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Larissa Almeida
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 05:00
A Carteira de Identidade Nacional (CIN) surgiu com a proposta de simplificar a identificação ao extinguir o número do Registro Geral (RG), manter o CPF como número único e disponibilizar a versão digital – para além da versão física – do documento. Tanta novidade, no entanto, ainda não chegou para todos. É que, desde que começou a ser emitido, em julho do ano passado, o ‘novo RG’ só contemplou 8% dos baianos. >
Segundo dados da Secretaria da Administração do Estado da Bahia (Saeb), mais de 1,2 milhão de pessoas no estado adquiriu o novo documento na Rede SAC desde a implementação. O número é equivalente a 8% da população do território estadual, que é estimada em 14.850.513 habitantes, com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). >
A estudante de Direito Marianna Alves, 23 anos, foi uma das primeiras a procurar pelo novo documento. “Eu precisava para iniciar o processo da carteira de habilitação, porque o Detran não estava mais aceitando o anterior. Só que foi uma busca longa. Muitos postos estavam sem data e sem horário. Eu ficava olhando em todos os lugares disponíveis no aplicativo. O que me ajudou foi o Twitter, já que algumas pessoas publicam quando algum posto disponibiliza as vagas”, relata. >
O estudante de Psicologia Pedro Nascimento passou por situação parecida. Ele conta que ficou esperando cerca de um ano para conseguir a CIN. “Eu fiz meu último RG com 17 anos, meu rosto mudou, minhas feições mudaram, e o próprio documento estava desgastado, então fazia quase um ano que eu planejava fazer um novo, mas nunca conseguia o agendamento. Só consegui o documento no mês passado, depois de meses e meses tentando”, diz. >
A dificuldade para conseguir um agendamento não foi exclusiva de Marianna e Pedro. Na realidade, o que não faltam são queixas de baianos que tentam encontrar datas para emitir o novo RG e não têm sucesso. Esse motivo, inclusive, é uma das razões para o novo documento estar em mãos de tão poucos baianos diante da população total do estado. >
Para a Saeb, o que explica os entraves no agendamento é a alta demanda, que, conforme enfatiza a pasta, não reflete uma real urgência. “A grande procura pelo documento é um somatório de necessidade real e impulso pela novidade. Um dado que leva a essa dedução lógica é a quantidade de documentos represados nos postos SAC neste período. Já existem mais de 50 mil novas carteiras de identidade ‘esquecidas’ nos postos SAC”, escreveu, em nota. >
Ainda de acordo com a pasta, a capacidade atual de atendimento mensal da CIN na Rede SAC é de 151.120, sendo que este número ainda está em crescimento com as ações que têm sido desenvolvidas para acelerar o andamento das emissões. A secretaria afirma que a quantidade de atendimentos da CIN realizados na Rede SAC supera a quantidade de atendimentos do modelo antigo do RG em 74,89%. >
“A Bahia, inclusive, foi o estado brasileiro que, no menor intervalo de tempo, chegou a essa marca de 1 milhão de documentos emitidos. O SAC alcançou esse número em 27 de maio de 2025, totalizando 11 meses de operação. O estado do Piauí, que é referência nacional na emissão da CIN, precisou de 25 meses de operação para alcançar essa marca”, frisou. >
Quanto a reclamação dos baianos que tentam fazer o novo RG, a Saeb pede que o contexto seja levado em consideração. “Requerer o documento é um direito legítimo de todo e qualquer cidadão brasileiro. Entretanto, é preciso salientar que a troca de documentos, de uma maneira geral, não é urgente. O RG (modelo antigo), respaldado pelo decreto nº 10.977/2022, tem validade de 10 anos e pode ser utilizado pela população normalmente até fevereiro de 2032”, finaliza a pasta. >