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Carol Neves
Publicado em 30 de junho de 2025 às 08:34
Um jovem de 17 anos foi detido em junho, suspeito de invadir dezenas de condomínios de luxo em várias partes do Brasil. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, o adolescente aplicava golpes com aparência sofisticada e comportamento calmo, o que o ajudava a se passar por morador nos edifícios de alto padrão. Estima-se que os furtos tenham causado um prejuízo superior a R$ 30 milhões.>
Segundo reportagem do Fantástico, o adolescente usava roupas de grife, mochilas caras e fones de ouvido, transitando com naturalidade pelos portões, sem despertar desconfiança. Em algumas ocasiões, recorria a disfarces, como perucas ou símbolos religiosos, para enganar os porteiros e acessar os prédios. "A boa aparência acaba facilitando. Ele não tem 'cara de bandido'", disse o delegado Fábio Sandrin."Com a apreensão dele, acreditamos que ficará internado até completar 21 anos.">
As imagens de câmeras de segurança mostram que o adolescente agia com desenvoltura. Em muitas situações, aproveitava momentos de distração ou esperava um morador abrir o portão para entrar logo atrás, simulando familiaridade. Também era visto acenando para funcionários da portaria, como se fosse conhecido.>
"Boa aparência, bem desinibido, com fones de ouvido, aparentemente inofensivo. Já vem até o jeito de andar. Ele agia como se fosse um garoto rico", descreveu o delegado Fábio Sanchez Sandrin, responsável pelo caso.>
Quando confrontado pelos funcionários, o jovem usava histórias convincentes. Alegava, por exemplo, ser neto de algum morador ou fazia ameaças. “Ele falava: 'vou mandar meu pai te mandar embora, você não me conhece?'. Ele tem boa lábia, acaba sendo persistente e incisivo na conversa. Muitos funcionários acabam se retraindo e cedem”, completou Sandrin.>
Objetos de luxo>
Além de entrar nos prédios com facilidade, demonstrava conhecer a planta dos locais e ia direto aos objetos de maior valor. Relatos apontam que escolhia com precisão o que levar: joias, dinheiro em espécie, relógios de luxo e bolsas caras eram alvos preferenciais. Eletrodomésticos e objetos grandes geralmente eram deixados para trás.>
Um dos episódios mais ousados foi a tentativa de entrar no prédio onde vive Fábio Wajngarten, ex-assessor de Jair Bolsonaro. Na ocasião, o adolescente utilizou nome falso e afirmou ter laços familiares com moradores, mas não conseguiu enganar os porteiros.>
A investigação mostrou que o jovem recorria a diferentes estratégias para acessar os imóveis. Tocava o interfone se passando por visitante, disfarçava-se com adereços como quipás ou perucas, e até ameaçava os funcionários para garantir a entrada. Na maior parte das ações, atuava sozinho, mas havia casos em que contava com cúmplices.>
Entre os bens subtraídos estavam joias, relógios, dólares, euros e até cofres cheios de dinheiro. Em Foz do Iguaçu, por exemplo, ele teria levado cerca de R$ 6 milhões em dinheiro vivo e objetos valiosos. Segundo a polícia, ele agiu em ao menos seis estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.>
Entre os furtos registrados estão o roubo de cofres com US$ 30 mil e €10 mil em um apartamento no Jardim Paulista e o de três relógios de grife, um anel de diamantes e mil dólares em espécie. >
Histórico>
O histórico do adolescente com crimes não é recente. A polícia afirma que ele atua desde os 13 anos. Quando tinha 14, foi apreendido após furtar joias e relógios no apartamento da médica Ludhmila Hajjar, avaliados em R$ 3 milhões. Dias depois, foi encontrado jantando com amigos no Guarujá. Na ocasião, cumpriu um período de um ano e nove meses na Fundação Casa, sendo liberado posteriormente, voltando ao mundo do crime.>
Quando foi novamente apreendido, em 17 de junho, morava sozinho em um imóvel de alto padrão e dirigia um carro de luxo. As autoridades afirmam que ele fazia parte de uma organização criminosa, e parte dos valores obtidos com os furtos era repassada a receptadores que ajudavam na revenda dos produtos.>