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Wladmir Pinheiro
Publicado em 28 de setembro de 2025 às 17:40
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou que ainda não decidiu se deixará a Corte após encerrar seu mandato como presidente. Ele participou na quinta-feira (25) de sua última sessão no comando do Plenário e passará o cargo ao ministro Edson Fachin nesta segunda-feira (29).>
Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, Barroso disse que avalia diferentes cenários. "Eu, às vezes, tenho a sensação de já ter cumprido o meu ciclo e, às vezes, tenho a sensação de que ainda poderia fazer mais coisas. Estou pesando todos esses fatores", explicou.>
Ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF
O ministro afirmou que sua saída do Supremo é "uma possibilidade, mas não uma certeza". Ele negou que a hipótese esteja relacionada à pressão dos Estados Unidos sobre o STF por causa da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.>
Barroso declarou que não recebeu confirmação sobre eventual cancelamento de visto norte-americano. "Eu tenho preocupação, mas isso não tem nada a ver com ficar ou sair [do STF]", afirmou.>
O magistrado também foi questionado sobre uma possível atuação do STF para impedir que bancos bloqueiem contas de ministros atingidos por sanções da Lei Magnitsky, como ocorreu com Alexandre de Moraes. "Esse problema ainda não se colocou. Então, eu não gostaria de lidar com esse problema em tese", disse. "Devemos enfrentar essa situação com os EUA com altivez, mas sem bravata", acrescentou.>
Ao comentar a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, Barroso criticou a estratégia da defesa e de aliados do ex-presidente. "O papel de dar anistia é uma competência política do Congresso, mas é inaceitável cogitar uma anistia antes, durante ou imediatamente após o julgamento", afirmou.>
O ministro negou ter discutido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a possibilidade de assumir uma embaixada. "Nunca foi aventada a hipótese de eu ir para uma embaixada", garantiu.>
Ao recordar o voto favorável à prisão de Lula em 2018, Barroso reconheceu que "absolutamente" se arrepende da decisão, mas justificou o posicionamento na época.>
"Note-se bem que aquele era um momento que não havia as suspeições que depois vieram a ser levantadas sobre a Lava Jato. E portanto eu apliquei ao presidente Lula, com dor no coração, a jurisprudência que eu tinha ajudado a criar.">