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Maysa Polcri
Publicado em 22 de maio de 2025 às 16:47
O corte de verbas que impacta diretamente no funcionamento de universidades de todo o país mobilizou mais de 60 entidades que assinaram uma nota contrária à restrição orçamentária. O documento, divulgado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), aponta "preocupação" sobre o rumo das instituições diante da crise. Na Universidade Federal da Bahia (Ufba), por exemplo, uma resolução limita o uso de ar-condicionados e elevadores. >
"Mais de 90% da pesquisa científica brasileira é resultado das pesquisas realizadas nas universidades públicas do país. A limitação orçamentária imposta não apenas ameaça a continuidade das pesquisas, como também compromete a formação de profissionais altamente qualificados, essenciais para o desenvolvimento econômico, social e tecnológico do país", ressaltam as entidades. >
A ABC e SBPC pontuam ainda que as universidades públicas são ferramentas essenciais para as mudanças sociais. "Essa política não atinge apenas a ciência – destrói um dos principais mecanismos de ascensão social no Brasil. As universidades públicas são a porta de entrada para milhares de estudantes pobres, negros e periféricos que dependem delas para romper o ciclo da desigualdade, empurrando os mais vulneráveis para o ensino privado e o endividamento", completam. >
Entre as entidades que assinaram o documento estão a Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI). Neste mês, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) também publicou um comunicado criticando os cortes. >
Andifes
Sobre os cortes orçamentáriosNo dia 30 de abril, um decreto publicado pelo Governo Federal (12.448/2025) reitirou R$ 2,5 bilhões do orçamento do Ministério da Educação (MEC). As instituições brasileiras devem receber apenas 61% da verba anual até novembro. O MEC afirma que tem feito esforços para recuperar o orçamento das universidades desde 2023. "Essa recuperação é necessária em função das grandes perdas que as universidades sofreram nos anos de 2020, 2021 e 2022", pontua a pasta. >
Na Bahia, a maior instituição de ensino do estado, a Universidade Federal da Bahia (Ufba), enfrenta os reflexos do corte de investimentos. Em abril, foi publicada uma portaria que determina a redução do uso de aparelhos de ar-condicionado. O uso só deve ser permitido nos espaços onde não há janelas, além de áreas como bibliotecas, arquivos, museus, laboratórios e salas com equipamentos sensíveis a temperaturas elevadas.>
Além disso, os prédios só deverão manter um elevador em funcionamento, a não ser que os equipamentos sejam utilizados para transportar macas de pacientes ou pessoas com com dificuldades de locomoção. "Os valores de custeio constantes no orçamento da Ufba não têm acompanhado o aumento dos gastos resultantes do crescimento da universidade e dos custos da gestão dos contratos", diz o documento. Relembre as crises mais recentes envolvendo a Ufba>
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