Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Saulo Miguez
Publicado em 2 de julho de 2017 às 04:24
- Atualizado há 2 anos
Não é de hoje que os gringos chegam à Bahia para pular o Carnaval e ficam por aqui. Muito antes dos festejos momescos atraírem milhares de turistas, o general francês Pierre Labatut chegou à Bahia para libertar o povo e resolveu morar.>
Era início do século XIX e as diferenças entre brasileiros e portugueses só aumentavam. A nomeação do português Inácio Luís Madeira de Melo como Governador das Armas colocou mais lenha na fogueira. “Madeira de Melo se achou no direito de ser o todo-poderoso e ‘jogou duro’ em Salvador”, contou o historiador Manuel Passos.>
Em junho de 1822, a Câmara de Cachoeira proclamou Dom Pedro I regente do Brasil, o que levou ao primeiro embate entre as tropas brasileiras e portuguesas. Diante da iminente guerra, o príncipe foi obrigado a contratar o Labatut, mal sabendo que estava importando uma entidade.Foto: Reprodução>
“Ele teve o nome abrasileirado e é reverenciado como o caboclo ‘Labatú’ nos terreiros”, conta o historiador. Militar experiente, o general atuou nas guerras peninsulares e da América do Sul.>
Na Bahia, contrariou a nobreza e recrutou escravos para os seus fronts. “As elites tinham medo de armar os negros para não acontecer o que houve no Haiti, quando os escravos se revoltaram e puseram fim à escravidão”, descreveu Passos.>
Labatut ainda fechou a Baía de Todos os Santos cortando a passagem de mantimentos do Recôncavo para Salvador.>
Vencida a guerra, o francês teve a opção de retornar à terra natal ou sair a bordo da sua fragata em busca de outra aventura. A baianidade, no entanto, havia impregnado o militar e ele armou rede por aqui, onde viveu até 1849. >
Hoje, seus restos mortais estão em uma urna no Panteão de Pirajá; seu nome, em uma praça; sua fisionomia, em uma escultura; e seu legado registrado na nossa história.>
Como definiu o historiador Manuel Passos: “O general Labatut vestiu a camisa do Brasil [e da Bahia], contribuiu para a formação do Estado brasileiro e para a nossa soberania nacional”. Em bom baianês: o cara foi barril.>
[[saiba_mais]]>