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Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2018 às 10:01
- Atualizado há 2 anos
Talvez você não se recorde da canção Xibom Bombom, lançada em 1999 pela banda As Meninas, que foi sucesso no Brasil inteiro. O trecho 'onde o rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez fica mais pobre. E o motivo todo mundo já conhece: é que o de cima sobe e o de baixo desce' pode resumir a situação salarial da Bahia. O estado foi o que mais cresceu no Brasil na desigualdade nos salários entre 2016 e 2017, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). >
O IBGE explica que esse crescimento foi provocado pelo forte aumento verificado nos rendimentos dos que ganham mais. O movimento foi em sentido contrário ao do país como um todo - onde a distância entre os que ganham mais e os que ganham menos se manteve relativamente estável no período, com uma pequena redução.>
De um ano para o outro, o salário médio real (descontada a inflação) da metade dos trabalhadores que ganhavam menos na Bahia caiu de R$ 472 para R$ 444 (-5,9%), enquanto o rendimento médio de trabalho dos 10% de trabalhadores com maiores salários aumentou 31,7%, passando de R$ 5.946 para R$ 7.833.>
A redução do salário médio da metade dos trabalhadores baianos que ganhavam menos (-5,9%) foi a 4ª maior entre os 27 estados brasileiros (-5,9%) e mais profunda que a média do país (-2,5%, de R$ 773 para R$ 754). No outro extremo, o aumento dos que já ganhavam mais no estado (+31,7%) foi o maior do país, onde, em média, os 10% de trabalhadores com maiores salários também tiveram uma queda no rendimento (-3,0%, de R$ 9.526 para R$ 9.242).>
Assim, de 2016 para 2017, na Bahia, a distância entre o 10% de trabalhadores com os maiores rendimentos e a metade dos trabalhadores com menores rendimentos teve o maior aumento do país: cresceu 40%, enquanto, na média nacional, houve uma relativa estabilidade marcada por uma pequena redução de -0,50%.>
Em 2017, na Bahia, os 10% de trabalhadores com maiores rendimentos ganhavam, em média, 18 vezes o salário da metade dos trabalhadores que ganhavam menos. Essa diferença havia sido de 13 vezes em 2016. No país como um todo, a distância permaneceu em 12 vezes de um ano para o outro.>
Rendimento Com aumento entre os que ganham mais, Bahia tem maior crescimento no rendimento de trabalho do país entre 2016 e 2017. O incremento no rendimento de trabalho dos que já ganhavam mais, entre 2016 e 2017, levou a um aumento de 13,1% no rendimento médio mensal efetivamente recebido pelas pessoas de 14 anos ou mais de idade que trabalhavam, na Bahia: de R$ 1.397 para R$ 1.508. Foi o maior aumento percentual entre os estados, empatado com o verificado na Paraíba. >
No país como um todo, o rendimento médio de trabalho efetivamente recebido caiu 2%, de R$ 2.223 para R$ 2.178. Dentre os estados, as maiores quedas ocorreram no Rio Grande do Norte (- 12,5%), em Sergipe (-9,9%) e Pernambuco (-9,9%). Entretanto, esse aumento salarial (+13,1%) na Bahia foi fortemente concentrado nos 10% de trabalhadores que ganhavam mais (+31,7%), enquanto os 90% restantes tiveram queda média de 0,9% nos seus rendimentos (de R$ 892 para R$ 884).>
Embora tenha aumentado, o salário médio na Bahia, em 2017 (R$ 1.508), além de continuar abaixo da média do país (R$ 2.178), era o 8º mais baixo entre os estados – em 2016, o estado tinha o 4º menor rendimento médio de trabalho do país. No ano passado, Distrito Federal (R$ 4.065), São Paulo (R$ 2.820) e Rio Grande do Sul (R$ 2.404) tinham os maiores salários médios do país, sendo que o Rio Grande do Sul superou o Rio de Janeiro, 3º maior rendimento em 2016 e 6ª posição em 2017.>
Além de concentrado nas fatias da população que já tinham os maiores salários, o aumento do rendimento efetivamente recebido por todos os trabalhos, entre 2016 e 2017, na Bahia, foi maior para os homens (+17,2%) do que para as mulheres (+6,2%); para os brancos (+38,7%) do que para os pardos (+5,7%) e pretos (-1,6%); e para as pessoas de 60 anos ou mais (idosos) que ainda trabalhavam (+46,9%) do que para as demais faixas etárias tradicionalmente associadas ao mercado de trabalho, como pessoas entre 25 e 29 anos (+21,2%), 30 a 39 anos (+9,2%) e 40 a 49 anos (+17,5%).>
Estado passa a líder no ranking de desigualdade salarial, segundo o Índice de Gini O aumento da desigualdade nos rendimentos de trabalho na Bahia, entre 2016 e 2017, é retratado também pelo Índice de Gini, que vai de 0 a 1 e mede a desigualdade numa distribuição qualquer, sendo mais desigual quanto mais próximo de 1. >
No ano passado, o estado teve o maior Índice de Gini (ou a maior desigualdade) do país para os rendimentos de trabalho efetivamente recebidos: 0,599, com um aumento frente a 2016 (quando havia sido de 0,537) e acima da média nacional, que foi de 0,524 em 2017 e 0,525 em 2016 – ou seja, manteve-se estável com uma leve tendência de queda. >
Essa pequena variação para baixo no Índice de Gini nacional foi resultado do movimento da região Sudeste, onde houve uma redução da desigualdade nos rendimentos de trabalho, e o Gini foi de 0,520 em 2016, para 0,510 em 2017. Nas demais regiões, o índice variou para cima. Os estados com menores desigualdades entre os rendimentos de trabalho, em 2017, foram Santa Catarina (0,408), Rondônia (0,438) e Mato Grosso (0,446).>
Mesmo com aumento de 7,6% (de R$ 803 para R$ 864), rendimento domiciliar per capita na Bahia não chega ao salário mínimo em 2017. O aumento nos rendimentos de trabalho na Bahia foi o principal responsável pelo crescimento de 7,6% no rendimento mensal real domiciliar per capita no estado (soma de todos os rendimentos do domicílio dividida pelo total de pessoas que moram nele), que passou de R$ 803 em 2016 para R$ 864 em 2017. >
Foi o quarto maior aumento no rendimento domiciliar per capita entre os estados, bem acima da média nacional (-1,1%, de R$ 1.285 para 1.271). Mas, mesmo com essa variação positiva, no ano passado, o rendimento domiciliar per capita na Bahia ainda estava 32,0% abaixo da média do país, era menor que o salário mínimo no ano (R$ 937) e ficava em 17º lugar entre os 27 estados (em 2016, havia sido o 20º).>
O rendimento de trabalho representava quase 70% do rendimento domiciliar per capita na Bahia (69,5%), menos do que a média nacional (73,8%), mas teve um aumento de participação em relação a 2016 (67,5%). Por outro lado, os rendimentos de outras fontes (aposentadoria e pensão; aluguel e arrendamento; pensão alimentícia; doação e mesada de não morador; e outros rendimentos, que incluem programas sociais e investimentos como poupança e ações) reduziram um pouco sua participação no rendimento domiciliar per capita dos baianos: de 32,5% para 30,5%. >
Tanto no Brasil quanto na Bahia, dentre os rendimentos de outras fontes, que não o trabalho, o mais importante é o de aposentadorias e pensões, que representa cerca de 1/5 do rendimento médio domiciliar per capita tanto no país (19,4%) quanto no estado (20,5%). >
Em seguida vêm os chamados outros rendimentos, que representam 6,3% do rendimento domiciliar per capita na Bahia – quase o dobro da média nacional (3,3%) e a terceira maior participação do país, abaixo apenas de Maranhão (8,0%) e Alagoas (6,6%). Em 2017, Bahia passa a ter a 3ª maior desigualdade no rendimento domiciliar per capita. >
Assim como ocorreu com o rendimento de trabalho, a Bahia também teve um dos maiores crescimentos na desigualdade da renda domiciliar per capita, entre 2016 e 2017, no país. Isso porque o aumento desse rendimento se concentrou fortemente nas residências que já tinham as maiores rendas, caindo naquelas com menores rendas. >
Renda Nos 10% de domicílios com maiores rendimentos no estado, a renda per capita aumentou 21,2%, passando de R$ 3.485 em 2016 para R$ 4.225 em 2017; em quase todas as demais faixas de rendimento, houve recuos. Assim, em 2017, a renda por morador nas residências com 10% maiores rendimentos (R$ 4.225) era 19 vezes aquela da metade dos domicílios com menores rendimentos (R$ 224, 8,2% menor que a de 2016, R$ 244). Em 2016, a distância entre os 10% de domicílios com maior rendimentos per capita e a metade das residência com menores rendimentos per capita era de 14 vezes - ou seja, em um ano, essa diferença cresceu 32,1%.>
Foi o maior crescimento na desigualdade do rendimento domiciliar per capita do país. Em média, no Brasil os rendimentos dos 10% de domicílios com maior renda eram 14 vezes os da metade dos domicílios com menor renda e permaneceu estável entre 2016 e 2017. >
Na Bahia, em 2017, os 10% da população com maiores rendas domiciliares per capita detinham quase metade (48,9%) da massa de rendimento médio mensal domiciliar per capita do estado (soma de todos esse rendimentos), que era de R$ 13,231 bilhões. Por outro lado, a metade dos baianos com menores rendas per capita se apropriavam de pouco mais de 10% da massa desse rendimento (13,0%). >
Em 2016, os percentuais de apropriação da massa de rendimento domiciliar per capita eram, respectivamente de 43,4% para os 10% com maiores rendimentos e de 15,2% para a metade da população com menores rendas domiciliares per capita.>
O aumento da desigualdade no rendimento domiciliar per capita também se evidencia no Índice de Gini, que, na Bahia, teve o maior aumento do país entre 2016 e 2017, passando de 0,548 para 0,599, enquanto, no Brasil como um todo, manteve-se estável em 0,549.>
O maior do Índice de Gini na Bahia fez o estado passar do 9º para o 3º lugar no ranking nacional de desigualdade de renda domiciliar per capita, abaixo apenas de Amazonas (0,604) e Distrito Federal (0,602). Os estados menos desiguais no que diz respeito à renda domiciliar são Santa Catarina (0,421), Rondônia (0,455) e Mato Grosso (0,469).>