Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 15 de dezembro de 2015 às 11:17
- Atualizado há 3 anos
Um novo estudo genético publicado nesta terça-feira (15) na revista científica Cell Research desvendou a história da migração dos cães domésticos pelo mundo. De acordo com a pesquisa, os cães tiveram origem no sudeste da Ásia, há 33 mil anos. A partir daí, começaram a se espalhar pelo planeta.>
Sob a liderança de Ya-Ping Zhang, da Academia Chinesa de Ciências, os cientistas sequenciaram os genomas de 58 membros da família dos canídeos, incluindo 12 espécies de lobos, 27 cães primitivos da Ásia e da África e uma coleção de 19 raças de cães de todo o mundo.Novo estudo revela mistério de 33 mil anos(Foto: Reprodução)Com base nas análises dos genomas, os cientistas descobriram que os cães do sudeste da Ásia têm um grau mais alto de diversidade genética que todos os outros animais estudados - e têm o parentesco mais próximo com os lobos. Uma das conclusões da análise genética é que, há cerca de 33 mil anos, em alguma parte do sudeste asiático, os cães se diferenciaram geneticamente dos lobos.>
Há cerca de 19 mil anos, a última glaciação estava no fim e o recuo das geleiras permitiu que a nova espécie - o cão doméstico - começasse a se espalhar por outras áreas do mundo. O estudo mostra que há cerca de 15 mil anos um subconjunto dos cães originários do sudeste asiático começou a migrar em direção ao Oriente Médio e à África.Novo estudo revela mistério de 33 mil anos(Foto: Reprodução)Os autores acreditam que nessa fase os cães migraram sozinhos, sem participação humana. Os cães chegaram à Europa há cerca de 10 mil anos, segundo o estudo. Mas dessa vez, segundo os autores do estudo, é provável que a migração tenha ocorrido graças a movimentos de populações humanas, que teriam levado os cães com elas.>
Também há cerca de 10 mil anos, segundo o estudo, uma parte dos cães que havia se estabelecido no Oriente Médio migrou para a China. Ali, esses grupos encontraram cães que haviam migrado diretamente do sudeste da Ásia para a China. Os dois grupos se misturaram. >
Em data incerta, o novo grupo de cães domésticos que se originou na China, de acordo com o estudo, teria migrado para o Alasca. Os cães começaram então a se espalhar pelas Américas. Segundo os autores, é provável que a domesticação dos cães tenham sido um longo processo que teve início com um grupo de lobos que se tornou vagamente associado aos humanos - possivelmente as duas espécies tiveram benefícios mútuos na hora de caçar. >
A partir daí, longos processos de cruzamento e uma seleção das características mais favoráveis gradualmente favoreceram a ligação entre cães e humanos - um processo conhecido como “autodomesticação”. “Enquanto os cães estabeleciam laços cada vez mais fortes com os humanos - uma tendência possivelmente reforçada pela origem da agricultura no Oriente Médio e na China -, emergia uma forte seleção de genes envolvidos no metabolismo e na morfologia dos animais”, diz o artigo.>
“Nosso estudo, pela primeira vez, começa a revelar uma ampla e complexa paisagem sobre a qual uma cascata de pressão seletiva ocorreu durante a domesticação dos cães. O cão doméstico representa uma das mais belas obras genéticas esculpidas pela natureza e pelo homem”, afirmam os autores. >
No estudo, foram analisados os genomas de oito raças europeias de cães, além de raças da Ásia central (Galgo afegão), do norte da África (Sloughi), da América (Chihuahua), do Tibete (Mastiff tibetano e do Ártico e da Sibéria (Samoieda, Husky siberiano, Laika, Cão da Groenlândia e Malamute do Alasca). >