Bahia bate recorde de vacinados com primeira dose em junho 

Ritmo de vacinação aumentou 50,7% no último mês 

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  • Marcela Vilar

Publicado em 2 de julho de 2021 às 05:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/Correio

Com a benção de São João, a Bahia bateu recorde de vacinação contra a covid-19 em junho: foram 1.485.438 baianos imunizados com a primeira dose. O mês com mais doses aplicadas, até então, tinha sido março, quando 1.171.096 baianos receberam a primeira injeção. Já o mês com pior índice de vacinação foi janeiro, quando se iniciou o combate à doença - do dia 20 a 31, apenas 192.447 pessoas foram vacinadas.  

O estado soma quase 5 milhões de pessoas que receberam a primeira dose - são 4.915.288 pessoas, quase um terço da população. Os números foram levantados pelo CORREIO através dos dados disponibilizados pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).  

O ritmo de vacinação cresceu no último mês. A média de maio foi de 32.845 pessoas vacinadas por dia. Já em junho, foram 49.514. Isso representa um avanço de 50,7%.  

Se esse padrão for mantido, mais 1.485.420 pessoas seriam imunizadas com a primeira dose em julho. Isso significa também que faltariam 149 dias para que toda a população baiana maior de 18 anos fosse parcialmente protegida, o equivalente a quase 5 meses. Ou seja, no final de novembro, todos os adultos estariam com pelo menos uma dose no braço. 

O mês junino ainda foi o que a Bahia mais recebeu vacinas: foram 2.225.680 entregues pelo Ministério da Saúde (MS), entre primeira e segunda dose - 324.400 da CoronaVac, 1.312.900 da Oxford/Astrazeneca, 566.280 da Pfizer e 92.100 da Janssen.  

Os números da vacinação refletem diretamente no número de casos e internações. Como noticiado pelo CORREIO, houve uma redução de 77% no número de idosos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), entre março e junho deste ano.  

A quantidade mensal de óbitos no estado também reduziu. De março para junho, a Bahia saiu do patamar de 3.510 para 2.771 mortes, ou seja, uma redução de 21%. 

O estado já vacinou idosos acima de 60 anos, trabalhadores de saúde, pessoas com comorbidades, quilombolas e população ribeirinha, gestantes e puérpuras, pessoas com deficiência, forças de segurança e salvamento, trabalhadores da educação, caminhoneiros, entre outros.

Especialista alerta para cuidados O imunologista e professor da Rede UniFTC Celso Sant'Ana diz que há uma melhora nos índices, apesar de que ainda temos um longo caminho pela frente. “As vacinas vêm demonstrando uma redução drástica na internação entre os maiores de 60 anos e no número de óbitos, porque protegem contra a forma grave da doença. É uma vitória da sociedade brasileira, dos trabalhadores da saúde, mas ainda é cedo para comemorar, porque ainda temos um número elevado de casos”, avalia Sant’Ana.  

O professor da Rede UniFTC ainda comenta que é preciso avançar na testagem da população, para se ter ideia de quantos infectados existem. “Estamos testando muito pouco, principalmente os assintomáticos, que também são portadores da doença. Além disso, não temos uma boa vigilância epidemiológica em relação às variantes, para saber qual a real circulação de cada uma. Isso dificulta a contenção da doença”, reprova.  

A meta de vacinados, para se ter a imunidade de rebanho, é de 15 dias após se atingir 75%, segundo o imunologista. Até lá, as medidas de prevenção e segurança não devem ser esquecidas. “Quem tomou a vacina, não pode relaxar nas medidas não farmacológicas, porque elas continuam sendo tão importantes quanto, do ponto de vista individual e coletivo. Não é momento para relaxar no uso da máscara ou no distanciamento social, mesmo para quem tomou as duas doses, porque nenhuma vacina protege 100%”, orienta o médico.  

Ele reforça ainda que todas as vacinas são seguras e eficazes. “Todas as vacinas, seja CoronaVac, Janssen, Pfizer ou Astrazeneca, protegem contra a hospitalização e os efeitos colaterais são desprezíveis em relação aos imensos benefícios que elas trazem. Quanto mais cedo tomar qualquer uma delas, melhor, não há necessidade e nem é recomendado escolher a que vai tomar. Vacina boa é vacina no braço e a que tiver disponível”, enfatiza.  

Vacinadas  Uma das baianas que recebeu a vacina mais recente que chegou no solo baiano foi a agente de viagem Eliane Meirelles, de 44 anos, moradora do bairro de Castelo Branco, em Salvador. Ela tomou a dose única de Janssen na última segunda-feira (28), na faculdade Universo, na Pituba.  

“A gente se sente mais aliviada e protegida, porque, antes, eu ficava com um medo maior, hoje sei que, se pegar covid, não vou correr tanto risco, porque terei sintomas leves. Mas a gente não deixa de se cuidar, porque existem as novas variantes, que deixam a gente apreensivo”, desabafa Eliana.  

Os outros dois integrantes da família também já foram imunizados. O marido, por ser profissional de saúde, tomou logo no início do ano, a CoronaVac, e, a filha, por trabalhar no setor de construção civil, a Pfizer.  

Outra baiana que já garantiu a imunização total é a professora Nelma Lira, 65. Ela mora na Pituba e se vacinou com a segunda dose da Oxford/Astrazeneca no dia 16 de junho, completando, assim, o esquema de vacinação. Ela lembrava de cor as datas que recebeu o imunizante. “Quando liberaram, fui logo, para me proteger”, explica Nelma.  

Por meio de nota, a Sesab ratifica que “a vacinação contra a covid-19 tem contribuído sobremaneira para a redução do número de internações nos grupos já imunizados”. Segundo a pasta, a estimativa populacional com 18 anos ou mais é de 11.148.781 e a Bahia é uma das unidades da federação com “maior celeridade na aplicação dos imunobiológicos”.  

A secretaria também criticou o calendário de entregas pelo governo federal: “Cabe ao Ministério da Saúde enviar doses em quantitativo suficiente e manter regularidade nas entregas, para que seja possível essa programação da finalização da imunização com assertividade. No momento, não é adequado fazer previsões com base em entregas realizadas a conta-gotas por parte do Governo Federal”.   

Ela reforça que a maior dificuldade ainda é a falta de previsibilidade e o quantitativo aquém da capacidade de aplicação de vacinas do estado. Sobre a Sputinik, que poderia ser a próxima vacina introduzida no plano de vacinação, a Sesab disse que o laboratório ainda precisa cumprir “algumas exigências” da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas que não há previsão de chegada.    

A secretaria também informou que o público a ser vacinado a partir de agora, segundo resolução da Comissão Intergestora Bipartite (CIB), deve ser 90% por faixa etária, de forma escalonada, e 10% aos grupos prioritários definidos no Plano Nacional de Imunização (PNI).  

Faltosos da segunda dose  Apesar do avanço com a aplicação da primeira dose, a Bahia, assim como todos os estados brasileiros, tem sofrido com os faltosos da vacinação. Segundo a Sesab, são 126.322 pessoas com a dose de reforço atrasada, sendo 72.072 da Oxford/Astrazeneca e 54.250 da CoronaVac. Ao todo, 1.875.753 pessoas tomaram a dose de reforço.   

O imunologista Celso Sant’Ana, professor da Rede UniFTC, chama a atenção que é fundamental completar o esquema de imunização. “É imprescindível tomar as duas doses da vacina, sobretudo em um cenário de presença de variantes, principalmente a de Manaus, que predomina no Brasil. As variantes são muito mais transmissíveis que a forma original da covid-19 e a primeira dose não protege”, esclarece.  

Procurados, a Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS) e o Ministério da Saúde (MS) não responderam até o fechamento da matéria.  

Número de 1ªs doses aplicadas na Bahia em 2021 (fonte: Sesab)  Janeiro - 192.447 pessoas - 16.037,25 por dia  Fevereiro - 240.837 pessoas - 8.601,3 por dia  Março - 1.171.096 pessoas - 37.777,2 por dia  Abril - 781.125 pessoas - 26.037,5 por dia  Maio - 1.018.208 pessoas - 32.845,4 por dia  Junho - 1.485.438 pessoas - 49.514,6 por dia 

Número de óbitos e taxa de letalidade na Bahia em 2021 (fonte: Sesab)  Janeiro - taxa de letalidade em 1,02% - 939 mortos   Fevereiro - taxa de letalidade 1,8% - 1.722 mortos   Março - taxa de letalidade 2,93% - 3.510 mortos   Abril - taxa de letalidade 3,24% - 3.147 mortos  Maio - taxa de letalidade 2,48% - 2.765 mortos   Junho - taxa de letalidade 2,46% - 2.771 mortos 

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro