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Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2022 às 09:24
O deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) já tinha a intenção de encontrar a jornalista Vera Magalhães no debate da TV Cultura ocorrido nesta terça-feira, 13. Antes de comparecer ao evento, o parlamentar publicou uma imagem no Twitter questionando: "Será que a Vera Magalhães vem hoje?". Ele abordou a jornalista após o debate e a hostilizou dizendo que ela é uma "vergonha para o jornalismo brasileiro". Alguns apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentam emplacar a alegação falsa de que a profissional recebe "meio milhão de reais por ano" do governo de São Paulo e que, por ter sido contratada na gestão de João Doria (PSDB), ela seria crítica ao chefe do Executivo por motivações políticas. O contrato de Vera Magalhães já foi compartilhado por ela mesma nas redes sociais e escrutinado por agências de checagem. Ela ganha em torno de R$ 200 mil por ano e é contratada pela Fundação Padre Anchieta, que gere a TV Cultura. Os recursos da instituição têm origem na Lei Orçamentária Anual (LOA), que é aprovada pelos deputados da Assembleia Legislativa. Na manhã desta quarta-feira 14, Douglas Garcia disse ter registrado boletim de ocorrência contra Vera por calúnia e difamação por ela ter usado o termo "agressão" para se referir à abordagem. Ele argumenta que foi "questioná-la". A jornalista também afirmou que vai registrar queixa contra o parlamentar. Vera Magalhães virou alvo de bolsonaristas após o presidente Jair Bolsonaro (PL) hostilizá-la no debate presidencial da Band TV, no dia 28 de agosto. Foi o chefe do Executivo quem primeiro a atacou com a frase "você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro", repetida por Douglas Garcia.>
Presidenciáveis condenam Os candidatos à presidência da República lamentaram os ataques. Líder da pesquisa, o petista Lula escreveu que ficou triste com o desrespeito mostrado por Garcia. "Bom dia. Triste com o desrespeito contra a jornalista Vera Magalhães por um deputado bolsonarista no debate de São Paulo. Debates deveriam ser notícia pelas propostas, não por ataques contra mulheres jornalistas, promovidos por quem vive do ódio e não gosta da democracia", escreveu. >
Ciro Gomes (PDT) disse que os ataques chegaram ao "ponto máximo" e devem ser encarados como uma "ação terrorista". "A escalada de ataques de bolsonaristas à jornalista Vera Magalhães já chegou ao ponto máximo, e tem que ser visto como uma múltipla ação terrorista que afronta não apenas uma mulher e jornalista independente, mas toda uma sociedade democrática Os cães raivosos, como Douglas Garcia, não agiriam com tanta desenvoltura se não tivessem, de um lado, o estímulo e o apoio de Bolsonaro, líder da facção, e do outro, a passividade das autoridades. A mesa do Legislativo paulista também não pode ficar em silêncio", disse, nas redes sociais.>
A candidata Simone Tebet, do MDB, deixou sua solidariedade à jornalista. "Solidariedade e indignação. Acordei em Recife/PE com essa barbaridade. Mais uma vez Vera Magalhães sob ataques de bolsonaristas. O comportamento covarde do Presidente é uma licença para esse tipo de absurdo, agora de um parlamentar.Espero que a Polícia Civil de São Paulo, a Assembleia de São Paulo e o Republicanos tomem providências para punir mais essa violência. Abraço e força Vera Magalhães".>