a que fica todo o tempo projetada para fora.

Em geral, nesses dois últimos graus, é quando a cirurgia pode ser o tratamento mais indicado. Se a hemorroida grau 2 for ‘sangrante’, também pode ter indicação. "A pessoa passa a conviver com aquilo e é quando a gente pensa em operar uma hemorroida", diz o coloproctologista Ramon Mendes. "A cirurgia é indicada quando começa a atrapalhar a vida do paciente, quando toda vez que ele vai ao banheiro passa a ter sangramento".

O sangramento, inclusive, ajudou a difundir outro falso mito das hemorroidas: a de que elas podem se tornar câncer. "Mas o sintoma de sangramento é o mesmo de um câncer. Muitas vezes, o paciente confunde e pode ter um câncer, mas não investiga", alerta Mendes. No entanto, todos os especialistas frisam: hemorroidas são uma doença benigna e não causam câncer.

Existem cirurgias menos invasivas, como um laser que é capaz de fazer a hemorroida ‘murchar’. Segundo o médico, a vantagem desse procedimento é que é menos doloroso, mas tem como ponto negativo maior chance de reincidência. Outra técnica faz um sanfonamento para fixar a hemorroida. E, por fim, há a cirurgia tradicional que remove as hemorroidas.

"A vantagem é que você fica livre e a desvantagem é que o pós é mais doloroso. Mas, para aquele paciente que vem sofrendo todo dia com a hemorroida, é melhor fazer uma cirurgia que sofra por 10, 15 dias e fique livre pelo resto da vida do que uma cirurgia que tem uma taxa de recorrência maior. Mas o tratamento é individualizado, tem que entender a queixa de cada paciente".