Taxista é morto a tiros em tentativa de assalto em Candeias

Domingos José Lisboa, 59 anos, tinha acabado de fazer uma corrida e voltava para casa

  • Foto do(a) author(a) Amanda Palma
  • Amanda Palma

Publicado em 5 de outubro de 2015 às 12:22

- Atualizado há um ano

O taxista Domingos José Lisboa, 59 anos, foi morto a tiros durante uma tentativa de assalto na tarde deste domingo (4), enquanto retornava para casa, em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador. Domingos estava em seu táxi, um Prisma branco, quando foi atingido por dois disparos. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu e morreu.(Foto: Amanda Palma)O crime aconteceu por volta das 17h, na entrada do bairro Urbis I. De acordo com moradores do bairro, Domingos voltava para casa, após o trabalho, para buscar a esposa e a neta e levá-las ao parque. Logo na entrada do bairro, ele reduziu a velocidade para passar por dois quebra-molas, quando foi abordado por dois homens armados.

Segundo o delegado Marcos Laranjeiras, titular da 20ª Delegacia, os bandidos anunciaram o assalto, mas o taxista acelerou o carro, no intuito de escapar da situação, e acabou sendo atingido por dois tiros no braço e ombro esquerdo. Ferido, Domingos perdeu o controle da direção e acabou batendo em outro carro que estava na rua.

Os bandidos fugiram sem levar nada. “Foi uma tentativa de assalto. Eles queriam levar o carro da vítima, mas não conseguiram e acabaram fugindo por um terreno baldio que fica próximo ao local”, afirmou o delegado.

Ele foi socorrido por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado para o Hospital Ouro Negro, mas não resistiu.  Segundo vizinhos, Domingos teria sofrido um infarto durante o assalto, mas a informação não foi confirmada pelo delegado. “O que sabemos até o momento é que ele morreu em decorrência dos tiros, mas só o laudo é que pode confirmar isso”, disse Laranjeiras.(Foto: Amanda Palma)O corpo da vítima foi encaminhado para o Departamento de Polícia Técnica (DPT), em Salvador. O enterro está marcado para acontecer às 9h, nesta terça-feira (6), no Cemitério Municipal de Candeias.

Segundo o delegado Marcos Laranjeiras, imagens de uma câmera da Prefeitura que está na rua onde aconteceu o assalto foram solicitadas para análise. O dono do carro que estava na rua e foi atingido pelo táxi já foi ouvido pela polícia. Uma outra testemunha também será ouvida. A família do taxista não quis falar com a reportagem. Ele deixa cinco filhos. 

Vizinhos contam que Domingos sempre fazia corridas com moradores do bairro. “Ele sempre estava disponível para levar a gente em qualquer lugar. A gente ligava e ele ia. Era uma pessoa muito boa, muito calma”, contou o morador. 

RodoviáriaDomingos não tinha vínculo com cooperativas e trabalhava em um ponto na rodoviária da cidade.  Há cerca de seis anos ele fazia ponto na rodoviária da cidade. Os colegas de categoria lamentaram a morte de Domingos. Segundo eles, os assaltos contra taxistas são constantes. 

“Era uma pessoa gente boa, amigo de todo mundo. Era um cidadão do bem que morreu por causa da violência”, disse o taxista Orêncio dos Santos Cardoso, 52 anos. Ele também já foi vítima da violência, há cerca de três anos e diz que tem medo da rotina. “Eles me pediram uma corrida, quando chegou em um bairro, mandaram eu descer, me deram uma coronhada na cabeça. Roubaram meu carro e ainda queimaram. Só consegui escapar porque saí correndo”, contou.

Já Reginaldo de Sena, 62 anos, conta que foi assaltado no mesmo bairro onde Domingos foi morto, há dois meses. O taxista conta que o homem pediram o táxi no ponto da rodoviária e quando logo na entrada do Urbis I, eles anunciaram o assalto. “A câmera daqui chegou a gravar, mas não conseguiram identificar quem era”, lamenta. 

Eles também reclamam da falta de segurança na rodoviária da cidade. “Antigamente tinha um posto da polícia aqui e eles tiraram. Agora ficamos aqui expostos”, reclama Reginaldo.

Os taxistas já sabem que em alguns bairros da cidade correm mais risco de serem assaltados, como os da periferia. “Já aconteceu comigo. Eles levaram o carro, mas graças a Deus não aconteceu nada comigo. Quando a gente dá sorte, fica vivo”, diz Eliezer Nascimento, 59. 

Rota de fugaOs moradores do Urbis I afirmam que os índices de roubo a carro e assaltos têm crescido na região. E a maior parte das ocorrências acontece logo na entrada do bairro, no mesmo local onde Domingos foi baleado. “Aqui só tem a mesma entrada e saída, não tem outras saídas para fugir. Então, eles abordam logo na entrada”, contou um morador.

Segundo o delegado Marcos Laranjeiras, o município de Candeias acaba se tornando alvo dos assaltantes por se localizar próximo a rodovias. A cidade fica próxima à BR-324 e é cortada pelas BA-522 e 523, onde fica localizado o bairro Urbis I. “Candeias acaba sendo uma rota de fuga para Dias D'Ávila, Camaçari e outros municípios próximos”, afirmou.

Taxistas mortosEntre os meses de junho e julho deste ano, três taxistas foram mortos em Salvador. O primeiro caso foi do taxista Antonio Silva Santos, 52 anos, morto na rua Aloísio Mascarenhas, próximo ao supermercado Maris Pães, no bairro do Stiep, no dia 25 de junho. O homem entrou no táxi em um local também ainda indefinido, e solicitou a corrida até a Rua Aloísio Mascarenhas, onde matou o taxista com um tiro na altura do ombro. Após ser baleado, Antônio Carlos ainda chegou a ser amparado por populares, mas não resistiu e morreu no local.

O segundo caso foi do taxista Rodrigo Gonçalves Lopo Dantas, 42 anos. Ele foi encontrado morto ao lado do táxi que ele trabalhava, na localidade de Cajazeiras de Abrantes, em Camaçari. Ele estava com marcas de tiros na cabeça e nas costas, no dia 9 de junho.

Em 5 de julho, o taxista Carlos André Castilho dos Santos, 36 anos, foi abordado por seis homens armados quando passava pela Rua Apolinária Maria José Silva, próximo ao Conjunto Arvoredo. Os suspeitos atiraram diversas vezes contra a vítima, que morreu no local.