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Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2021 às 17:16
- Atualizado há 2 anos
Alvo de investigações da Operação Faroeste, da Polícia Federal, a desembargadora Ilona Márcia Reis deu entrada, no fim de 2020, em um pedido de aposentadoria voluntária do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Ao tomar conhecimento, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou com urgência ao relator, o ministro Og Fernandes, do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que o benefício não seja concedido à ré, que é acusada de ser integrante de organização criminosa e ter praticado ainda crimes de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro. Desembargadora Ilona Reis (Foto: Divulgação/TJBA) Atualmente, ela está afastada cautelarmente do cargo que exerce no tribunal baiano. Para o ministério, a aposentadoria pode frustrar a possível condenação de fazê-la perder o cargo público. Ainda na visão do MPF, a aposentadoria seria uma tentativa de fugir dos processos investigativos que apontam indícios de atividade criminosa em que ela estaria envolvida.>
O ministério justificou que a concessão de aposentadoria voluntária pressupõe que o funcionário público esteja em condições dignas, o que não seria o caso, e solicitou ainda que o benefício só seja avaliado após a conclusão do processo penal que incorre sobre ela. >
Operação Faroeste>
A investigação apura a venda de sentenças judiciais na Bahia e foi iniciada em 2019. Existe a suspeita de envolvimento também do titular da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP), Maurício Teles Barbosa, da chefe de gabinete dele, a delegada Gabriela Caldas Rosa de Macedo. Por esse motivo, os dois estão afastados das funções. A também desembargadora Lígia Maria Ramos Cunha Lima, 68 anos, é suspeita e foi presa. O processo corre em sigilo.>
A desembargadora e ex-presidente do TJ-BA, Maria do Socorro Barreto Santiago foi presa em novembro de 2019 acusada de estar envolvida no esquema de venda das decisões. >
Os magistrados movimentaram, desde 1º de outubro de 2013, cerca de R$ 105 milhões em suas contas bancárias. Os valores constam na decisão em que o ministro Og Fernandes, autoriza a ação contra a cúpula do TJ e foram baseados em relatório elaborado pela Polícia Federal a partir da quebra dos sigilos bancários dos alvos da Faroeste. >
As quebras de sigilo revelaram ainda movimentações atípicas de outros três desembargadores afastados. Nos últimos seis anos, entraram e saíram das contas bancárias de José Olegário Caldas, Maria do Socorro Barreto Santiago e Maria da Graça Osório Leal R$ 22,36 milhões, R$ 17,49 milhões e R$ 13,37 milhões, respectivamente.>
Já os juízes Sérgio Humberto Sampaio e Marivalda Almeida Moutinho movimentaram R$ 14,16 milhões e R$ 12,53 milhões. Os cinco magistrados também operaram altas somas sem origem ou destino identificados e créditos em valores muito acima do total de salários pagos a eles no período.>
Durante a quinta fase da operação, a desembargadora Sandra Inês Rusciolelli, também do TJ-BA, e o seu filho Vasco Rusciolelli, foram presos acusados da venda de sentenças relacionadas a grilagem no Oeste baiano, a operação investiga possíveis crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de organização criminosa. Junto com a desembargadora e seu filho, também foi preso o advogado Vanderlei Chilante.>