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Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2021 às 23:23
- Atualizado há 2 anos
Ainda não é possível calcular todos os estragos que as fortes chuvas causaram no interior da Bahia. Enquanto os temporais continuam a castigar as regiões mais ao sul do estado, pessoas continuam perdendo móveis, casas e até suas vidas. No município de Caetanos, no sudoeste baiano, não é diferente. Famílias estão ilhadas, em situação de risco, há pelo menos 10 dias, após dois rios transbordarem.>
O caso acontece na comunidade rural Fazenda Riachão do Gado Bravo, que é banhada pelos rios Riachão e Gavião. A região enfrenta problemas há anos, sem pontes, e sempre que ocorre uma enchente os moradores ficam ilhados, sem ter meios de sair ou de receber qualquer ajuda de fora.>
Desta vez não foi diferente. Com as chuvas que castigam a região, a população local se viu novamente em uma situação desesperadora. Os rios transbordaram de novo e estão todos presos no espaço elevado de terra onde construíram suas casas.>
Em vídeo gravado por moradores da comunidade, obtido pelo CORREIO, é possível ver o nível elevado da água e um grupo de homens atravessando o rio a nado, enquanto arrastam uma caixa d’água que abriga uma menina com pneumonia, que precisava de tratamento. >
Maria do Socorro Vieira, 54 anos, que mora no local, contou como a situação tem sido difícil para todos, especialmente para as pessoas enfermas, idosos e crianças.“Tem muitos anos que enfrentamos essa situação de agora. Temos pessoas enfermas que não têm como ir ao médico. Os rios Gavião e Riachão do Gado Bravo não têm pontes, e quando é tempo de chuva, ficamos sem saída”, diz Socorro.Ela compartilha a história de uma prima de 8 anos que faleceu após adoecer e não conseguir tratamento médico pois estava ilhada por conta das chuvas que atingiram o local, há 5 anos.>
Agora, Socorro vê outras pessoas doentes passando pelas mesmas dificuldades. “A gente nunca conseguiu ajuda para resolver essa situação”, comenta.“Tem muitos idosos e crianças também. Meu pai mesmo faz 90 anos agora em fevereiro e está nessa situação”, emenda Socorro.Sua irmã, Janecleide Vieira, que mora em São Paulo, não consegue conter a preocupação com a família. “Tem anos que pedimos uma ponte para prefeitos e vereadores. Quando é época de eleição aparecem deputados, mas ninguém faz nada pela população.”>
As esperanças da população se esvaem quando o único mercado que abastece a comunidade já está sem alimentos no estoque, e sem ter como receber mais mercadorias. Água potável também é uma preocupação para os moradores. >
Lá também não pega sinal de telefonia e, quando chove muito forte, a luz cai. "Só Deus pode interceder por nós. É uma situação muito desesperadora”, comenta Socorro.>
A reportagem tentou contato com as assessorias de órgãos responsáveis para comentar a situação, mas até a publicação da reportagem não havia retorno.>