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Conheça a Guardiã das Figuras, baiana que largou tudo para cuidar de igreja em ruínas na Chapada

A senhora de 72 anos saiu de São Paulo, deixou as duas filhas e assumiu a missão de apresentar a importância de São Miguel das Figuras para a população

  • Foto do(a) author(a) Tharsila Prates
  • Tharsila Prates

Publicado em 7 de setembro de 2025 às 08:00

Ruínas da Igreja de São Miguel das Figuras, na Chapada Diamantina
Imagem de São Miguel das Figuras Crédito: Divulgação

As ruínas da Igreja de São Miguel das Figuras, na Chapada Diamantina, entre os municípios de Caém, Jacobina, Mirangaba e Saúde, têm uma guardiã. Conhecida como dona Ester das Figuras, a senhora de 72 anos deixou uma vida construída em São Paulo, duas filhas e assumiu a missão de apresentar para a população a importância de São Miguel das Figuras, não só das ruínas e serras, mas do próprio arcanjo, responsável por diversos milagres, como ela acredita. A festa religiosa ocorre anualmente neste mês de setembro.

Ester Oliveira de Araújo é jacobinense de nascimento e vinha muitas vezes à cidade dos pais, no centro-norte da Bahia, enquanto morou em São Paulo até que um dia afirma ter recebido um chamado para retornar. “Nem sei se era fé propriamente, mas sentia no meu coração a necessidade de sempre ir à igreja. Quando foi em 2005 estive em Jacobina e fui para lá, a partir do sítio do meu irmão, onde aconteceu o chamado”, explica.

Ruínas da Igreja de São Miguel das Figuras, na Chapada Diamantina por Divulgação

Dona Ester atendeu, não sem antes brigar com a ideia, sofrer e chorar muito. Ela pensava: “O que vou fazer naquele ‘deserto’?”.

Uma das primeiras tarefas foi resgatar a imagem de São Miguel, que ainda estava no quarto da casa onde morou o austríaco Alfredo Haasler, ex-pároco da igreja. Ela conta que ninguém se opôs à ideia de tirar a imagem da casa de Haasler, nem mesmo o padre que o sucedeu.

Foi ele mesmo quem pegou a imagem e a levou para a casa de repouso onde morava. Até que chegou o momento da restauração, no final de 2015. Já novinha em folha, a imagem ganhou um cantinho na Matriz de Jacobina. Quando esta passou por reforma, São Miguel Arcanjo foi para a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, onde está até hoje.

Dona Ester se tornou referência na região quando o assunto é São Miguel e as Figuras. Conseguiu comprar um sítio próximo, que é ponto de parada de romeiros e visitantes: o Sítio Romaria.

Às vésperas de mais uma festa religiosa que tem as ruínas como cenário, a preocupação aumenta pelos riscos que o local enfrenta desde o abandono. Uma ação civil pública tramita na Justiça desde 2017, pedindo a preservação da área, mas ainda pendente de resolução.

Sobre a preservação do local, a Guardiã das Figuras espera providências das autoridades. “A intenção do seminário [realizado em julho, com a participação do Ministério Público] foi unificar as quatro prefeituras envolvidas. Os promotores estão empenhados, mandaram técnicos para fazer vistorias. Isso nos anima muito”, diz ela.

Em nota, o Ipac informou que a Igreja de São Miguel das Figuras, e todo conjunto que compõe a estrutura do imóvel, foi tombada provisoriamente em setembro de 2024. “O plano de ação para o tombamento definitivo inclui a análise das documentações apresentadas, elaboração de estudo técnico e visita técnica para produção de parecer final”, diz o órgão.

Após 20 anos da volta, dona Ester quer a solução para sentir a mesma coisa que sentiu quando deixou a vida em São Paulo: “Quando disse ‘eu vou’, após o chamado, meu coração ficou leve.”