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Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2017 às 13:42
- Atualizado há 2 anos
Os acionistas da empresa JBS e o mercado financeiro de modo geral foram os mais prejudicados pelo crime financeiro praticado pelos irmãos Wesley Batista e Joesley Batista, dirigentes da empresa, de acordo com a Polícia Federal de São Paulo. Wesley foi preso preventivamente hoje (13) na capital paulista e Joesley teve prisão temporária decretada na segunda-feira (11) e foi levado para Brasília. >
De acordo com a Polícia Federal, Wesley ficará preso em São Paulo por tempo indeterminado. Já seu irmão, cuja prisão temporária vence na sexta-feira (15) que foi determinada pela Justiça em Brasília, pode ser transferido para São Paulo, onde ficará detido e cumprirá a prisão preventiva, determinada hoje pela Justiça de São Paulo. Caso o Supremo Tribunal Federal determine prorrogação da prisão ou alterá-la para preventiva, Joesley permanecerá em Brasília.>
Informações privilegiadas>
Os irmãos são acusados de se aproveitarem da informação de que a delação premiada de Joesley impactaria o mercado financeiro, com a desvalorização das ações da JBS. Entre 24 de abril e 17 de maio deste ano, foram divulgadas informações relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado pela J&F com a Procuradoria-Geral da República.>
Os investigados, que são alvos de seis operações da PF, venderam as ações da empresa, exceto a fatia de 42,5% que pertence a acionistas. Um exemplo de acionista é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do governo federal. A compradora das ações foi a FD Participações, empresa integralmente de propriedade dos irmãos.>
Foram vendidas 42 milhões de ações, no valor de R$ 372 milhões. Assim, os dirigentes da JBS evitaram que o excesso de oferta desvalorizasse as ações. Diluíram os prejuízos, com a desvalorização de 37% nos papéis, entre os acionistas. Posteriormente, os papéis foram recomprados da FD pela JBS.>
Essa operação de venda antecipada evitou prejuízo estimado em R$ 138 milhões. A forte queda no índice Bovespa também foi provocada pela manobra, que abalou a confiança do mercado, o que é essencial para atrair investimentos no país.>
Valorização do dólar>
Outra irregularidade apontada pela PF foi a compra de contratos futuros de dólar, num total de mais de US$ 2 bilhões, fazendo com que a JBS ficasse em segundo lugar na compra de dólares no país. Um dia após a divulgação da delação, houve valorização do dólar de 9%. >
As ações de hoje fizeram parte da 2ª fase da Operação Tendão de Aquiles. Os mandados foram expedidos pela 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, a pedido da PF. Além das duas prisões, foram feitas buscas nas residências dos investigados.>
Os acusados poderão responder por crime de uso de informação relevante, ainda não divulgada ao mercado, para propiciar vantagem indevida com valores mobiliários. As penas variam de um a cinco anos de prisão e multa de até três vezes o valor da vantagem ilícita obtida.>
Defesa>
Em nota, a defesa dos irmãos Batista lamenta a ação. "Sobre a prisão dos irmãos Batista, no inquérito é injusta, absurda e lamentável a prisão preventiva de alguém que sempre esteve à disposição da Justiça, prestou depoimentos e apresentou todos os documentos requeridos. O Estado brasileiro usa de todos os meios para promover uma vingança contra aqueles que colaboraram com a Justiça”.>
Em comunicado ao mercado, a JBS informou que tomou conhecimento da prisão de Wesley Batista. "A companhia ainda não teve acesso à integra dessa decisão e manterá seus acionistas e o mercado devidamente informados acerca de tal tema", diz a nota, assinada pelo diretor de Relações com Investidores, Jeremiah O’Callaghan.>