Sem Rui, grupo ligado ao PT se dispersa em cortejo

Governador avisou que médicos vetaram sua participação na Lavagem do Bonfim

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 20:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho

A ausência do governador Rui Costa (PT) na Lavagem do Bonfim nesta quinta-feira (16) acabou provocando a dispersão de seu grupo político no decorrer do cortejo. Por recomendação médica, após uma cirurgia, o líder petista informou que não participaria do cortejo este ano. O vice-governador João Leão (PP) e o senador Jaques Wagner (PT) estiveram na concentração para o o desfile, na Igreja da Conceição da Praia, mas também foram ausências durante a caminhada para o Bonfim. 

Em sua conta no Twitter, Rui disse ter insistido para conseguir a liberação médica, mas não foi liberado para a festa. “Não teve jeito: depois de passar por nova avaliação agora pela manhã, não consegui liberação médica. Mas tudo bem, vou acompanhar tudo de casa e assim que puder, irei ao Bonfim fazer minhas orações”, disse.

Logo em sua chegada ao Comércio, Wagner minimizou qualquer prejuízo para o seu grupo político em virtude da ausência de Rui Costa, mas reconheceu que sem ele, o prefeito ACM Neto iria “brilhar sozinho” durante o cortejo. “É claro que se Rui não está aqui e o prefeito está presente, as atenções vão se voltar para ele, é natural”, disse. 

O senador reconheceu que preferia já ter um nome do PT escalado para disputar a prefeitura, porém ponderou que sem um nome natural, a escolha precisa ser feita com bastante calma. “O ideal era que já tivéssemos um nome, mas nós não construímos este nome novo em 2016 e agora não temos alguém que possamos apontar como um candidato natural na disputa. Vamos buscar trabalahr para que até fevereiro, quem sabe na festa em homenagem a Iemanjá, que também é muito forte na Bahia (2 de fevereiro), já não tenhamos essa definição”, ponderou. 

Lembrando a sua eleição ao governo do estado em 2006 e a última eleição para o Senado na Bahia, quando Angelo Coronel (PSD) foi eleito mesmo com as pesquisas indicando uma derrota dele, Wagner minimizou a possibilidade de prejuízos por conta da demora na definição do candidato do PT. “Primeiro que a base do governador não terá apenas um candidato. Já existem outros que estão postos. O do PT será mais um”.

“A base do governo vai definir se vão ser dois, três ou quatro candidatos. A base cresceu e se consolidou muito. Em 2008 tinha três ou quatro candidatos e fomos ao segundo turno. Na eleição, o povo começa a se interessar em agosto e outubro”, disse o petista.

Ao ser questionado sobre a delação de um empresário que relata ter entregue propina a um suposto operador financeiro ligado a Wagner, o senador lamentou ter tomado conhecimento da situação através da imprensa e criticou os vazamentos. “Sentimento de tristeza pelos caminhos que parte do MP e do judiciário têm tomado. Isso é ridículo, um absurdo. Sou citado, não passei nem na porta daquela obra (Edifício Pituba), não tive nada haver com isso, não sei nada disso”, afirmou. 

Segundo o secretário estadual de Saúde, o médico Fábio Vilas-Boas, Rui está com a saúde em dia. “Ele está bem, se recuperando da cirurgia até de maneira surpreendente. Mas o procedimento foi feito há duas semanas, então ainda é cedo para ele se envolver em um trabalho intenso como este”, avalia. 

Entre os nomes citados como possíveis cotados para integrar a chapa do grupo político do governador ao Palácio Thomé de Souza, Vilas-Boas faz questão de afastar a possibilidade. “Eu me sinto envaidecido, mas não tem nenhum tipo de articulação neste sentido por parte das forças políticas que sustentam o governo”, respondeu. “Isso nunca foi cogitado comigo em nenhum momento, o que existe é apenas especulação”. 

Sem um nome forte para seguir durante o trajeto entre o Comércio e a Colina Sagrada, a base de apoio a Rui se espalhou em meio à multidão. O bloco do pré-candidato Robinson Almeida, deputado estadual, chegou cedo ao Bonfim. Ele estava no átrio da igreja quando se iniciou o ritual de lavagem das escadarias. A secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia, Fabya Reis, também. O ex-ministro Juca Ferreira, outro possível nome petista, foi visto junto à multidão na colina. 

Próximo à Calçada, o secretário de Desenvolvimento Urbano, Nelson Pelegrino, que apesar de não ter se colocado como pré-candidato é sempre citado como um possível postulante à Prefeitura de Salvador, chegou a caminhar junto com o bloco de Neto. Após se dar conta, deu meia volta em busca de seus correligionários. 

Manuela D'Ávila,   ex-candidata à vice-presidência da República pelo PCdoB na última eleição,  esteve no Bonfim para oferecer apoio à pré-candidatura da deputada estadual Olívia Santana à prefeitura. “A candidatura de Olívia não é importante para a gente (do PCdoB), é importante para a cidade de Salvador. Eu acredito que aqueles defendem a edução pública, a saúde pública e que valorizam o que é público torcem para que ela seja bem sucedida”, destacou Manuela. 

Ela aproveitou para fazer críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro, que para ela estaria destruindo o estado brasileiro. “Este é um governo que tem como projeto a retirada de direitos trabalhistas, direitos previdenciários e que quer acabar com a educação pública”, disse. 

Olívia Santana afirmou que a sua candidatura é irreversível e que atenderia a um anseio da sociedade.