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Aluguéis de até R$ 2,2 milhões e hotéis 15 vezes mais caros ameaçam COP-30 em Belém

Diplomatas e empresas cogitam boicotar evento climático por preços abusivos e países pedem mudança de sede

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Carol Neves

  • Estadão

Publicado em 1 de agosto de 2025 às 09:50

Belém do Pará
Belém do Pará Crédito: Raphael Luz / Agência Pará

A poucos meses da COP-30, marcada para novembro de 2025, a cidade de Belém, no Pará, enfrenta uma situação que ameaça a realização da conferência climática da ONU na Amazônia. Com diárias de hotéis até 15 vezes mais caras que o habitual e casas alugadas por valores que chegam a R$ 2,2 milhões pelos 11 dias do evento, delegações internacionais já formalizaram pedidos para que a conferência seja transferida para outra cidade.

"Há uma sensação de revolta, sobretudo por parte dos países em desenvolvimento, que estão dizendo que não poderão vir à COP por causa dos preços extorsivos que estão sendo cobrados", afirmou André Corrêa do Lago, presidente da COP-30, durante evento com correspondentes internacionais.

A pressão externa se intensificou após o negociador africano Richard Muyungi declarar que países solicitaram oficialmente ao Brasil a troca de sede. A situação foi confirmada por Corrêa do Lago: “Ficou público que países estão pedindo para o Brasil tirar a COP de Belém”.

Além dos altos preços, a escassez de vagas agrava o problema. A cidade dispõe de cerca de 36 mil leitos, considerando hotéis, casas de temporada e navios. Ainda assim, telegramas diplomáticos revelam que governos, como o da China, têm encontrado “grande dificuldade em reservar hotéis, os quais apresentam baixa disponibilidade e preço muito elevado”.

Em um dos casos mais extremos, uma casa de 800 m² com apenas dois quartos foi anunciada por R$ 202 mil a diária, totalizando mais de R$ 2 milhões pelo período da conferência. Em Ananindeua, cidade vizinha a Belém, uma casa simples para duas pessoas chega a custar R$ 600 mil, ou mais de R$ 50 mil por noite.

O impacto também afeta o setor privado. Em telegrama enviado pela embaixada do Brasil em Londres, o CEO da entidade internacional Climate Action, Nick Henry, relata que vários executivos de empresas sustentáveis consideram desistir da participação. A principal queixa é a ausência de hospedagem a preços razoáveis.

Diante do impasse, o governo federal e o Estado do Pará afirmam estar trabalhando para criar novas alternativas. Estão em andamento obras para construção e reforma de hotéis, adaptação de escolas públicas como hospedarias temporárias e contratação de navios cruzeiros que funcionarão como acomodações flutuantes.

Como forma de aliviar a pressão sobre a chegada das delegações, o governo também decidiu antecipar o encontro de chefes de Estado, que tradicionalmente abre a COP, para a semana anterior ao início oficial, que será entre 10 e 21 de novembro.

Segundo Corrêa do Lago, a Casa Civil lidera um grupo de trabalho para tentar conter os preços, mas a legislação brasileira não permite impor limites à cobrança de tarifas. “O que nos resta é o diálogo”, afirmou.

A COP-30 será a primeira conferência da ONU sobre clima realizada na Amazônia. O evento deve reunir representantes de mais de 190 países, entre chefes de Estado, ministros, diplomatas e integrantes da sociedade civil.