Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2021 às 11:32
- Atualizado há 2 anos
O presidente Jair Bolsonaro chegou sem máscara à inauguração de um trecho da duplicação da BR-101, em Feira de Santana, na manhã desta segunda-feira (26). Ele cumprimentou apoiadores e, em seguida, se dirigiu ao palco, onde colocou a máscara de proteção. O uso da máscara em ambientes públicos é obrigatório na Bahia por decreto estadual.>
O avião presidencial chegou ao aeroporto de Salvador por volta das 10h. A comissão seguiu de helicóptero até Conceição do Jacuípe e depois foi de carro para Feira. Nesse último trajeto, Bolsonaro ficou com o porta aberta e o corpo para fora do carro, o que é uma infração grave de trânsito, prevista no artigo 235 do Código Brasileiro de Trânsito.>
Bolsonaro pediu que os apoiadores que estavam no evento se aproximassem do palco. Neste momento, as pessoas, que usavam camisas verde e amarelo, se aglomeraram na grade de proteção. Muitos gritaram "mito, mito, mito".>
"Pedi pra liberar o povo para vir, porque um evento desse sem povo não existe. Vejo uma placa ali que o povo está comigo... É o contrário. Eu quem estou com o povo! Vocês dão o norte sempre", afirmou o presidente, ao subir no palco. "Satisfação estar na Bahia, onde nasceu o Brasil". >
Bolsonaro criticou medidas de fechamento de comércio tomadas em vários estados, inclusive na Bahia, para evitar a disseminação do covid-19. "Tá chegando a hora do Brasil dar um novo grito de independência. Não podermos admitir alguns pseudo governadores quererem impor a ditadura no meio de vocês, usando do vírus para subjugá-los. Nós tratamos a questão do vírus com muita responsabilidade, mas sempre disse que além do vírus tínhamos que nos preocupar com o desemprego. Não foi o governo federal que obrigou vocês a ficar em casa, que fechou o comércio, que destruiu milhões de empregos. Podem ter certeza: esse suplício está chegando ao fim. Brevemente voltaremos à normalidade", disse ele.>
Na semana passada, após seguidas declarações de que "seu Exército" não iria às ruas contra o povo, o chefe do Executivo disse que as Forças Armadas podem "acabar com essa covardia de toque de recolher". As tropas, de acordo com ele, fariam valer o artigo 5º da Constituição para garantir o direito de ir e vir das pessoas.>
Durante a visita, o presidente atacou uma repórter do SBT, que o questionou sobre a foto em que ele aparece com uma placa escrito "CPF cancelado" (expressão popularizada para falar sobre mortes de suspeitos de crimes). "Você não tem o que perguntar não? Você é idiota?", respondeu o presidente à jornalista (veja mais abaixo).>
[[galeria]]>
Bolsonaro estava acompanhado do ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, pasta responsável pela obra, e do ministro da Cidadania, João Roma. A inauguração é de um trecho de 22 km, ligando Feira a Esplanada. As obras de duplicação do trecho de Feira a Sergipe, que tem 165 km, foram iniciadas ainda em 2014, na época do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).>
Sindicato repudiaBolsonaro não quis responder a um questionamento feito por uma jornalista da TV Aratu. "O senhor foi criticado sobre uma foto postada dizendo 'CPF cancelado' num momento que tantas pessoas morreram. O que senhor tem a dizer sobre isso?", questiona Driele Veiga. "Você não tem o que perguntar não? Deixa de ser idiota", rebate Bolsonaro. "O presidente agredindo a repórter verbalmente", diz a jornalista para o apresentador Casemiro Neto. "Acabou de me chamar inclusive de idiota por conta de uma pergunta a respeito de uma foto publicada por ele, que ele recebeu muitas críticas por conta do momento que a gente vive com mais de 300 mil pessoas mortas (por covid)".>
Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) lamentou o comportamento do presidente, repudiando o fato dele chamar a repórter de idiota "somente por estar exercendo seu ofício que é entrevistar aquele investido em cargo público". Presidente da entidade, Moacy Neves afirmou que o xingamento revela uma faceta imatura e autoritária de Bolsonaro, que teria dificuldade em convier com a crítica e o contraditório.>
“É comum que pessoas imaturas e políticos autoritários ajam com grosseria, falta de educação e violência quando confrontados com seus erros e irresponsabilidades, aumentando o grau de irracionalidade quando se tratar de um homem e do outro lado estiverem as mulheres”, diz ele. “A maior autoridade do país não pode incentivar desrespeito aos direitos humanos e nem agir com grosseria com a imprensa, que é os olhos e a forma de comunicação entre os poderes e a sociedade”, acrescenta.>