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Wendel de Novais
Publicado em 27 de maio de 2025 às 09:19
Se a facção MK, com atuação em Camaçari e Região Metropolitana (RMS), mandava matar alguém, a chance de o executor do crime ser Jonathan Santana Valverde, o Dom, foi grande por anos, até o traficante iniciar uma fuga interestadual da polícia. Uma escapada que teve fim na noite de segunda-feira (26), quando o criminoso, que era o Dez de Ouro do Baralho do Crime da Secretaria de Segurança Pública (SSP), foi preso. >
Dom foi localizado na cidade de Barra de São Miguel, em Alagoas, a cerca de 500 km de Camaçari, em uma operação da Polícia Civil da Bahia e do Departamento de Homicídios de Alagoas. O traficante estava em um resort quando foi alcançado pelos policiais. De acordo com a SSP, ele é apontado como executor de diversos homicídios ligados a um grupo criminoso com atuação no tráfico de drogas. >
O grupo em questão é a facção MK, que já foi tema de matéria do Correio. Segundo uma fonte policial consultada pela reportagem, apesar de não ocupar um cargo de alta liderança da facção fundada por Meiquinho e Kila, Dom é um dos indivíduos mais perigosos do grupo. “Ele é o sanguinário da facção. Casos de mortes brutais são investigados com ação dele. Se era para matar alguém, com ele, não tinha qualquer cerimônia. Absolutamente perigoso e violento”, diz o policial, sem se identificar. >
Veja quem são os traficantes da facção MK
Prova do relato da fonte é que, contra ele, havia quatro mandados de prisão expedidos pela Vara do Tribunal do Júri de Camaçari, referentes a investigações conduzidas pela 4ª Delegacia de Homicídios (DH) do município. Tanto é que, só em 2023, Dom foi denunciado por dois homicídios. O primeiro deles ocorreu no dia 2 março, na região do distrito de Parafuso. >
De acordo com processo do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ), Dom matou a tiros o motorista de aplicativo Rodrigo Costa Araújo. O corpo da vítima foi encontrado carbonizado por familiares, na madrugada do dia 3 de março, dentro do carro em que Rodrigo trabalhava. No entanto, a investigação policial mostrou que a vítima teria sido queimada depois de morta. >
“O laudo necroscópico aponta que o ofendido faleceu de traumatismo crânio encefálico por projétil de arma de fogo. Da mesma forma, o laudo de exame pericial de local do crime aponta que o veículo se encontrava afastado do ponto onde houve derramamento de sangue, sendo movido até o local onde foi queimado a 200 metros”, aponta o inquérito policial que baseou a denúncia. >
A motivação do crime seria o fato de Dom acreditar que Rodrigo tinha furtado drogas da MK e, por isso, atraiu a vítima alegando que teria corrida no local onde ele pôde praticar o crime, configurando uma ação de emboscada. Cinco meses depois, já em agosto, Dom, na companhia de comparsas, matou também Evaristo Barbosa Neto no bairro Alto da Cruz, em frente a um depósito de bebidas. A vítima estava de costas quando foi atingida por disparos dos criminosos na cabeça e no peito. >
A prisão foi resultado de um trabalho contínuo de inteligência, iniciado há dois meses, que monitorava os deslocamentos e a rotina do investigado. Conforme apurado, Jonathan residia em um resort de luxo e viajava à Bahia exclusivamente para cumprir ordens de execução de rivais, agindo como principal matador do grupo. >