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Imagem de drone mostra como ficou pista após queda do jatinho
Mario Bitencourt
Publicado em 18 de novembro de 2019 às 19:19
- Atualizado há um ano
As causas do acidente com o avião bimotor Cessna 550 Aircraft, que deixou três mortos e sete feridos em Maraú, no sul da Bahia, nesta quinta-feira (14), seguem sob investigação pela Força Aérea Brasileira (FAB). Uma das hipóteses para a causa da tragédia é que o piloto Aires Napoleão Guerra tenha iniciado o pouso do avião antes da pista.
O acidente é apurado por investigadores do Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA II), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), ligado à FAB. Eles estão em Maraú desde sexta-feira (15) coletando informações.
O CORREIO teve acesso a imagens de drone que mostram as marcas do avião Cessna 550 Aircraft na cabeceira 11 da pista do Aeródromo Barra Grande. As manchas de incêndio indicam que o avião, após tocar o solo, saiu arrastando e já pegando fogo, até parar no lado esquerdo da pista.
A FAB informou que “todas as hipóteses para as causas do acidente estão sendo investigadas”, e que o prazo para finalização do relatório sobre o ocorrido é “o mais breve possível”.
A hipótese de pouso antes da pista é a que mais está sendo levada em conta para a causa do acidente, considerando o percurso que o avião fez depois de pousar no Aeródromo Barra Grande. O espaço é homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desde 2013 e não tem restrições atuais para pouso e decolagem.
Acidente na mesma pista Um acidente semelhante ao de quinta-feira já havia ocorrido em 5 de janeiro de 2018, no mesmo aeródromo com um avião Cessna 525A que decolou do Aeródromo de Brumado, sudoeste baiano. Na época, o trem de pouso do avião tocou o solo pouco antes do concreto da pista, conforme aponta um relatório de alerta da Anac.
O piloto e quatro passageiros estavam a bordo do avião que, após tocar o solo, teve quebrado os equipamentos do trem de pouso e saiu arrastando a “barriga” pela pista, até sair da mesma e parar numa área de gramado ao lado direito, 360 metros depois de pousar. Ninguém se feriu no acidente.
O relatório da Anac registrou que a pista tem 1.000 metros de comprimento por 18 de largura. No cadastro do site da agência, contudo, a informação é que o local tem 1.200 metros de comprimento e 23 metros de largura. Segundo a Anac, “não há, no momento, qualquer recomendação da Agência ao aeródromo”.
A investigação apurou que “a aeronave realizou o toque no solo com os trens de pouso principais a aproximadamente cinco metros antes do limite da cabeceira 11 do Aeródromo Barra Grande”, que não tem sequer hangar, apenas uma biruta.
Segundo a Anac, ainda sobre o acidente de 2018, “as marcas no solo indicaram que o pouso foi realizado antes do início da pista, com os trens principais tocando o terreno irregular com vegetação rasteira (grama). Na sequência, o avião atingiu o início do concreto, momento no qual ocorreu o estouro do pneu do trem de pouso principal direito e a aeronave começou a perder a reta para a direita. Sem controle direcional, o tripulante não conseguiu evitar que a aeronave saísse da pista”.
Por conta desse acidente, a Anac emitiu o relatório com o objetivo de “alertar os pilotos de aeronaves equipadas com motores à reação sobre a necessidade de serem consideradas as características de funcionamento e de resposta desses motores por ocasião do planejamento e execução das aproximações para pouso, mormente quando a distância mínima requerida seja próxima ao comprimento total da pista”.
E recomendou que “pilotos de aeronaves equipadas com motores à reação deverão estar conscientes sobre a necessidade de se considerar as características de funcionamento e de resposta desses motores por ocasião do planejamento e execução das aproximações para pouso, em especial quando as dimensões da pista forem próximas aos limites estabelecidos no Manual de Operações da aeronave”.
Relembre o caso O acidente aéreo que ocorreu em Maraú deixou três mortos: a jornalista e relações públicas Marcela Brandão Elias, 37 anos; a irmã dela, Maysa Mussi; além do ex-piloto de Stock Car Tuka Rocha, 36 anos. Maysa Mussi, segunda morte confirmada do acidente, e Eduardo Mussi, sobrevivente, se casaram há poucos meses, em Itacaré (Foto: Instagram/Reprodução) Marcela foi a única a morrer no local. Ela teve o corpo carbonizado e foi transferida nesta segunda-feira (18) para o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), em Salvador, onde aguarda alguns exames para ser identificada. Já Maysa, que estava internada no Hospital do Subúrbio desde o dia do acidente, morreu neste sábado (16) após não resistir à transferência para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde estão todos os sobreviventes. Tuka Rocha teve 80% do corpo queimado (Foto: Gabriel Pedreschi/Grande Prêmio) No domingo (17), foi confirmada a morte de Tuka, que teve 80% do corpo queimado e, por ter inalado muita fumaça, sofreu intoxicação pulmonar e teve comprometimento em duas funções renais. Segundo amigos, ele teria voltado ao avião em chamas para salvar um passageiro de seis anos.
Além das três vítimas fatais, o jatinho transportava Eduardo Trajano Elias (marido de Marcela) e Eduardo Brandão (de 6 anos e filho do casal); Eduardo Mussi, também ocupante do avião, marido de Maysa e irmão do deputado federal licenciado Guilherme Mussi (PP-SP); Marcelo Constantino Alves, neto de Nonô Constantivo, fundador da Gol; Marie Cavelan, Fernando Oliveira e Aires Napoleão Guerra, piloto do avião. Marcela Elias, que morreu em acidente, e seu sogro Jorge (Foto: Instagram/Reprodução) Leia mais: jornalista morta em Maraú era conhecida na alta sociedade paulistana
Sobreviventes Dos sobreviventes, sete seguem internados em estado grave no setor de queimados do Hospital Geral do Estado (HGE). A maior parte deles está sob efeito de sedativos, por causa da forte dor pelo corpo, e alguns chegaram a precisar de anestesia geral para que a equipe médica pudesse fazer o processo de limpeza e curativos.
O bimotor Cesna Citation 550 de Prefixo PT-LTJ caiu próximo da pista de pouso do resort Kiaroa Eco-Luxury Resort, na praia de Barra Grande, distrito de Maraú, e é de propriedade do bilionário brasileiro José João Abdalla Filho, de 74 anos.