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Preconceito e tabu atrapalham denúncias de abuso contra meninos

Segundo especialistas, estupros costumam ser subnotificados por medo e vergonha

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 9 de julho de 2025 às 06:00

Casos de estupro de homens cresceram 95% na Bahia em dez anos Crédito: Pexels

Na infância, episódios de estupro costumam ocorrer dentro de casas, de acordo com informação sobre abuso infantil disponível no painel online do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH). Os sinais do crime podem ser percebidos pelas mudanças comportamentais da criança e as denúncias devem ser feitas pelos responsáveis. Na vida adulta, relatar às autoridades a violência sexual sofrida implica uma dificuldade maior, sobretudo quando a vítima é um homem.

“Nossa sociedade é muito machista e isso faz com que as pessoas entendam que homens não são violentados sexualmente, atrelando isso à masculinidade. Inclusive, homens são estuprados como forma de vingança outros grupos de homens, que acreditam estar tirando a masculinidade da vítima quando praticam tal ato”, aponta Marinho Soares, advogado criminalista e ex-gestor em Segurança Pública e Justiça Criminal pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

O preconceito também se estende à sexualidade, uma vez que gênero e orientação social são conceitos ainda de difícil desassociação na sociedade. É daí que o especialista afirma que a vítima costuma se retrair e optar pelo silêncio, na vida adulta, por receio de ser visto como homossexual.

Além disso, o tabu imposto aos homens de não falar dos sentimentos desde a infância, perpetrado por frases-chave como ‘homem não chora’, criam mais uma barreira que impede a denúncia após um episódio de estupro. “Em muitos cenários, eles não tiveram alcance a estratégias de enfrentamento, como com quem conversar, onde denunciar, a quem recorrer para cuidar da saúde”, analisa Anderson Reis, professor da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pesquisador sobre a saúde do homem.

“Ressalta-se que muitos homens vivenciaram estupro na infância e podem ter experenciado a violência em contextos desfavoráveis, hostis e difíceis de acesso à recursos individuais, familiares e sociais de apoio à notificação da ocorrência do estupro tendo os homens como vítimas”, complementa Anderson.

Uma vez que a denúncia é a forma mais recomendada de buscar justiça pela violência sofrida e de registrar um dado que pode subsidiar políticas públicas de enfrentamento, o professor destaca a relevância de ações voltadas para a educação emocional de homens.

“É importante que as ações de educação, atenção psicossocial, cuidados em saúde, comunicação social sobre a temática e os mecanismos jurídicos ajam em conjunto e de maneira presente e continua junto aos meninos e homens, como forma de prevenir e impedir o ciclo da violência”, finaliza.

A reportagem procurou a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) para saber quais iniciativas estão sendo desenvolvidas para frear e alertar para casos de estupro de homens, bem como para atuar no acolhimento às vítimas. A pasta não retornou até o horário de publicação da matéria.