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Você sabe o que é rubicão? Veja como a fase afeta o comportamento das crianças

Especialistas orientam os pais a como lidar com as novas questões dos filhos

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 7 de setembro de 2025 às 09:00

Crianças e adolescentes tem direitos garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Rubicão costuma ter início aos 7 anos Crédito: Freepik / Pexels

Mudanças físicas, emocionais e comportamentais batidas em um liquidificador ligado no 220. É dessa receita que surge uma criança na fase de transição entre a infância e a adolescência. Essa fase tem nome: rubicão. Pode começar a preocupar os pais quando o filho ou filha chega aos 7 anos. A preocupação pode durar até os 12 anos e costuma ter pico aos 9.

O nome curioso remete ao rio cruzado por Júlio César para se tornar líder de Roma. Assim, o termo rubicão passou a ser associado à transformação. A chamada fase do rubicão é um momento crítico para a formação da identidade e é nela que as crianças passam a se entender como um indivíduo separado dos pais.

Sabe aquela batida de porta em tom de protesto depois de entrar no quarto? É bem por aí. A curiosidade para saber o porquê de tudo, combinada com a dificuldade de seguir regras e uma pitada de necessidade de aceitação social compõem a mistura. Ansiedade e oscilações emocionais? Tem também!

O motivo é que o período é associado a um alto desenvolvimento cerebral. “É uma mudança na estruturação do cérebro, como se houvesse uma explosão de neurônios e conexões nervosas. O cérebro fica em franca expansão”, diz a endocrinologista pediátrica Caroline Kupsch, professora do curso de Medicina da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

É dessas mudanças no cérebro que vêm as mudanças no comportamento. Caroline acrescenta que não é culpa dos hormônios. As mudanças hormonais da puberdade, envolvendo estrogênio e testosterona, têm apenas uma parcela de influência. Elas contribuem para as mudanças físicas dessa fase, como aparecimento de broto mamário, aumento do volume dos testículos e surgimento de pelos. Lidar com isso pode ampliar a gama de consequências do rubicão para o comportamento e as emoções.

A especialista afirma que o comum é que o início da puberdade para as meninas aconteça entre 8 e 13 anos. Para os meninos, o período é entre 9 e 14 anos. Mas ela alerta que a idade está sendo cada vez mais antecipada. “Temos um crescimento de casos de puberdade precoce. Não existe um único fator, mas as pesquisas apontam para questões como genética, hábitos alimentares e disruptores endócrinos. Também já há hipóteses sobre exposição a telas”, coloca.

8 ou 80?

Nesse período de mudanças, convivem características da infância e da pré-adolescência. A educadora parental e coordenadora do Ensino Fundamental I da Gurilândia Federação, Roberta Nunes, diz que isso é visível na escola: na mesma turma, há meninos mais baixos e meninos mais altos, meninas adeptas de brincadeiras infantis e meninas preocupadas com maquiagem. O recreio não funciona mais com todo mundo brincando junto e os grupinhos são formados.

Dentro de casa, os pais tendem a mudar a forma como lidam com os filhos, exigindo deles mais responsabilidade, já que estão ficando “grandinhos”. Mas há um problema. “Uma hora eles são absolutamente responsáveis e, em outra, absolutamente irresponsáveis. É difícil lidar, é normal que adultos não saibam como agir”, coloca a psicóloga especializada em desenvolvimento infantojuvenil Keila Parente.

Roberta Nunes alerta que a autonomia não nasce da noite para o dia e deve ser ensinada. “A autonomia nasce do guardar o brinquedo, escovar os dentes sozinhos, tirar o prato da mesa. Se isso não é trabalhado na infância, não surge do nada depois”, coloca Roberta.

O segredo, para ela, é o equilíbrio. O filho que está saindo da infância precisa ter autonomia e não ser tratado como incapaz. Mas, ao mesmo tempo, os pais devem fugir da permissividade. Nessa fase, meninas e meninos tendem a ter dificuldade de seguir regras. O grande desafio é equilibrar autonomia e responsabilidade.

Keila Parente destaca que é preciso não abandonar as regras. Para ela, deixar a criança participar e valorizar o diálogo é importante, mas os pais não podem deixar de sustentar a hierarquia. “Para as crianças, algumas regras podem ser incompreendidas e está tudo bem. Elas podem não concordar, mas tem regra que é inegociável. Os pais podem fornecer a explicação, mas, quando necessário, devem colocar uma diretriz clara do que a criança tem que fazer e dizer que aquilo não tem discussão”, orienta.

Nesse contexto, os pais podem ficar em segundo plano e a proximidade com os amigos ser bastante requisitada. Roberta Nunes diz que a maioria tende a se fechar e as tentativas de diálogo dos pais com os filhos podem passar a ser frustrantes. “Ela vai se fechar, mas você precisa buscar o seu filho. A porta do quarto vai fechar e você vai abrir. Ele vai ser monossilábico e seco, mas você vai insistir para ir além disso, vai buscar um assunto de interesse dele, vai demonstrar interesse pelas coisas que ele gosta. Se deixar esse muro se erguer, vai ser difícil quebrar depois”, finaliza a especialista.

Dicas de leitura sobre o assunto:

Livro: Pré-adolescente: Um guia para entender seu filho

Pré-adolescente: Um guia para entender seu filho
Pré-adolescente: Um guia para entender seu filho Crédito: Reprodução

Resumo: De repente, seu filho não é mais uma criança. Mas também ainda não é adolescente! Ou, para complicar ainda mais, às vezes se comporta como um, às vezes age como outro. Para ajudar os pais a entenderem a pré-adolescência, essa fase da vida que vai dos 8 aos 12 anos, a jornalista Daniela Tófoli mostra todas as mudanças que acontecem na cabeça e no corpo do seu filho e aborda os principais desafios dessa etapa baseada em uma ampla análise das pesquisas mais recentes e de entrevistas com especialistas em saúde, educação e comportamento. Pré-adolescente – um guia para entender o seu filho vai apoiar as famílias nessa rica e desafiadora travessia entre a infância e a adolescência.

Livro: A Criança aos 9 Anos: A Queda do Paraíso

A Criança aos 9 Anos: A Queda do Paraíso
A Criança aos 9 Anos: A Queda do Paraíso Crédito: Reprodução

Resumo: Explora a importante transição vivida pelas crianças por volta dos nove anos de idade, um momento de ruptura interior conhecido na pedagogia Waldorf como a “crise dos nove anos”. Koepke descreve esse período como uma espécie de "queda do paraíso", em que a criança começa a perceber-se como um ser separado do mundo e dos adultos, perdendo a segurança do olhar infantil e desenvolvendo uma nova consciência de si mesma e da realidade. O autor apresenta reflexões pedagógicas e relatos de vivências escolares, oferecendo caminhos para pais e educadores acompanharem a criança com sensibilidade e apoio nesse momento delicado de autoconhecimento e mudança.