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Larissa Almeida
Publicado em 16 de maio de 2025 às 12:12
O médico ginecologista Elziro Gonçalves de Oliveira, de 71 anos, que está impedido de exercer a profissão desde que foi denunciado por crimes sexuais contra 16 pacientes, foi absolvido de um dos quatro processos éticos-profissionais que tramitam no Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) desde o ano passado. >
De acordo com o Cremeb, o processo que absolveu o ginecologista ainda não transitou em jugado, isto é, a sentença ainda não se tornou definitiva, o que permite a interposição de recurso. Já os outros três processos estão aguardando julgamento, mas devem correr em sigilo. >
“Todos os processos da autarquia federal tramitam em sigilo processual, respeitando o amplo direito de defesa e o contraditório. Por fim, havendo sanções públicas transitadas em jugado, serão dadas a conhecimento da sociedade”, disse o conselho. >
Inicialmente, Elziro Gonçalves tinha sete processos em julgamento na entidade, mas três deles foram arquivados. A demanda que teve a absolvição como primeiro resultado foi julgado no dia 30 de abril, pela 4ª Câmara do Tribunal de Ética do Cremeb. A absolvição foi decidida de forma unânime pelos membros e, com base no voto da relatora, conforme informação da TV Bahia. >
A Justiça determinou o afastamento de Elziro Gonçalves de Oliveira das suas atividades profissionais no dia 19 de abril de 2024, depois de um pedido feito pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) no dia 20 e 22 de março, quando foram ajuizadas denúncias contra o médico. >
Três denunciantes conversaram, em anonimato, com o CORREIO. Uma delas foi a comunicóloga Suzana (nome fictício), de 24 anos. Ela era paciente de Elziro na clínica CAM, no Itaigara, desde 2020 e, em 2021, sentiu dois toques que a deixaram desconfortável. A jovem, porém, entrou em estado de negação e se manteve em silêncio. Foi em nova consulta, em 2023, que ela se deu conta de que o desconforto tinha fundamento. >
“Fui ao consultório dele apenas para solicitar o requerimento de exames; não houve exame físico. Mas, do momento que eu sentei na cadeira até o momento que saí, ele não tirava os olhos de meus seios. Ficou os cerca de 15 minutos da consulta olhando fixamente", recordou Suzana. Ao fim do atendimento, o suspeito, então, teria pedido que ela abaixasse a máscara que usava, a fim de ver seu rosto. >
"Eu me neguei e disse que não iria tirar, por causa da Covid, e ele adotou uma postura extremamente agressiva, pedindo que eu tirasse e [dizendo] que era besteira minha e que ele não estava com Covid. Eu continuei negando e fui embora", contou ela, que registrou queixa na ouvidoria da clínica. >
"Cerca de três dias depois, eles [a unidade] retornaram falando que haviam investigado e que esse não era o comportamento do médico, que ele era antigo na casa e que eles queriam me oferecer uma consulta gratuita com qualquer outro médico, para reverter a situação. Um total descaso com o ocorrido comigo", lamentou a jovem. >