Axé! Marrom é o funcionário mais antigo do CORREIO

Memória viva da música baiana, ele mostra que também é rock n' roll

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  • Fernanda Santana

Publicado em 15 de janeiro de 2019 às 02:00

- Atualizado há um ano

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Marrom também é do Rock N’Roll. É verdade. O jornalista lembrado pelo Axé Music põe no topo da lista de álbuns favoritos clássicos do rock. “Um dia dei carona para uma repórter e estava tocando The Doors, ela tomou um susto, menina, achou que ia encontrar um axézão tocando”, brinca. Marrom é, principalmente, mistura. Herdou o apelido de Alcione – é Osmar Martins de nascença –, era chamado de “xará” por Osmar Macedo, é neto de índio, cresceu na Liberdade e viveu o nascimento do axé. O funcionário mais antigo do Jornal Correio é uma das memórias vivas da música baiana. Jornalista quando chegou ao jornal Correio, há 40 anos (Foto: Arquivo Correio) As conversas sobre o lançamento de um novo jornal chegaram a Marrom, 57 anos, em 1978. O currículo enviado foram as matérias escritas pela Tribuna da Bahia, do qual era repórter. “Coloquei na mesa de Tonielo [primeiro editor chefe] as que mais gostava e ele me chamou”, lembra. Chegou para escrever reportagens sobre música, que se tornaria o assunto de sua vida.

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Na adolescência, já havia se aproximado da Música Popular Brasileira. “Digo que tenho a santíssima trindade do MPB [Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, elege] em mim”. Mas, se perguntado como aconteceu a aproximação com o Axé, minimiza:“Eu digo que sou o cara certo na hora certa”.A hora certa, se realmente houve, foi estar na Barra no Carnaval de 1985 para assistir à passagem de Luiz Caldas. “Vai dar borogodó”, lembra o que pensou naquele momento. Daí, seguiu-se a história com o Axé Music, termo cunhado pelo colunista e editor do Correio Hagamenon Brito, à época no Jornal A Tarde.“Nem todo mundo acreditava muito, mas foi um estouro. Eu gostava, acho que sou muito bairrista”, comenta.Na mesa de Marrom, começaram a chegar artistas iniciantes, como o próprio Luiz Caldas. De certa forma, Marrom tornou-se um dos porta vozes do ritmo. Em 1989, decide deixar o jornal para um período sabático. É quando começa a carreira de produtor. Produziu, em Salvador, shows como o de Barão Vermelho e Angela Rorô.

Nos anos 90, precisou lidar com uma crise de Cazuza num quarto do Hotel Le Meridien, o atual Pestana. “Ano passado, quando encontrei a mãe de Cazuza [Lucinha Araújo], ela até me pediu desculpa”, lembra, aos risos.

O telefone passou a tocar frequentemente com a proposta de retornar para o jornalismo. Recomeçou no extinto Jornal da Bahia, seguiu para Tribuna e voltou para o Correio, em 1999. Um dia, quando chegava à Tribuna, Demóstenes Teixeira, então editor chefe do Correio, ligou.“Nem passei pela porta. Voltei e voltei exatamente falar de axéxão, aí era axezão mesmo”, lembra.O jornalista cruzou novamente a porta de saída do jornal em 2010. Dessa vez, para um intervalo de apenas dois meses de estudos em Londres. O plano era Vancouver, no Canadá. “Agora olhe a coincidência”, emenda Marrom, “sempre tive ligação com a Inglaterra por causa dos Beatles, Rollings Stones, Caetano Veloso, Gilberto Gil [dois últimos passaram exílio na Inglaterra]”. Lá, uma coincidência ainda maior: Gil tinha um show de São João programado logo quando Marrom desembarcou na terra da rainha. A Bahia e a música baiana estão com ele onde quer que seja.