Leva um casaquinho: temperatura despenca, e frio segue na Bahia até a próxima semana

Em Salvador, também será preciso se apegar ao cobertor

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  • Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2021 às 05:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO
Capa necessária por Nara Gentil/ CORREIO

Bota casaco, enrola na coberta, chora pra sair da cama e dá aquela reclamadinha pra Deus, os Orixás e os mais chegados no zap: êta frio da ‘lá ela’. Três dias depois de registrar a temperatura mais fria do ano, Salvador voltou a ver a temperatura cair para 20,6ºC na manhã dessa terça-feira (29). O maior gelo do ano na capital baiana aconteceu na manhã do dia 26 de junho, quando os termômetros chegaram a 20,2ºC.

No interior do estado, o bicho pegou ainda mais. Correntina registrou ontem 11,2ºC de temperatura. Em Piatã, a situação foi semelhante, com 12ºC e sensação térmica que chegou a 3ºC.

O leitor bem informado deve ter lido que uma frente fria está pairando pelo Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, levando até neve. Mas a meteorologista Cláudia Valéria, do Instituto Nacional de Meteorologia, explica que esta força da natureza não deve atingir a Bahia."Temos uma certa influência. Mas não podemos falar de massa de ar frio chegando à Bahia. Vai continuar com baixas temperaturas ao amanhecer nos próximos dias em todo estado", disse a especialista.Saiba mais: Há risco de nevar em Salvador? Veja explicação meteorológica

Em Mucugê, na Chapada Diamantina, também fez 12ºC. Um frio retado, daqueles que dá a maior preguiça de sair da cama a quase todo mundo, com raras exceções como é o caso de Antônio Roberto Santos Silva, o Roberto Locutor, que já dorme com a roupa de sair para fazer a sua corrida diária às 6h."Até para a gente trocar de roupa é bronca. Já deixo a luva separada, bandana, gorro e corro assim. Tenho um corta-vento, que é um agasalho que diminui o frio, uso manguito, blusa UV, às vezes coloco uma calça de corrida ou bermuda com meia de compressão alta. Pra sair tem que ser assim e no decorrer do percurso vamos eliminando algumas peças", contou Roberto, que é locutor esportivo.Ele diz que semanas antes do São João já fazia frio no município, depois deu uma subida na temperatura antes de cair novamente. Pela experiência própria, espera que até o início de agosto seja com essa rotina. 

Meteorologista do Inema, Diva Cordeiro explica que áreas serranas da Chapada Diamantina e Sudoeste como Mucugê, Correntina, Piatã e Vitória da Conquista (a chamada Suíça Baiana) costumam ser mais frias. 

No litoral, ela explica que a parte subtropical do Oceano Atlântico, que corresponde às áreas das regiões Sul e Sudeste do Brasil, está sofrendo forte atuação do chamado sistema de alta pressão, responsável por movimentar os ventos em direção à costa do país. 

"Esses ventos trazem um ar mais frio para a nossa costa, nesse caso para a Bahia inteira. Eles acontecem, cai a temperatura e a sensação térmica também", explica Diva.

Como estamos no inverno, também há menos radiação solar incidindo em nosso hemisfério Sul. Somando esse fator à maior atuação das altas pressões subtropicais, está montada a equação para que esse frio, em Salvador e no litoral, se mantenha pelo menos até o final de semana. 

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"Teremos entrada de ar subtropical até a madrugada de segunda. Isso, além de diminuir a temperatura, forma nebulosidade e traz chuvas também. No final de semana, temos previsão de chuva principalmente na madrugada de sexta, correndo todo o final de semana", disse.

O resto do inverno litorâneo deve permanecer sem grandes mudanças, com as chuvas típicas no litoral e a temperatura variando entre 20ºC e 26ºC. No entanto, o que chamou a atenção de Cláudia foi o registro de temperaturas mais baixas ainda em junho, sendo que julho e agosto costumam ser mais frios. O dia mais frio de 2020, por exemplo, foi 4 de agosto, com 20,4ºC.

"Com isso, já é possível dizer que 2021 está sendo mais frio que o ano passado. E se a tendência de julho e agosto serem mais frios se manter, a expectativa é que a temperatura baixe ainda mais nos próximos dias", prevê a especialista. 

Fogão a lenha Na cidade mais alta e fria do Norte-Nordeste, o morador Élimas Matos Ferreira diz que os habitantes gostam do frio, mas não há condição de se preparar com lareiras, fogueiras e semelhantes para se aquecer. Estamos falando da cidade de Piatã, na Chapada Diamantina.

Quase todas as casas na cidade têm fogão a lenha por conta desse frio. A cozinha é a grande sala de visita das pessoas, como narra Élimas. "Aqui todo mundo chega e vai para a cozinha, toma um bom café porque aqui tem tradição a qualidade, e vai brigando com esse frio", explica.

O morador afirma que o padeiro da cidade é quem costuma contar para as pessoas as temperaturas mais baixas do termômetro que fica na praça do município. "Ele passa lá bem cedo e vai contando. Nessa semana já registrou até 8ºC. Essa semana foi fria, mas já não espanta. Claro que a gente sente frio, mas já acostumamos e estamos esperando um início de mês de julho muito frio", disse.

A altura da cidade, com 1.268 metros de altitude, faz com que a sensação térmica seja ainda mais braba, chegando a 3ºC de sensação em alguns momentos do dia, como o início da manhã e durante as madrugadas. 

Dez cidades baianas onde vai fazer mais frio:

Correntina (Máx. 32°C e Mín. 11°C) Piatã (Máx. 23°C e Mín. 11°C) Brumado (Máx. 31°C e Mín. 16°C) Mucugê (Máx. 24°C e Mín. 13°C) Itapetinga (Máx. 31°C e Mín. 16°C) Vitória da Conquista (Máx. 27°C e Mín. 13°C) Delfino (Máx. 29°C e Mín. 16°C) Irecê (Máx. 30°C e Mín. 17°C) Itiruçu (Máx. 27°C e Mín. 15°C) Ipiaú (Máx. 28°C e Mín. 16°C)