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Estadão
Publicado em 8 de maio de 2025 às 23:20
Uma alta de 55% no desmatamento da Amazônia em abril deste ano em comparação com o mesmo mês do ano passado ligou o alerta no governo federal. A Amazônia teve 270 km² devastados em abril de 2025 ante 174 km² no mesmo mês de 2024. >
A redução do desmatamento é uma das principais bandeiras do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na área ambiental. Desde antes de assumir o mandato, em participação na COP-27, no Egito, Lula se comprometeu em zerar o desmate até 2030.>
As informações divulgadas nesta quinta-feira (8) foram compiladas pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o monitoramento do desmate por meio de alertas rápidos. Essas informações dão uma pista a respeito dos dados consolidados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que registra taxas anuais de devastação.>
Os dados do Deter mostram ainda que houve uma estabilização no índice acumulado de desmate no período de agosto do ano passado até abril. Segundo o Deter, foram 2.542 km² devastados no bioma no período. A área é apenas 5% menor do que os 2.686 km² registrados de agosto de 2023 a abril de 2024.>
Outro recorte que mostra a área acumulada do desmate de janeiro a abril evidencia ainda mais a estagnação do processo de queda. De acordo com o Deter, nesse período foram desmatados 672 km² da floresta. O número é apenas 1% menor do que o verificado nos mesmos meses de 2024, quando foram desmatados 681 km².>
"Identificamos a situação de termos uma estabilização. Mas, como foi encontrada essa alta em abril, com certeza estamos com todos sinais de alerta, buscando fazer ajustes nas ações que são levadas a cargo do plano", afirmou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.>
A ministra não deu detalhes sobre quais seriam as causas para o aumento, mas disse que as medidas para reverter o cenário estão sendo discutidas por 19 ministérios do governo.>
As autoridades ambientais afirmaram que, apesar do cenário atual, a situação está sob controle, sobretudo por causa da redução expressiva verificada ao longo dos últimos dois anos. O Secretário Executivo da pasta, João Paulo Capobianco, afirmou que acredita que com os índices de maio, junho e julho será possível fechar a série histórica do Prodes com um resultado positivo. "O desmatamento ainda está em queda", destacou.>
O secretário Extraordinário de Controle dos Desmatamentos e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, André Lima, afirmou que o tema foi levado à Comissão Interministerial de Prevenção e Controle do Desmatamento. A ideia é que as pastas tomem medidas para conter a alta verificada em abril. "Pode ser apenas um pico que se reverte no mês seguinte, mas pode não ser", disse.>
O secretário ponderou que é natural que o processo de redução do desmate se torne mais complexo ao longo do tempo. "Emagrecer os primeiros 10 quilos é mais fácil. Emagrecer, depois disso, 2 quilos já é muito mais difícil e manter também. Vamos ter que fazer um esforço maior, calibrar melhor, trabalhar de maneira mais coordenada para continuar reduzindo e manter essa queda", afirmou Lima.>
Cerrado>
No Cerrado, a área desmatada no mês de abril representa mais que o dobro do tamanho derrubado na Amazônia. Os dados mostram que 690 km² foram alvo de desmate em abril deste ano. No mesmo mês do ano passado, foram 547,25 km² devastados no bioma.>
Considerando o período acumulado de agosto de 2024 até abril, no entanto, houve uma queda de 25% no desmate em relação ao período anterior, passando de 4.868 km² para 3.698 km².>
A ministra Marina Silva aproveitou para anunciar a criação dos planos de combate ao desmatamento nos biomas do Pampa e da Mata Atlântica. Com isso, pela primeira vez, o País terá estratégia de combate ao desmate para todos os biomas.>